Terminou a ronda inaugural do Mundial 2018 e os amantes de futebol não se podem queixar de falta de golos ou de ação. Foram 16 jogos divididos por oito grupos, que resultaram em 13 vitórias e três empates, 38 golos e mais de um milhão de espetadores a encherem os estádios russos. Houve surpresas, confirmações, autogolos e golões; história foi escrita, recordes foram batidos e tradições fizeram-se cumprir. O Observador apresenta-lhe as sete maravilhas da primeira ronda do Mundial:

Principais favoritos não entram a ganhar

À partida para a principal competição de seleções, eram três os principais favoritos à vitória: Alemanha, Brasil e Espanha. O mundo esperava um início vitorioso dos candidatos ao título, mas tal não se verificou. A principal surpresa foi a derrota alemã frente ao México (1-0), na jornada inaugural do grupo F. Também os anfitriões do último Mundial, o poderoso pentacampeão Brasil, não tiveram o arranque desejado ao empatar a uma bola com a Suíça, formação que já tinha dificultado a vida de Portugal na qualificação e que entrou a bater o pé à formação canarinha.

Tarefa menos facilitada tinha a Espanha, que se estreou frente à Seleção Nacional, e não foi além de um empate a três, muito graças ao histórico hat-trick de Cristiano Ronaldo. A este lote pode ainda juntar-se a Argentina, formação do astro Messi, que entrou no Mundial com o pé esquerdo e viu a surpreendente Islândia arrancar um precioso empate a um golo.

Cumpre-se maldição do Campeão do Mundo

Nas últimas cinco edições da prova, apenas por uma vez o campeão do Mundo em título entrou no torneio a vencer. Em 2002, depois de França se sagrar campeã do Mundo em casa, os gauleses viajaram até à Coreia do Sul/Japão, onde se estrearam na prova frente ao Senegal. A estreia foi de má memória para os franceses (tal como todo o Mundial, diga-se) e os campeões do Mundo não foram além da fase de grupos.

Melhor sorte teve o Brasil, que se estreou frente à Croácia com uma vitória por 1-0, no Mundial disputado em terras alemãs. A formação brasileira foi, aliás, a única a vencer na jornada inaugural com o estatuto de campeão, já que, quatro anos depois, a Itália (campeã na célebre final que marcou a despedida de Zidane dos relvados) entraria em campo contra o Paraguai e não faria melhor do que uma igualdade a um golo. Mais chocante foi a estreia espanhola no último campeonato do Mundo: pesada derrota por 5-1 às mãos da Holanda, com os nossos vizinhos a ficarem no último posto do seu grupo.

Em 2018, a campeã em título era a Alemanha e a maldição voltou a cumprir-se: os germânicos foram derrotados pelo México (1-0) e tornaram-se no segundo campeão do Mundo consecutivo a entrar a perder em Mundiais.

Autogolos decidem partidas

Em 16 jogos da primeira ronda do Mundial, registaram-se quatro autogolos, sendo que três foram decisivos para o vencedor da partida (de realçar que a segunda jornada começou também com um autogolo do egípcio Fathi, abrindo o marcador a favor da Rússia). Tudo começou no grupo B, o de Portugal, no jogo entre Marrocos e Irão. Quando já todos esperavam o empate, Bouhaddouz desviou um cruzamento com a direção errada e assinou o primeiro autogolo da competição, oferecendo a vitória à seleção de Carlos Queiroz (1-0).

Seguiu-se o autogolo de Behich, internacional australiano azarado, que transformou um toque pouco intencional de Pogba num golo para a formação gaulesa (na altura, seria o 2-1 para a França, aos 81′). A FIFA começou por atribuir o golo ao médio do Manchester United, mas, mais tarde, viria mesmo a penalizar Behich e “oferecer-lhe” uma mancha no currículo. No mesmo dia, o ex-Feirense Etebo entrava na história pelos piores motivos e inaugurava o marcador na partida frente à Croácia, a favor da formação europeia. Os croatas viriam a ganhar por 2-1, num encontro onde acabaram com… dois remates à baliza.

Já no último dia da primeira ronda, Polónia e Senegal encontraram-se e Cionek abriu o marcador para o Senegal. O defesa polaco desviou a bola para o fundo das suas próprias redes e ajudou a equipa africana a vencer por 2-1, em partida a contar para o grupo H.

Primeira vitória asiática sobre sul americanos

Pela primeira vez num Campeonato do Mundo, uma seleção asiática venceu uma equipa sul americana. Coube ao Japão a proeza de entrar na história do seu continente e dos Mundiais ao vencer a Colômbia por 2-1, na partida inaugural do grupo H. Em 18 jogos já disputados anteriormente entre seleções asiáticas e sul americanas (CONMEBOL), tinham-se registado 15 vitórias sul americanas e três empates.

Mais golos de bola parada do que em jogo corrido

A ronda inaugural do Mundial contou com 38 golos em 16 partidas. Desses, apenas 18 foram apontados na sequência de jogadas de bola corrida; os restantes 20 (!) nasceram de lances de bola parada. Foram quatro golos de livre direto (Golovin, Cristiano Ronaldo, Kolarov e Quintero), nove criados a partir de pontapés de canto e sete assinados através da marca da grande penalidade.

Aliás, em 16 jogos já se assinalaram nove grandes penalidades, com duas a serem desperdiçadas (Messi e Cueva). Um número elevado quando comparado com o Mundial de 2014, onde houve apenas 13 grandes penalidades assinaladas e uma falhada…

Festa japonesa conquistada que estava a primeira vitória de um país asiático sobre uma equipa sul americana em campeonatos do Mundo (Créditos: Getty Images)

VAR

Pela primeira vez na história de um Mundial, o video-árbitro faz parte da ficha de jogo e já foi chamado a intervir por duas vezes. Foi esta inovação tecnológica que permitiu à França adiantar-se no marcador frente à Austrália ao assinalar a grande penalidade que viria a ser convertida por Griezmann. Também na vitória sueca por 1-0 sobre a Coreia do Sul o VAR interviu e apontou para a marca de penalty. Granqvist não vacilou e ofereceu a vitória à Suécia.

Mas houve casos onde o VAR deveria ter intervido e não o fez. No lance do primeiro golo de Diego Costa frente a Portugal, fica a ideia de que o avançado espanhol cometeu falta sobre Pepe no início do lance, mas o árbitro nada viu e o VAR nada fez para o corrigir. O Brasil também se pode queixar da não atuação do video-árbitro na sua partida, já que o lance que carimbou o empate da Suíça é precedido de fora de jogo. Mais uma vez, o VAR nada fez.

Ronaldo para a história

Cristiano Ronaldo juntou-se a Pelé, Klose e Uwe Seeler ao alcançar o registo de marcar em quatro Mundiais. O capitão português assinou o primeiro hat-trick sofrido pela Espanha em campeonatos do Mundo e marcou tantos golos numa partida como os que tinha apontado na principal prova de seleções até então (3).