Dois treinadores, dois resultados diferentes na jornada anterior, dois momentos distintos, a mesma ideia. É certo que o Boavista pode ter sido goleado no Dragão frente ao FC Porto naquele que foi o resultado mais desnivelado no dérbi este século, é certo que o Santa Clara pode ter ganho na Luz ao Benfica naquela que foi a primeira vez em que uma equipa visitante marcou quatro golos aos encarnados desde 1997, mas o lançamento do encontro que arrancou com a 29.ª jornada teve o condão de ser marcado pela tentativa de apagar (sem esquecer) o que se passou antes e começar a escrever o que se pode passar daqui para a frente. Quer entre vencidos, quer entre vencedores.
BOA-STA, faltam 0’
Golos nos jogos entre eles no Bessa (só 1.ª divisão)
????Whelliton
????Rogério
❤️Idrissi
????Serginho
????Alexandre Goulart
????Silva
????Rafael Costa— Rui Miguel Tovar (@ruimtovar) June 28, 2020
“Demos três passos à frente nos jogos anteriores depois da retoma e agora um passo atrás pela segunda parte que fizemos no último jogo. Não pela primeira, que foi boa. Se 35 pontos chega para garantir a manutenção? Não chega e, por isso, são sinais de alerta para dentro. Quem não estiver a pensar assim, está errado. Portanto, tem de haver exigência máxima até ao último dia, sem ‘ses'”, destacou Daniel Ramos, técnico do Boavista, destacando o trabalho feito antes do dérbi – e também na metade inicial do dérbi, embora convenha recordar que os axadrezados só tocaram uma vez a bola na área portista… – e frisando que a permanência não está assegurada, entre elogios ao Santa Clara: “É uma equipa sólida, com comportamentos bem definidos e que vem de um resultado excecional. Tem sido sempre uma equipa, em casa e fora, que concede e cria oportunidades, que se predispõe a fazer um jogo na procura do golo, que não é uma equipa de espera, que se mostra de forma ativa”.
«O que fizemos na Luz foi realmente histórico mas já passou, está fechado. Fica para as nossas memórias mas não é isso que vai alimentar-nos para fazermos mais jogos até ao final. Temos de trazer primeiro toda a gente à terra e isso neste grupo de trabalho é fácil fazer. Estamos conscientes de que o sétimo lugar está muito perto e é disso que vamos à procura, de melhorar, jornada a jornada, a nossa posição. Não dependemos de nós para ficar em sétimo mas a nossa parte vai ser feita”, salientou João Henrique, treinador do Santa Clara, avisando que a equipa teria de continuar com a mesma postura para somar novo triunfo no Bessa: “O jogo terá características completamente diferentes. Vai ser um bom jogo, competitivo, intenso. A equipa do Boavista tem vindo a demonstrar qualidade, tem vindo a demonstrar que é uma equipa muito agressiva com e sem bola.
???????? Boavista ???? Santa Clara
Lucas Tagliapietra ???????? não jogava desde Fevereiro mas regressou em grande nível ⭐️#LigaNOS #BFCCDSC #RatersGonnaRate pic.twitter.com/lb9war9p3x
— GoalPoint (@_Goalpoint) June 28, 2020
Ficha de jogo
↓ Mostrar
↑ Esconder
Boavista-Santa Clara, 1-0
29.ª jornada da Primeira Liga
Estádio do Bessa, no Porto
Árbitro: André Narcisco (AF Setúbal)
Boavista: Helton Leite; Carraça, Fabiano, Lucas, Marlon; Ackah, Paulinho (Ricardo Costa, 90′); Gustavo Sauer (Obiora, 76′), Bueno (Heriberto, 76′), Fernando Cardozo (Mateus, 90′) e Cassiano (Stojiljkovic, 81′)
Suplentes não utilizados: Bracali, Dulanto, Idris e Yusupha
Treinador: Daniel Ramos
Santa Clara: Marco; Sagna, João Afonso, Fábio Cardoso, Mamadu Candé; Costinha (Diogo Salomão, 71′), Francisco Ramos, Nené (Osama Rashid, 59′), Zaidu (Carlos Júnior, 59′); Cryzan (Thiago Santana, 59′) e Lincoln (Zé Manuel, 71′)
Suplentes não utilizados: Rodolfo; Rafael Ramos, César e Anderson Carvalho
Treinador: João Henriques
Golo: Lucas (14′)
Ação disciplinar: cartão amarelo a Cassiano (11′), Osama Rashid (62′), Paulinho (64′), Ackah (73′) e Fábio Cardoso (88′)
No final, o jogo não foi tão bom como se dizia na antevisão. Competitivo e intenso sim, com muita batalha a meio-campo, mas com grande qualidade nem por isso. Imperou o golo de Lucas, o gigante central que foi à área dos açorianos aproveitar a defesa à zona onde estava Francisco Ramos para subir mais alto e marcar; imperou o rigor tático e organização coletiva dos boavisteiros que apenas nos 15 minutos que se seguiram ao 1-0 conseguiu ser realmente ameaçada; imperou o exemplo que veio do capitão, Carraça – não marcou, não assistiu mas foi sempre o elemento a puxar pela equipa e o que melhor demonstrou a veia guerreira determinante para a vitória.
O Boavista teve uma entrada melhor, mais subida e com mais vontade – até excesso de vontade, como se viu num lance entre Cassiano e Marco em que o avançado axadrezado acertou de forma perigosa no joelho do guarda-redes que até podia ter custado mais do que o cartão amarelo (11′). Era de bola parada que os boavisteiros se acercavam com mais perigo e foi num lance de estratégia que conseguiram mesmo inaugurar o marcador, aproveitando uma lacuna que já tinha sido vista pelos açorianos na Luz: Bueno colocou a bola no meio da defesa à zona do Santa Clara e Lucas saltou mais alto para desviar de cabeça e marcar um golo validado por apenas 17 centímetros (14′).
[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Boavista-Santa Clara em vídeo]
Enquanto o árbitro e o VAR esperavam pelas linhas do fora de jogo, João Henriques colocava a mão na cara por ter sofrido mais um golo de bola parada mas a equipa acabou por não acusar a desvantagem e teve depois 15 minutos onde foi melhor, teve mais posse e conseguiu ir criando oportunidades para um empate que se poderia justificar ao intervalo, com Francisco Ramos a deixar a primeira ameaça de meia distância (19′) antes de João Afonso acertar na trave de cabeça após canto também por influência de Helton Leite, que não só desviou a primeira tentativa como conseguiu depois fazer uma grande defesa à recarga de Francisco Ramos (23′). Carraça, que voltou a ser um dos melhores do Boavista, ainda teve um remate com perigo ao lado mas foram os açorianos a conseguirem dominar mais o encontro até ao intervalo perante um adversário que acertou melhor as marcações.
O intervalo chegou e acabou por ser melhor para o Boavista do que para o Santa Clara, que continuou a ter mais posse do que os axadrezados mas sem entrar com perigo no último terço perante um adversário que recuperou o melhor que teve no Dragão durante a primeira parte, conseguindo anular quase por completo os pontos fortes dos açorianos sem ter no entanto a capacidade de construir com a mesma qualidade que já teve nos primeiros jogos depois da retoma. Assim, e em dois momentos, João Henriques começou a lançar a artilharia pesada que tinha no banco: Osama Rashid, Carlos Júnior e Thiago Santana aos 60′, Diogo Salomão e Zé Manuel aos 71′.
Percebendo que no plano ofensivo a equipa também não tinha argumentos, Daniel Ramos foi mexendo para dar outras soluções na frente mas com a entrada de Obiora deu um sinal para o último quarto de hora de que preferia um meio-campo mais de batalha do que de construção para a parte final, na tentativa de pelo menos aguentar a vantagem pela margem mínima que tinha sido alcançada no quarto de hora inicial. A qualidade do jogo, que estava já a cair desde a primeira parte, foi continuando a afundar-se, os minutos foram passando e o Boavista conseguiu mesmo conquistar os três pontos, igualando assim os açorianos na tabela classificativa.
???????? FINAL | Boavista ???? Santa Clara
Vitória boavisteira após derrota no Dragão, frente a açorianos que perdem após vencerem na Luz ????
Ratings em https://t.co/POwdN5xS9k???? Powered by @betpt#LigaNOS #BFCCDSC #BoavistaFC #BravosAçorianos pic.twitter.com/EwinKK8Y4i
— GoalPoint (@_Goalpoint) June 28, 2020