Se o silêncio seria difícil de adivinhar, a errância no percurso começou a ser fácil de prever logo a seguir à edição de The Miseducation of Lauryn Hill, único álbum a solo e de estúdio de Lauryn Noel Hill, lançado a 25 de agosto de 1998. Faz este sábado 20 anos.
É factual que, quando o disco saiu, foi um exemplo raro de aclamação do público, indústria musical e crítica, em semelhante medida (apesar das reticências de poucos órgãos de comunicação social, que o tempo ajudou a desvalorizar). Com cinco prémios Grammy conquistados e dez nomeações, Hill ascendeu ao topo da tabela dos discos mais vendidos nos EUA (um milhão de cópias em menos de um mês) e ao estatuto de rainha de um novo R&B, que começava a solidificar-se, e ao qual Beyoncé e Rihanna deram seguimento. Mas, já então, bastava estar atento aos sinais para anteciparmos um percurso pouco linear para a cantora, compositora e produtora musical nascida em Nova Jérsia, há 43 anos.
Quem lesse a entrevista que Lauryn Hill deu à revista Rolling Stone, logo depois de editar o álbum, perceberia rapidamente que as regras não tinham sido feitas para ela. “Se parasse de gostar disto, poderia simplesmente desistir. Não quero nunca que a indústria me mova, quero movê-la”, disse. Um ano depois, nova tirada para os mais atentos: “Toda a gente me pergunta o que vou fazer a seguir. Neste momento, estou focada em ser uma boa mãe. Se conseguisse sê-lo, já ficaria muito, muito feliz.”
If you looking for the answers
Then you gotta ask the questions
And when I let go, my voice echoes through the ghetto
Sick of men trying to pull strings like Geppetto
Why black people always be the ones to settle?
March through these streets like Soweto, uhh
(“Forgive Them Father”, Lauryn Hill)
Vinte anos depois, sem mais nenhum disco de estúdio no currículo, com milhões de euros gastos em sessões de gravação infrutíferas, com uma passagem pela prisão e um silêncio motivado pela recusa em dar entrevistas gratuitas (chegou a pedir 10 mil dólares a uma revista para responder a perguntas), Lauryn Hill continua a ser um enigma e a justificar artigos, elogios e atenção da imprensa e do público. Há ainda uma digressão comemorativa dos 20 anos do álbum, planeada para este ano, que já deveria estar a decorrer não fosse o adiamento de três concertos e o cancelamento de outros sete, entre julho e agosto. Portugal não está incluído no roteiro, ao contrário de França, Escócia, Inglaterra, Irlanda, Holanda, Dinamarca, Suécia e, claro, Estados Unidos da América. Se a carreira da cantora for tida em conta, não é de excluir que Lauryn Hill possa não dar nenhum dos 26 concertos agendados até dezembro.
O que andou Lauryn Hill a fazer nos últimos 20 anos? Na música, não fez muita coisa. Gravou um álbum ao vivo, MTV Unplugged, em 2002, que poucos ouviram e de que quase ninguém gostou. Deu concertos — poucos — e bastantes menos do que os que teve agendados, porque tornou-se um hábito cancelar atuações em cima da hora. Em 2013, passou três meses na prisão por fugir aos impostos e por demorar a pagá-los, mesmo depois de ter sido condenada e notificada pelos tribunais. E anunciou por diversas vezes estar a “trabalhar em música nova”, chegando a agendar sessões de gravação milionárias que não resultaram em nada.
Talvez os conflitos interiores de Lauryn Hill tenham começado com os choques entre a cantora e a banda com a qual gravou as canções de The Miseducation of Lauryn Hill, chamada New Ark. No álbum, que tinha como convidados o guitarrista Carlos Santana e os cantores D’Angelo e Mary J. Blige — e que misturava soul, R&B, hip hop, funk e até reggae — Lauryn Hill foi creditada como compositora e produtora musical da totalidade das canções. Os músicos que a acompanhavam e que tocaram no disco, Vada Nobles, Rasheem Pugh, Johari Newton e Tejumold Newton, decidiram processá-la, alegando também terem sido autores de algumas canções.
A batalha jurídica foi desgastante e só terminou com um acordo extrajudicial, que terá compensado os músicos em cinco milhões de dólares, quase 4,4 milhões de euros à taxa de câmbio atual. Num dos mais completos artigos publicados sobre a cantora, que citava numerosas fontes (não identificadas) próximas da família e círculo de amigos de Lauryn Hill, escreveu-se que esse foi um golpe enorme. “Foi o começo de um conjunto de acontecimentos que tornariam tudo um pouco louco”, afirmou “um amigo”.
A confiança e imagem pública eram coisas que Lauryn Hill não queria, de maneira alguma, perder. Um pouco à imagem de Aretha Franklin, para quem escreveu, que homenageou na hora da morte e que a inspirava por ser uma referência da música soul, género musical que “aponta e almeja ao coração” e que é “honesto”, segundo Hill. Tal como “a rainha da soul”, também Lauryn não queria que ninguém duvidasse de que era uma artista de corpo inteiro. Aretha cantou sobre “pedir apenas algum respeito”, Lauryn cantou sobre “o respeito ser apenas o mínimo dos mínimos, baby“. Lauryn Hill não queria ser apenas a voz bonita que acompanhava Wyclef Jean e Pras Michel no muito bem sucedido grupo de hip hop e soul The Fugees, revelaram amigos da cantora à revista Rolling. Queria ser artista de corpo inteiro, cantora e compositora. Era esse o grande objetivo, quando se lançou a solo.
— Ms. Lauryn Hill (@MsLaurynHill) August 16, 2018
O que veio depois da batalha jurídica conhece-se sobretudo através de relatos alheios, já que Lauryn Hill evitou tanto quanto possível as câmaras e microfones desde aí. Um amigo da cantora, não identificado, ensaiou uma explicação para o desaparecimento da cantora da esfera pública, em declarações à Rolling Stone: “Acho que a Lauryn cresceu a desprezar o que a Lauryn Hill era. Não que ela se despreze a si mesma enquanto ser humano, mas enquanto super estrela internacional e rapariga de capa de revista que era, e que não podia sair de casa ligeiramente despenteada ou em pior estado fosse quando fosse. Porque Lauryn é tão perfecionista e queria tanto dar aos fãs o que eles queriam que uma simples ida à mercearia tinha de ser feita com os saltos altos e as calças de ganga certas. (…) A Lauryn pôs muita pressão nela própria depois de todo aquele sucesso. Um dia, simplesmente, disse: que se lixe”.
Apesar de não se saber quem era o tal amigo, um antigo manager da cantora e compositora, Jayson Jackson, corroborou a versão em on à imprensa norte-americana, dizendo algo de muito parecido: “A Lauryn não podia ir à mercearia sem maquilhagem e acho que isso teve um efeito negativo nela”.
A reclusão foi a solução encontrada para lidar com aquilo que o rapper e amigo Talib Kweli disse, numa canção que gravou, serem “os demónios” de Lauryn Hill (“The industry was beating her up / then those demons started eating her up”). Ao surgimento dos tais demónios, não terá ajudado a presença de um conselheiro e líder espiritual que Lauryn Hill conheceu em 2000, dois anos depois da edição de The Miseducation of Lauryn Hill. Mal conheceu o “Irmão Anthony”, como se apresentava, a cantora despediu a sua equipa de managers, os colaboradores que geriam a sua carreira. A música passou para segundo plano e Lauryn Hill passou a dedicar-se a estudar a Bíblia com esta figura que poucos conhecem. Juntavam-se “duas ou três vezes por semana” e eram “inseparáveis”.
Now, now, how come your talk turn cold?
Gain the whole world for the price of your soul
Tryin’ to grab hold of what you can’t control
Now you all floss, what a sight to behold
Wisdom is better than silver and gold
I was hopeless, now I’m on hope road
(“Lost Ones”, Lauryn Hill)
A versão mais simpática sobre a relação de Lauryn Hill e o seu conselheiro espiritual é a de que a cantora aprendeu com ele que “pode ser quem quiser, porque não deve nada aos fãs”, já que “Deus não nos criou para nos sentirmos em dívida para com outras pessoas e para as entreter”. A própria Lauryn Hill chegou a elogiar publicamente este guru espiritual, dizendo à MTV, depois de gravar um concerto para a estação de televisão norte-americana, que tinha “conhecido alguém que tem uma compreensão da Bíblia como nenhuma outra pessoa que tenha conhecido ao longo da vida“. Porém, a versão menos simpática, difundida por fontes próximas de Lauryn Hill, sugeria que o “Irmão Anthony” era uma influência prejudicial, alguém que era “possessivo, agressivo e assustador” e que era um “fala barato”.
Pras Michel, que integrava a banda Fugees com Lauryn Hill, no início de carreira da cantora, e que se manteve minimamente próximo da artista depois do grupo terminar, a falta de apoio que Lauryn sentiu quando se lançou a solo foi um dos motivos para o ressentimento com que passou a viver: “Houve muitas coisas que ela não fez por causa do grupo. Depois, ir trabalhar a solo e não sentir apoio das pessoas que antes tinha apoiado, poderá ter tido um impacto mentalmente forte. Traz alguma animosidade, alguma amargura”. Entre essas pessoas estará Wyclef Jean, antigo elemento dos Fugees, que se acreditava ter namorado com a cantora e que sempre se opôs à sua carreira a solo. A banda chegou a tentar uma reunião de regresso, mas resultou apenas num par de concertos, por causa das divergências que existiam na banda. Alegadamente Lauryn Hill exigia ser tratada por “Miss Hill”, inclusivamente pelos companheiros de banda.
Ainda assim, a influência do “Irmão Anthony” não escapou às críticas do antigo membro dos Fugees. Disse Pras Michel: “Definitivamente, estava num mundo diferente. Tenho uma cassete com um sermão dele e aquilo é doentio. Deu-me a volta à cabeça, nem consigo explicar. Era uma coisa estranha, meu, uma coisa típica de cultos. Ouvia a cassete e não conseguia acreditar que o tipo estava a falar a sério. Dizia coisas como: entrega todo o dinheiro que tens. Não sei se a ideia era entregar o dinheiro a Deus ou a ele, mas o tipo dizia: o dinheiro não significa absolutamente nada”.
Pertinentes ou não, os sermões fizeram Lauryn Hill esconder-se dos holofotes. Muitos apelidaram-na de louca. As aparições públicas começaram a ser raras, os concertos tornaram-se esporádicos e confusos, com longos atrasos, cancelamentos e alinhamentos com as canções praticamente irreconhecíveis, totalmente reformuladas em palco, à boa maneira de Bob Dylan. Houve rumores de que Lauryn Hill tinha perdido os direitos de autor sobre as canções que escrevera, devido ao dinheiro gasto pela sua editora, Columbia Records, em sessões de gravação para um segundo álbum que nunca chegou a sair. Em 2003, os rumores eram de que já teriam sido gastos mais de dois milhões de euros nas tais sessões mas que o disco pura e simplesmente não existia. A Columbia negou-os, garantindo que sairia mesmo um álbum no ano seguinte — o que nunca aconteceu.
Now tell me your philosophy
On exactly what an artist should be
Should they be someone with prosperity
And no concept of reality?
Now, who you know without any flaws?
That lives above the spiritual laws?
And does anyting they feel just because
There’s always someone there who’ll applaud?
(“Superstar”, Lauryn Hill)
Os rumores sobre as perdas de direitos de autor nunca foram confirmados ou sequer substantivos. Talvez a opção de reformular as canções fosse apenas uma questão estratégica, como sugeriu uma vez a cantora: “Tenho de melhorar um pouco [as canções] para que elas continuem entusiasmantes, frescas e atuais. Não sei se o público percebe isto verdadeiramente. Precisamos, ou pelo menos eu preciso, de uma certa espontaneidade, de uma certa improvisação em cada concerto, porque é o desconhecido, o pequeno fator X que torna todos os concertos diferentes. Quero continuar a procurá-lo”.
Canções esporádicas desde a reclusão de Lauryn Hill, ouviram-se algumas, quase nenhumas com grande impacto. “The Passion”, de 2004, para a banda sonora do filme “A Paixão de Cristo”. Também “Lose Myself”, gravada para a banda sonora do filme “Dia de Surf” e lançada em 2007. E ainda “Consumerism”, lançada já em 2013, aquando da detenção da cantora por evasão fiscal. O seu momento mais conseguido nos últimos anos terá sido, contudo, a participação na banda sonora Nina Revisited, gravada para acompanhar o filme documental “What Happened, Miss Simone?”, da Netflix.
“Não acho que ela tenha ficado maluca. As pessoas tendem a dizer isso quando não percebem aquilo que alguém está a passar. Ponham-se na pele dela e vejam o que fariam. As pessoas passam por certas coisas, têm de lutar com certos demónios, e ela tem direito a fazê-lo. Porque ela não vive para agradar às pessoas. Não tem de o fazer, no fim de contas. A verdade é que a Lauryn não está satisfeita consigo e não vai gravar um disco só para dar dinheiro à Sony. Acontece que ela fez uma coisa [The Miseducation of Lauryn Hill] que capturou um momento importante da vida das pessoas”, apontou há alguns anos à imprensa Pras Michel.
Recentemente, Lauryn Hill tem ensaiado um regresso. Conturbado, claro, e já com cancelamento de alguns concertos, não fosse o histórico da cantora aquele que é. Ainda assim, o anúncio de uma digressão mundial de celebração dos 20 anos de The Miseducation of Lauryn Hill e uma muito aguardada atuação no Pitchfork Music Festival, no passado mês de julho, em Chicago, trouxe de volta as esperanças de que Lauryn Hill tenha vencido os tais “demónios” a que múltiplos amigos da cantora já aludiram. Também nas últimas semanas, a cantora fez uma parceria com a marca de roupa Woolrich, para lançar uma coleção de roupa intitulada “American Soul Since 1830”. Não é um sinal pequeno de que as coisas podem estar a mudar, já que Lauryn Hill evitou sempre envolver-se em publicidade ou moda, e chegou a descrever a sociedade contemporânea e a cultura pop como “ganância empresarial em nome de Jesus”, “canibalismo empresarial” e “comércio comprometido” e “neo-McCarthismo”.
Sobre a indústria musical de que se afastou, Lauryn Hill comentou o seguinte, em 2012, aquando das primeiras acusações de evasão fiscal: “Nos últimos largos anos, permaneci no que outros consideram ser o underground. Fi-lo para construir uma comunidade de pessoas com o mesmo desejo de liberdade e com a mesma vontade de prosseguir com as suas vidas e atingir os seus objetivos sem serem manipulados e controlados por um complexo industrial militar protegido pelos media [a polícia] que tem uma agenda totalmente diferente da minha”. Já em 1998 tinha manifestado reservas quanto à indústria pop, numa entrevista republicada pela Rolling Stone: “Pude ver o quão materialista a indústria é… frustrou-me que ela não tivesse nada a ver com talento e mérito musical. Os MC não tinham de escrever as suas rimas, as cantoras não tinham verdadeiramente de saber cantar. Senti que o mundo da música andava virado de pernas para o ar”.
Um disco “de que precisávamos e ainda precisamos”
O uso da forma verbal é propositado. Apesar de ter saído em 1998, The Miseducation of Lauryn Hill mantém uma atualidade impressionante. Composto e gravado durante 18 meses, com duas gravidezes da cantora pelo meio (Hill tem, neste momento, seis filhos) e com um título inspirado pelo ativismo do livro “Miseducation of the Negro” e da violência retratada no filme “The Education of Sonny Carson”, o álbum continua a ser um marco na história da música, capaz de ombrear com qualquer disco contemporâneo. Como apontaram Ronald L. Jackson e Elaine B. Richardson no livro “Understanding African American Rhetoric — Classical Originais to Contemporary Innovations“, trata-se inclusivamente de um “poderoso artefacto retórico que recorda e reforça a importância da cultura, especialmente na comunidade negra”.
Uma das melhores críticas ao disco, contudo, foi feita pelo rapper Nas, que conhece bem Lauryn Hill, até por ter gravado com ela um dos seus grandes êxitos, “If I Ruled the World (Imagine That)” — precisamente dois anos antes do álbum de estreia a solo da cantora. Num depoimento recolhido pela revista Rolling Stone, Nas afirmou que “em canções como ‘Superstar’, ‘Lost Ones’ e ‘Doo Wop’, ela falou connosco, conseguiu entrar realmente naquilo que somos enquanto homens e mulheres. Era disso que precisávamos naquela altura e é disso que precisamos ainda hoje”.

▲ Lauryn Hill em 2014, na cerimónia de indução de Nina Simone na lista do Rock and Roll Hall of Fame
Getty Images For The Rock and Roll Hall of Fame
Descrevendo a sonoridade do disco como sendo “a soul da Roberta Flack, a paixão do Bob Marley, a essência da Aretha Franklin, do Michael Jackson e do hip hop embrulhadas numa coisa só”, Nas defendeu que Lauryn Hill “cantava sobre amor, traição, júbilo, felicidade e alegria como alguém que estava cá há mais tempo” do que os 23 anos que o passaporte da cantora mostrava. “Representa um período temporal, um momento sério na história da música negra, no qual os jovens artistas estavam a tomar conta das coisas e a abrir portas à força. É um álbum que toda a gente que quiser fazer um disco deve ouvir. Não interesse se é alguém que gosta de r&b, rap, rock, soul, o que for — se quiseres trabalhar num disco teu, diria que convém ouvires isto antes”.
Não sabemos, é certo, o que pensa Lauryn Hill sobre a música que predomina hoje nas rádios e plataformas de streaming. Ou sobre o crescimento do hip hop, no qual as rappers mulheres mais ouvidas atualmente são figuras como Nicki Minaj e Cardi B. Em 1999, contudo, moralismo era coisa que a cantora evitava, como demonstra uma entrevista republicada recentemente pelo jornal The Guardian. Aí, Lauryn dizia: “Tenho dificuldades em criticar a música hip hop, porque a música é um microcosmos do mundo. Melhor seria discutirmos os assuntos da comunidade e do mundo envolvente que afetam os miúdos que fazem música, porque eles são apenas a voz do povo. Além de que percebo que muitas das pessoas que fazem música rap são muito novos quando começam. Têm 16, 17 anos e não sabem mais do que aquilo, estão a tentar descobrir o mundo por eles. Não gosto muito de fazer julgamentos, porque tento fazer parte da solução, em vez de fazer parte do problema. É por isso que transmito outro tipo de mensagem na música que faço, para comunicar o outro lado da história”.
Whole lot a things I just had to work through
Time to heal and restory myself worth too
Confrontation of my fears and anxiety
Cried a whole lot years I suffered quietly
And though it may have taken years I can finally
Tell that you were always on my mind
(“Lose Myself”, Lauryn Hill)
Ferozmente independente e feminista, Lauryn Hill nunca se contentou em ser o que outros quiseram que fosse. “Nunca tive respeito pelas convenções sociais que diziam o que as mulheres e os homens deveriam fazer”, apontou a cantora há muitos anos, em 1999. Prever-lhe passos futuros é tarefa impossível. Já vê-la em palco será possível, salvo alguma alteração de planos, em oito países, sete deles europeus, até dezembro deste ano. Vê-la e ouvir aquelas canções irreconhecíveis, cantadas por uma força da natureza, que nunca quis cantar ingenuamente nem de forma demasiado bonitinha. Como disse uma vez, “não importa quão bonitas as canções possam ser, nunca são demasiado bonitas, tem sempre de haver alguma coisa dura. Acho que isso sou eu“.