Derrota com Eibar na Liga após uma má exibição, eliminação com o Cultural Leonesa (do terceiro escalão) na Taça do Rei após uma exibição ainda pior. O Atl. Madrid andou sempre no fio da navalha e até mesmo quando ganhava tinha dificuldades em convencer. Numa semana, o cenário mudou. Ou piorou. E com dois nomes à cabeça entre os “culpados” para o pior momento da era “Cholismo” nos colchoneros desde 2011.

Longe do primeiro lugar, longe dos objetivos, com Simeone a afastar-se: Atl. Madrid eliminado da Taça do Rei por equipa da terceira liga

O jornal Marca fez esta semana um extenso levantamento dos grandes problemas que têm assolado a equipa ao longo da temporada, da falta de golos (sobretudo depois da lesão com gravidade de Diego Costa) à inexistência de criatividade do meio-campo para a frente, passando pelas funções quase contra natura de João Félix em campo e pela quebra de intensidade num jogo coletivo que só não se ressente menos porque Oblak, agora capitão perante a ausência do médio Koke (que também faz muita falta), tem salvo a equipa em muitas ocasiões. Na sondagem feita pela publicação, João Félix (54%) e Diego Simeone (20%) corporizavam esta crise do Atl. Madrid.

“A eliminação da Taça foi um golpe inesperado para todos. Compreendo perfeitamente e partilho a desilusão dos nossos adeptos mas não devemos analisar a situação do clube com base na dor dos últimos resultados. Devemos ser responsáveis e valorizar o que somos e o que alcançámos com estes jogadores e com esta equipa técnica. Quanto mais duvidam do nosso trabalho, mais fortes e unidos ficamos. Conquistámos nove títulos e consolidámo-nos como uma das melhores equipas da Europa. A qualidade e o comprometimento do plantel e da equipa técnica, com Simeone no comando, é inquestionável e não tenho dúvidas de que eles vão ajudar-nos a atingir os objetivos traçados”, defendeu Miguel Ángel Gil Marin, diretor executivo, numa carta aberta aos sócios.

Félix teve pouco brilho, Simeone sofreu um apagão e o Atl. Madrid voltou a desligar a luz dos resultados

No entanto, as dificuldades no Wanda Metropolitano são evidentes e a receção ao último classificado Leganés voltou a mostrar o momento complicado que a equipa atravessa. Apesar das contratações cirúrgicas para as saídas de Griezmann (João Félix), Filipe Luís (Renan Lodi), Godín (Felipe), Lucas Hernández (Mario Hermoso) e Rodri (Marcos Llorente e Herrera), a que juntou ainda um novo lateral direito (Trippier), a equipa nunca conseguiu interpretar as principais essências em termos de ideia e modelo de jogo que colocou o Atl. Madrid próximo do patamar de Barcelona e Real Madrid não só em termos internos (campeão em 2013/14, segundo classificado em 2017/18 e 2018/19 e vencedor de mais uma Taça do Rei e de uma Supertaça) mas também no plano internacional (finalista vencido da Champions em 2014 e 2016, vencedor da Liga Europa e da Supertaça Europeia em 2012 e 2018). Tudo tem um prazo de validade no futebol e o Cholismo 2.0 continua sem programação.

Aliás, no nulo com o Leganés em casa, até foram os visitantes a terem as oportunidades mais flagrantes, sempre com Oblak a corrigir uma série de erros coletivos de transição e Thomas Partey a servir de pronto-socorro a tentar apagar fogos atrás e à frente. De resto, muita desinspiração, muitas falhas e muitos nervos num final de um jogo sem golos mas que terminou com Cuéllar a ser expulso por protestos da baliza do Leganés e o ex-lateral esquerdo argentino do Sporting Jonathan Silva a fazer o último minuto de descontos como guarda-redes antes de mais assobios e contestação a um Simeone que vive a fase mais complicada desde que assumiu o comando em 2011.