À partida para a última jornada, havia duas certezas no grupo C: o Peru estava eliminado dos oitavos de final (mas ainda podia ter interferência no desfecho) e a França estava apurada. Mas havia outras tantas dúvidas: em que lugar passaria a seleção gaulesa e quem lhe faria companhia (entre Dinamarca e Austrália). Feitas as contas, a equipa comandada por Didier Deschamps acabou por garantir o primeiro lugar, fruto do empate a zeros com a Dinamarca — o primeiro jogo sem golos deste Mundial — e a seleção nórdica fez-lhe companhia, carimbando a presença nos oitavos 16 anos depois (é a quarta vez que o consegue, em cinco participações na prova). A Austrália, que tinha ainda hipóteses de se qualificar, nem conseguiu fazer cócegas à Dinamarca: acabou derrotada pelo irreverente Peru, por 2-0.
No jogo grande da última jornada do grupo, Deschamps mostrou logo ao que vinha. Deixou seis jogadores titulares no último jogo com o Peru a ver a partida do banco: Lloris, Pavard, Umtiti, Pogba e Mbappé, e Matuidi. E o espetáculo foi pobre. Muito pobre. Daqueles capazes de abrir bocejos nas bocas de quem os vê. Daqueles capazes de ser candidatos a pior jogo, até ao momento, na prova. Não só por lhe faltarem algumas estrelas, mas sobretudo pela postura das duas equipas, demasiado confortáveis com o que aquele 0-0 inicial lhes trazia. A Dinamarca ainda tinha o primeiro lugar à vista se conquistasse os três pontos, mas nem isso apimentou o encontro. As duas formações trocavam a bola a meio campo e a profundidade com ela nem vê-la. É que não houve uma oportunidade realmente digna desse nome a registar. O jogo terminou com uma enorme assobiadela do público, a contrastar com o sorriso nos dois bancos.
E se é difícil de compreender por que raio a Dinamarca não tentou realmente alcançar o primeiro lugar do grupo, fica também a perplexidade face à pouca vontade demonstrada pela Austrália — que tinha reais ambições de se apurar — frente ao Peru. O jogo já não contava para o Totobola da seleção sul-americana, mas houve a alegria e a irreverência que já tinha demonstrado diante da França. Carrillo, com um grande remate à entrada da área (sem dúvida o melhor momento dos dois jogos) e Paolo Guerrero (o mais velho jogador a marcar pelo Peru num Mundial, com 34 anos, 5 meses e 26 dias), num remate à meia-volta, fizeram o 2-0 final e deram ao Peru a primeira vitória num Mundial em 40 anos (após jejum de nove jogos).
⚠️40 anos depois o ????????Peru vence um jogo [????????Austrália 2-0] no ????Campeonato do Mundo. Foi um jejum de 9 jogos sem vencer, o último triunfo dos peruanos tinha sido frente ao ????????Irão [4-1] com hattrick de ????????Cubillas pic.twitter.com/nhM0msuOVj
— Playmaker (@playmaker_PT) June 26, 2018
Feitas as contas, os dois apurados vão cruzar-se, nos oitavos de final, com os dois primeiros do Grupo D. Tudo para ficar decidido esta terça-feira, a partir das 19h, com o Nigéria-Argentina e o Islândia-Croácia.