Só uma coisa: porque é que sempre que vejo notícias sobre negociações de paz envolvendo a Ucrânia e a Rússia, elas nunca envolvem a União Europeia? Longe de mim insinuar ser porque uma guerra na Ucrânia, para grande parte dos Starmers e Macrons, é muito preferível à contemplação das respectivas responsabilidades na paz podre em que vivem os seus países.

A verdade pode ser bem mais simples. Por exemplo, no caso destas conversações de paz em Riade, se calhar o príncipe saudita considerou já lá ter criadagem suficiente, podendo abdicar de António Costa para fazer a acta da reunião e servir os chás. E mais ainda para pendurar o blazer nas costas na cadeira, mesmo com falta de chá.

Mas pronto, era só um aparte, que a minha intenção hoje é tranquilizar Francisco Louçã. É que Louçã está de volta às listas do Bloco de Esquerda para as próximas eleições legislativas, candidatando-se como “resposta” a uma “emergência” porque, assegura, “temos um fascista na Casa Branca”.

E eu confesso não perceber esta angústia em relação a Donald Trump. O Trotsky de São Sebastião da Pedreira devia era estar feliz com esta administração americana. Afinal, em dois meses tão supostamente cheios de acção, o Fascista ainda não tentou, nem consta estar em vias de ensaiar, coisas tão elementares para qualquer fascista que se preze como:

Suspender a liberdade de expressão, a liberdade de imprensa e a liberdade de reunião.

O próprio Louçã chama o homem de fascista, à vontadinha, em todos os meios de comunicação que tenha à mão! Acham mesmo que o facho não usaria a CIA para extrair o Louçã da SIC e levá-lo para El Salvador num voo nocturno sem serviço de refeição, queres ver? Extraía, na hora. Depois de informado sobre quem era o Louçã.

Incentivar o encarceramento em massa de opositores políticos, especialmente comunistas e socialistas.

Nem em massa, nem às mijinhas. Nada. Rigorosamente, nada. Pelo contrário. É ver o Bernie Sanders em tournée pelos Estados Unidos da América com a Alexandria Ocasio-Cortez, qual Commies Band, com o velhinho a demonstrar uma condição física que o faz parecer neto do Joe Biden.

Obrigar as escolas a ensinarem a ideologia fascista.

Aqui, então, Trump é o cúmulo do patético. Então o homem precisa das escolas para fascistizar criancinhas ao pequeno-almoço e acaba de transferir a gestão dos estabelecimentos de ensino para os estados, fechando o Ministério da Educação lá do sítio? O exato ministério que andava há 50 anos a desensinar aos catraios que letra vem depois de “A, B…”, mas que podia ser tão eficaz a instrui-los no passo de ganso? Ridículo.

Ou seja, caro Francisco, em termos de extremistas totalitários e aspirantes a tal receio termos de continuar a contemplar os Maduros, os Kim Jong Uns e os Lulas. A boa notícia é que, para si, não será um sacrifício.

A não ser que… A não ser que – quase me esquecia desta cartada. Como é possível? – joguemos o trunfo o “Elon Musk é nazi”. E não serei eu a desencorajar o uso deste ás, quando nem os factos desencorajam ninguém de o usar. Factos? Mais quais factos?

O facto de Musk ter visitado Israel após os ataques do Hamas a 7 de outubro de 2023, tendo comprovado a devastação ao lado o primeiro-ministro israelita e tendo estado com o presidente de Israel?

Ou o facto de, no ano passado, ter marcado presença em Auschwitz, na companhia de sobreviventes do Holocausto, numa visita organizada pela Associação Judaica Europeia e durante a qual afirmou ser um “judeu aspiracional”?

Ou talvez o facto de usar uma chapa ao pescoço com a inscrição “Bring Them Home”, em solidariedade para com as famílias israelitas que tentam, ainda hoje, libertar os seus netos, filhos, pais e avós levados como reféns pelo Hamas? Não? São factos fraquinhos que não convencem, não é? Foi o que imaginei e por isso termino por aqui o rol.

Mas não termino sem antes salientar que este regresso à vida partidária de Francisco Louçã quase coincidiu com o regresso aos grandes ecrãs d’ A Branca de Neve. São dois remakes com pelo menos uma semelhança: a Branca de Neve já não tem os sete anões e o BE se vier a ter três deputados e meio já é uma sorte.