966kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

A única tocha que não se apaga é a luz de Gonçalo (a crónica do Portimonense-Benfica)

Este artigo tem mais de 3 anos

Num jogo marcado por duas interrupções longas na primeira parte, com a queda de um apanha-bolas e 27 tochas no relvado, Gonçalo Ramos foi decisivo para a vitória do Benfica com o Portimonense (1-2).

Grimaldo marcou o golo do empate dos encarnados, ainda na primeira parte
i

Grimaldo marcou o golo do empate dos encarnados, ainda na primeira parte

EPA

Grimaldo marcou o golo do empate dos encarnados, ainda na primeira parte

EPA

Foi a 3 de outubro do ano passado, numa fase ainda embrionária do Campeonato e num dia em que as atenções do universo desporto português estavam viradas para a final do Mundial de futsal, onde Portugal derrotou a Argentina para se sagrar campeão do mundo. Ainda sem derrotas na Liga, na liderança da classificação, o Benfica perdeu na Luz com o Portimonense graças a um golo solitário de Lucas Possignolo e entrou aí num vórtice de irregularidade que parece ainda não ter terminado até hoje.

No mês que se seguiu à derrota com os algarvios, os encarnados foram duas vezes goleados pelo Bayern Munique na Liga dos Campeões, empataram com o V. Guimarães na Taça da Liga e com o Estoril no Campeonato, tiveram de ir a prolongamento para eliminar o Trofense na Taça de Portugal e só superaram o Vizela com um golo de Rafa ao oitavo minuto de descontos. Claro que tudo piorou em dezembro, com as derrotas com Sporting e FC Porto e a saída de Jorge Jesus, e claro que nada se endireitou em janeiro, com o empate com o Moreirense, o desaire com o Gil Vicente e a nova derrota com os leões na final da Taça da Liga. Contudo, algo parece ser claro: a escorregadela com o Portimonense em outubro, a primeira escorregadela da temporada, parece ter sido o início de uma temporada complexa para o Benfica.

Ficha de jogo

Mostrar Esconder

Portimonense-Benfica, 1-2

25.ª jornada da Primeira Liga

Estádio Municipal de Portimão, em Portimão

Árbitro: Fábio Veríssimo (AF Leiria)

Portimonense: Samuel Portugal, DaCosta (Luquinha, 71′), Willyan Rocha, Lucas Possignolo, Moufi, Welinton Júnior (Fabrício, 71′), Lucas Fernandes, Carlinhos, Nakajima (Sapara, 71′), Filipe Relvas (Sana, 79′), Angulo (Anderson, 79′)

Suplentes não utilizados: Kosuke, Henrique Jocu, Ewerton, Pedro Sá

Treinador: Paulo Sérgio

Benfica: Vlachodimos, Gilberto, Otamendi, Vertonghen, Grimaldo, Weigl, Rafa, Meïté, 66′), Gonçalo Ramos (Darwin, 85′), Everton (Diogo Gonçalves, 80′), Yaremchuk (Paulo Bernardo, 80′)

Suplentes não utilizados: Helton Leite, João Mário, Lázaro, Gil Dias, Morato

Treinador: Nélson Veríssimo

Golos: Welinton Júnior (25′), Grimaldo (45+7′), Gonçalo Ramos (50′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Vertonghen (42′), a Willyan (45+7′), a Welinton Júnior (45+7′), a DaCosta (45+15′), a Gonçalo Ramos (58′), a Lucas Possignolo (63′), a Luquinha (74′), a Paulo Bernardo (90+2′); a Moufi

“É um adversário complicado, num campo difícil. Contamos com o apoio dos nossos adeptos para superar este difícil obstáculo. É um adversário com qualidade na forma de atacar mas também no processo defensivo. Não sofre muitos golos, tem qualidade no processo defensivo e na circulação de bola e tem um posicionamento diferente à direita e à esquerda. Vai ser um jogo difícil, temos de estar com um nível de ativação muito elevado, ter uma entrada forte para mostrarmos, desde o início, ao que vamos. Focados na nossa forma de jogar, a impor o nosso jogo. Se isso acontecer, vamos fazer um bom jogo e trazer os três pontos, que é o nosso objetivo”, disse Nélson Veríssimo, que este sábado já contava com Otamendi e Weigl depois de ambos terem cumprido castigo na jornada anterior, na antevisão.

Em Portimão, vindo de cinco jornadas sem perder, o Benfica entrava em campo antes do Sporting e do FC Porto e tinha a oportunidade de pressionar desde logo os principais rivais — sendo que, na semana passada, roubou pontos a leões e dragões depois de ambos terem empatado os respetivos jogos. Contra o Portimonense, Veríssimo mantinha a aposta em Taarabt no meio-campo e Gilberto na direita da defesa e só fazia uma alteração ao habitual onze inicial, lançando Yaremchuk para a titularidade e deixando Darwin — que passou os últimos dias com febre, falhou o treino de sexta-feira e estava em dúvida — no banco de suplentes. Do outro lado, numa equipa que vinha de 10 jogos consecutivos sem ganhar e cuja última vitória havia sido já no início de dezembro, Paulo Sérgio trocava Fabrício e Pedrão por Welinton Júnior e DaCosta face ao empate da semana passada com o Vizela.

A primeira parte trouxe quase tudo e quase nada. Ao longo de uma hora, o Estádio Municipal de Portimão presenciou uma interrupção longa devido à queda de um apanha-bolas, que teve de ser assistido pelos bombeiros e pelas duas equipas médicas; uma segunda interrupção longa devido a 27 tochas que caíram no relvado, atiradas a partir da zona dos adeptos do Benfica, e que chegaram a levar Fábio Veríssimo a indicar a suspensão do jogo e a recolha dos jogadores aos balneários, algo que não se verificou depois de a polícia garantir condições de segurança; 15 minutos de descontos, por motivos óbvios; e a expulsão de Paulo Sérgio por acumulação de cartões amarelos. Quando o árbitro apitou para o final da primeira parte, parecia que já tinha passado pelo Algarve uma autêntica maratona.

No que toca ao futebol propriamente dito, o Portimonense apresentou-se com uma defesa a cinco, sendo que Willyan, o terceiro central, avançava para o meio-campo quando a equipa tinha a bola. Taarabt teve o primeiro remate do jogo logo nos instantes iniciais, atirando ao lado depois de combinar com Rafa (2′), e a partida foi avançando sem grandes oportunidades nem aproximações à baliza. O Benfica tinha mais bola, de forma natural, e avançava essencialmente através do corredor direito, onde Gilberto oferecia muita largura e tentava sempre empurrar os lances até à linha de fundo para criar situações de superioridade numérica; do outro lado, o Portimonense explorava quase sempre o passe longo e a profundidade nas costas da defesa adversária. E foi precisamente assim que acabou por chegar ao golo.

Taarabt errou no início da construção, oferecendo a bola a Carlinhos na zona do meio-campo, e o médio soltou de imediato um passe longo que descobriu Welinton Júnior em velocidade: o avançado recebeu entre os centrais, ficou na cara de Vlachodimos e atirou rasteiro para abrir o marcador (25′). O Benfica, que antes de sofrer o golo tinha tido uma boa oportunidade com um remate ao lado de Gonçalo Ramos na sequência de um passe de Grimaldo (24′), não conseguiu ter uma reação imediata ao golo sofrido devido à interrupção provocada pelas dezenas de tochas que caíram no relvado. O jogo foi reatado, a placa subiu com a indicação de que ainda iriam jogar-se 15 minutos de descontos e esse quarto de hora foi dominado quase por inteiro pelos encarnados.

Everton foi o primeiro a ficar perto do empate, com um remate ao lado depois de uma combinação com Taarabt (45+3′), e o Benfica acabou por conseguir marcar através de Grimaldo. Taarabt cobrou um canto na direita, a defensiva do Portimonense devolveu ao marroquino e este colocou à entrada da grande área, onde o lateral espanhol atirou de primeira para bater Samuel Portugal (45+7′). Até ao intervalo, no último lance da primeira parte, Grimaldo ainda ficou perto de bisar com um livre direto que passou a centímetros do poste dos algarvios (45+17′) mas o jogo chegou mesmo à interrupção com o resultado empatado.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Portimonense-Benfica:]

Nenhum dos treinadores fez alterações ao intervalo mas o Benfica começou claramente melhor, com mais bola e a jogar praticamente por inteiro no meio-campo adversário, com o Portimonense a manter a aposta nas transições rápidas e nas arrancadas pelos corredores. Ainda assim, os problemas ofensivos dos encarnados mantinham-se: a equipa não tinha grande dinamismo nem criatividade e Yaremchuk ia tendo um final de tarde manifestamente difícil, algo perdido nos desequilíbrios que o Benfica ia tentando criar nos corredores e sem conseguir encontrar referências de posicionamento na faixa central ou na grande área.

Ainda assim, os encarnados acabaram por carimbar a reviravolta através de um lance em que criaram superioridade a partir da pressão alta e da reação à perda da bola. Na sequência de um canto cobrado na direita, a defensiva do Portimonense resgatou a bola e tentou sair rápido com Nakajima, mas o japonês ex-FC Porto perdeu ainda no próprio meio-campo para Everton. O brasileiro jogou com Yaremchuk, o ucraniano abriu em Rafa na direita e o avançado português cruzou tenso e rasteiro, com Gonçalo Ramos a desviar à vontade ao segundo poste mesmo depois de Samuel Portugal tocar na bola com as luvas (50′).

O Portimonense tentou responder com a subida das linhas, colocando a bola quase sempre na direita e em Angulo para explorar as debilidades defensivas de Angulo, e quase chegou ao empate com um remate por cima de Welinton Júnior (57′). Veríssimo quis ganhar corpo e resistência no meio-campo e trocou Taarabt por Meïté e Paulo Sérgio procurou dar mobilidade a um conjunto algarvio que continuava ligado ao jogo, lançando Luquinha, Fabrício e Sapara. Os encarnados foram caindo em ritmo e intensidade, começaram a recuar no relvado e a encostar ao último terço e Filipe Relvas ficou mesmo muito perto de empatar, com um pontapé cruzado que passou ao lado (78′).

Até ao fim, Darwin ainda entrou para disputar os últimos cinco minutos e o Benfica foi procurando gerir o resultado e a posse de bola, acabando por manter o Portimonense afastado da baliza de Vlachodimos. Os encarnados venceram os algarvios, venceram o jogo de outubro e somaram a segunda vitória consecutiva para o Campeonato, ficando à condição a um ponto do Sporting e a sete do FC Porto. Num dia em que os adeptos do Benfica atiraram 27 tochas para o relvado do Estádio Municipal de Portimão, a equipa mostrou que só existe uma tocha que não pode ser apagada: a luz de Gonçalo Ramos, que fez o golo decisivo, marcou pela segunda jornada seguida e já leva cinco golos com Veríssimo, sendo que com Jesus só tinha apontado um.

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça até artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.