“Este é o acordo”, disse, várias vezes, António Costa, em declarações ao jornalistas a partir de Bruxelas. Reiterando a ideia já deixada por Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, e por Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, o primeiro-ministro português garantiu que “não há acordo alternativo”.
“Não há alternativas, este é o acordo. E ainda por cima é um bom acordo para ambas as partes”, disse António Costa. “As alternativas foram testadas ao longo do meses.” O primeiro-ministro lembrou que o acordo do Brexit, que teve luz verde este domingo, foi resultado de “muitos meses de duras negociações” e que “muitos julgavam que não pudesse ser concluído”.
Em relação a Portugal,o primeiro-ministro garantiu que era um acordo “absolutamente satisfatório”. “Protege todos os direitos dos cidadãos portugueses residentes no Reino Unido, ou que venham a residir até 31 de dezembro de 2020, assim como garante os direitos de todos os cidadãos britânicos residentes em Portugal.”
Esta é a solução que melhor protege os direitos e os interesses dos Portugueses no RU, a nossa principal prioridade nestas negociações. A relação futura será baseada numa sólida cooperação económica, na segurança e na defesa e na afirmação dos princípios do multilateralismo. pic.twitter.com/HTNZcql6Z7
— António Costa (@antoniocostapm) November 25, 2018
Questionado sobre alternativas ou outros cenários, caso o acordo do Brexit não seja aprovado pelo Parlamento britânico, António Costa reforçou que os cenários foram todos apresentados durante as negociações e que “numa negociação o que importa é o resultado final” — neste caso o acordo agora validado. “Tudo o resto são fantasias.”
O primeiro-ministro espera que o acordo seja aprovado pelo Parlamento britânico, porque uma saída desordenada seria uma “tragédia” tanto para o Reino Unido como para a União Europeia. E garantiu que todos os Estados-membros e mesmo Theresa May saíram da cimeira satisfeitos com o resultado.
Perante a insistência dos jornalistas em relação à possibilidade do Parlamento britânico não aprovar o acordo ou o Reino Unido ter de pedir o adiamento da data de saída, António Costa respondeu já um pouco exaltado que “não vale a pena antecipar” e lembrou qual era a notícia do dia: “por unanimidade, o Conselho Europeu endossou favoravelmente este acordo”. “Depois havemos de ter mais notícias, porque todos os dias têm várias emissões de telejornais para fazer.”
Conselho Europeu aprovou o Brexit. Conheça os cinco pontos fundamentais do acordo
As negociações excecionais da saída de um Estado-membro
“Este Conselho Europeu é uma etapa importante. Devemos daqui retirar todas as ilações”, disse Emmanuel Macron, Presidente francês, à saída da cimeira que validou o acordo de saída do Reino Unido da União Europeia. “[O Brexit] demonstra que a nossa União Europeia tem uma componente de fragilidade, que pode ser melhorada”, disse, em relação à primeira saída de um Estado-membro, que sublinhou ser um grande parceiro. “A UE deve ser reformulada pelos nossos cidadãos.” Uma medida que, defendeu, deve marcar o debate das próximas eleições europeias.
“O acordo que foi alcançado, em respeito pela vontade demonstrada pelo povo britânico, é na minha opinião um bom acordo, e eu apoio-o. Desejo que possamos abordar também a relação futura com o Reino Unido, uma relação que ainda terá de ser definida, e que será trabalhada nos próximos meses, espero eu que com o mesmo método.”
LIVE l Déclaration après le Conseil européen sur le Brexit. #COEUhttps://t.co/Pbyor6CaK6
— Emmanuel Macron (@EmmanuelMacron) November 25, 2018
A excecionalidade do momento e as complexas negociações levaram Angela Merkel, chanceler alemã, a considerar o acordo do Brexit como uma “obra-prima diplomática”. Apesar de lembrar que este acordo representa uma “separação”, Merkel disse que a declaração política também prevê uma “relação muito próxima” com o Reino Unido. “Para um Estado não-membro da UE, nunca houve uma relação tão intensa como esta.”
Sobre as negociações que a primeira-ministra britânica terá de enfrentar no Parlamento no Reino Unido, Merkel considera que “Theresa May vai fazer tudo para cumprir a parte dela. Do lado da Europa, ficarão outros assuntos por resolver e negociar mais parte como a política das pescas.
Todas as partes se felicitaram com o acordo conseguido, mas também se replicaram as notas de pesar pela perda de um Estado-membro. “É um dia triste. Ver um país como a Grã-Bretanha — embora dissesse isto sobre qualquer outro país — sair da União Europeia não é um momento de júbilo ou celebração. É um momento triste, uma tragédia”, disse Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia.
Ahead of us is the difficult process of ratification as well as further negotiations. But regardless of how it will end, one thing is certain: we will remain friends until the end of days, and one day longer. #Brexit
— Charles Michel (@eucopresident) November 25, 2018
Nas várias publicações feitas no Twitter, Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, reforçou que o Reino Unido e a União Europeia e assim devem ficar. “Friends will be friends, right till the end”, disse citando Freddie Mercury. Acrescentando que “vão continuar amigos até ao final dos dias e um dia depois disso”.
Atualizado às 13 horas