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O filme de terror que teve um final de Hitchcock (a crónica do Moreirense-Sporting)

Este artigo tem mais de 4 anos

O título não é brilhante mas o nulo no Moreirense-Sporting foi menos: sete amarelos, dois remates enquadrados, uma expulsão e o momento de suspense num lance de VAR na área com Coates aos 90+5'.

Gonzalo Plata conseguiu "sacar" a expulsão a Halliche após um roubo de bola mas foi caindo em termos físicos ao longo do jogo
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Gonzalo Plata conseguiu "sacar" a expulsão a Halliche após um roubo de bola mas foi caindo em termos físicos ao longo do jogo

Gonzalo Plata conseguiu "sacar" a expulsão a Halliche após um roubo de bola mas foi caindo em termos físicos ao longo do jogo

Foi uma nota um pouco à margem da goleada do FC Porto frente ao Belenenses SAD na noite deste domingo mas que confirmou matematicamente aquilo que todos sabiam talvez desde o próprio início da temporada: o Sporting superou aquele que é o maior jejum sem vencer o Campeonato, somando o 18.º ano sem triunfos e não repetindo o que aconteceu com a equipa verde e branca de 2000 que, mesmo com uma alteração técnica pelo meio, voltou a ser campeã depois da dobradinha de Manuel Fernandes, Jordão, Oliveira e companhia em 1982. “Não ponho a fasquia do sucesso dizendo que o mesmo passa apenas pelo Sporting ser campeão. Isso é só um objetivo mas temos outros pois precisamos de ter noção do ponto em que o clube está”, destacara na véspera Rúben Amorim.

https://observador.pt/2020/07/06/moreirense-sporting-leoes-procuram-quinta-vitoria-consecutiva-na-liga/

Neste trajeto até ao atípico Campeonato de 2019/20 marcado pela pandemia, houve o projeto do “quase” de José Peseiro que perdeu o título (e mais tarde a final da Taça UEFA) na penúltima jornada na Luz em 2005, uma era com Paulo Bento assente em jogadores da formação que ficou perto do primeiro lugar em 2007 (onde foi tudo decidido na última ronda), a pior classificação de sempre que levou à segunda época sem presença nas competições europeias em 2013 e o início do ciclo Jorge Jesus que levou tudo até ao fim sem sucesso apesar da série de vitórias consecutivas a acabar em 2016. Entretanto, entre guerras internas, instabilidade institucional e até uma estranha tendência para colocar o léxico mais economicista à frente da parte desportiva ao longo de quase duas décadas, o fosso para os rivais foi aumentando. E as palavras do atual técnico também entroncam nesse sentido.

Depois da invasão à Academia, que através dos acordos que foram feitos logo no verão de 2018 ou nas temporadas seguintes com os novos clubes deram alguma compensação no plano financeiro à debandada de muitos jogadores até então indiscutíveis, o Sporting caiu. O plantel ficou com menos qualidade, as ambições baixaram ainda que de forma não assumida, a gestão da parte técnica foi também um desastre que promoveu uma dança de cadeiras desde setembro de 2018. Em menos de dois anos, José Peseiro, Tiago Fernandes, Marcel Keizer, Leonel Pontes e Silas passaram pelo banco. Uma semana antes da pandemia, em março, chegou Rúben Amorim. Mas essa foi mais do que uma simples contratação a rondar os 12 milhões de euros (terceira mais cara de sempre) – foi uma dupla viragem de paradigma, não só na ambição desportiva mas também na rentabilização da formação.

“Nós fazemos uma avaliação e sabemos mais ou menos aquilo de que precisamos. Temos de ver que resposta é que dão os jogadores que trouxemos da formação, que têm dado uma grande resposta, e depois vamos ver as propostas que temos. Depois temos de ver os jogadores que vão sair e faço questão de saber quem quer sair. Nessa altura é que vamos ver quem vamos buscar”, comentou o treinador no lançamento do jogo com o Moreirense, assumindo que, vitórias e terceiro lugar à parte, estava a utilizar os últimos jogos oficiais da temporada para projetar aquilo que pode ser a próxima época, nomeadamente a nível dos mais jovens que provem ter capacidade para ficarem no plantel – o que reduz as necessidades de contratação na quantidade e eleva em paralelo as necessidades de contratação em qualidade, com elementos mais experientes que possam enquadrar os mais novos. “Eles sabem que se facilitarem o lugar fica em risco e essa é a melhor forma de os manter com os pés no chão”, acrescentou.

Assim, e no dia em que os alunos dos 11.º e 12.º anos começaram a época dos exames nacionais, também muitos jogadores do Sporting entravam numa nova fase com encontros contra Moreirense (fora), Santa Clara (casa), FC Porto (fora), V. Setúbal (casa) e Benfica (fora). Não que os outros encontros não tenham contado, sobretudo a deslocação a Guimarães, mas se antes existiram testes, agora começam a ser exames, daqueles que não contam só para a nota final do período mas também para o acesso ao ensino superior. E para se ter noção da realidade em causa, 60% dos 15 utilizados no último triunfo frente ao Gil Vicente tinham 23 ou menos anos, sendo que quatro tinham 18 ou menos e outros tantos estavam no intervalo até aos 21. Com as recuperações físicas de Acuña e Jovane Cabral existiram sempre mudanças mas a base de trabalho continuaria a ser a mesma.

Ficha de jogo

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Moreirense-Sporting, 0-0

30.ª jornada da Primeira Liga

Parque Desportivo Comendador Joaquim de Almeida Freitas, em Moreira de Cónegos

Árbitro: Tiago Martins (AF Lisboa)

Moreirense: Pasinato; João Aurélio, Rosic, Halliche, Abdu Conté; Sori Mané, Alex Soares (Steven Vitória, 54′), Filipe Soares (Nuno Santos, 90′); Bilel (Luís Machado, 90′), Gabrielzinho (Djavan, 62′) e Fábio Abreu (Nenê, 90′)

Suplentes não utilizados: Trigueira, Ibrahima Camará, Pedro Nuno e Singh

Treinador: Ricardo Soares

Sporting: Luís Maximiano; Luís Neto, Coates, Borja (Nuno Mendes, 61′); Ristovski (Joelson Fernandes, 66′), Matheus Nunes, Battaglia (Wendel, 61′), Acuña; Gonzalo Plata, Jovane Cabral e Sporar

Suplentes não utilizados: Renan Ribeiro, Rosier, Gonçalo Inácio, Doumbia, Rafael Camacho e Tiago Tomás

Treinador: Rúben Amorim

Ação disciplinar: cartão amarelo a Abdu Conté (18′), Acuña (26′), Borja (34′), Pasinato (37′), Jovane Cabral (68′), Steven Vitória (85′) e Gonzalo Plata (90+5′); cartão vermelho direto a Halliche (51′)

Dentro dessas alterações, a troca de Luís Neto por Eduardo Quaresma e de Battaglia por Wendel foram as duas grandes novidades nas opções iniciais de Rúben Amorim, com uma equipa mais experiente e com uma nova ala esquerda formada por Acuña e Jovane Cabral. O que melhorou no Sporting? Pouco ou nada, não propriamente pelos nomes pela falta de dinâmica coletiva de uma equipa sem passe vertical, sem desequilíbrio na frente e sem combinações ofensivas em velocidade que pudessem desposicionar uma defesa do Moreirense organizada e que, mesmo não tendo chances flagrantes e estando reduzida a dez desde os 51′, consentiu apenas dois remates enquadrados a uma equipa leonina demasiado previsível e que fisicamente não se mostrou no melhor plano. Se nos testes anteriores houve positivas para todos, no primeiro grande exame ninguém passou do suficiente.

Com uma equipa a manter os mesmos princípios de jogo mas a adaptar a organização tática ao 3x4x3 do Sporting, tendo os alas a acompanharem os laterais leoninos e os médios mais avançados a irem pressionar os centrais nas fases de construção a partir de trás que foi privilegiando Neto na direita, o Moreirense foi controlando bem as ações leoninas à exceção de um rasgo individual de Jovane Cabral recebendo no corredor central onde ficou a pedir uma falta na área de João Aurélio após ter soltado para Acuña na esquerda. O cabo-verdiano era mesmo o único a ter alguma imaginação para desequilibrar o que não saía do equilíbrio mas cedo também se apagou.

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Moreirense-Sporting em vídeo]

Aos poucos, o Moreirense foi conseguindo ter outra capacidade também em termos ofensivos e acabou a primeira parte com mais remates (ainda que nenhum enquadrado) tendo Filipe Soares como principal protagonista (27′ e 29′), sendo o médio mais capaz de chegar a zonas de finalização sem a compensação devida por parte de Battaglia ou Matheus Nunes. Do Sporting, exceção feita a alguns lances individuais que terminavam quase de forma obrigatória com o equatoriano no chão carregado em falta, houve um cabeceamento de Coates por cima após canto (37′) e pouco mais numa equipa leonina que falhou sobretudo no passe vertical e que teve uma estranha tendência para atacar pelo lado direito tendo os regressados Acuña e Jovane Cabral no flanco oposto, aliado a todas as dificuldades na zona de construção que deixavam Sporar isolado e tornavam os ataques previsíveis.

O segundo tempo começou com as mesmas características e sem alterações mas demoraria apenas seis minutos a mudar por completo e num misto entre demérito de Halliche e mérito de Gonzalo Plata: o equatoriano conseguiu uma boa zona de pressão em terrenos mais avançados, o argelino teve de recorrer à falta e viu o vermelho, antes de Ricardo Soares não ficar bem na fotografia ao pedir de forma bem percetível para Pasinato cair no relvado dizendo que tinha um problema muscular enquanto Steven Vitória aquecia para entrar e o banco decidia qual seria a melhor opção para sacrificar (Alex Soares). Rúben Amorim também não demorou muito mais a mexer, lançando Wendel no lugar de Battaglia no meio-campo para dar outro balanceamento ofensivo aos leões e dando outra velocidade nas alas com Nuno Mendes, que ficou a fazer o lado esquerdo todo passando Acuña para falso terceiro central à esquerda, e Joelson Fernandes a juntar-se a Gonzalo Plata mais à direita no ataque.

Foi preciso esperar até à segunda metade da segunda parte para o Sporting acertar um remate enquadrado com a baliza. Um, o primeiro. E não é mesmo exagero, foi mesmo assim: aproveitando um movimento mal feito por parte de Steven Vitória que lhe permitiu ganhar a profundidade e, descaído na direita, atirar forte para grande defesa de Pasinato para canto (69′). Com o Moreirense incapaz de chegar à baliza verde e branca a não ser em lances de bola parada, a bola estava no lado do Sporting e na capacidade que poderiam ter para desmanchar uma muralha que com o passar dos minutos ia ganhando cada vez mais confiança, tanta que os leões conseguiram apenas fazer mais um remate enquadrado por Wendel num final de Hitchcock por um lance onde Djavan agarrou Coates na área mas Tiago Martins, após ver as imagens por conselho do VAR, considerou não ter sido penálti.

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