As histórias, imagens e gravações das crianças separadas dos pais na fronteira entre os Estados Unidos e o México também chegaram ao mundo da tecnologia. Alguns dos responsáveis das principais empresas tecnológicas deram um passo à frente e quiseram fazer-se ouvir em relação à política de “tolerância zero” nas fronteiras, levada a cabo pela administração de Donald Trump.

No Facebook, foi realizada a maior angariação de fundos de sempre na rede social. A ideia partiu de um casal — Charlotte e Dave Willner — que através do Facebook Fundraisers conseguiu angariar 13 milhões de dólares (11,23 milhões de euros) destinados à RAICES, uma organização sem fins lucrativos que fornece ajuda legal aos imigrantes e refugiados. O objetivo inicial da angariação de fundos era de 1.500 dólares (1.294 euros). Mark Zuckerberg, fundador da rede social, confirmou através de uma publicação que também fez um donativo e reforçou a necessidade de “parar esta política imediatamente”.

https://www.facebook.com/zuck/posts/10105029863405211

Já o diretor da Microsoft, Satya Nadella, disse esta segunda-feira que a empresa está “chocada com a separação forçada” das famílias e enviou um email para todos os funcionários, onde contou a sua própria experiência. “Considero-me um produto de duas facetas incríveis e únicas da América: a tecnologia americana chegou a mim quando estava a crescer e permitiu-me sonhar e a política de imigração permitiu-me viver esse sonho”, referiu o presidente, acrescentando que “como pai e imigrante” a temática toca-o pessoalmente. “Esta nova política implementada na fronteira é simplesmente cruel e abusiva e nós apoiamos uma mudança”, sustentou.

EUA: Centenas de crianças estão em celas, separadas dos pais imigrantes

Os cofundadores da Airbnb — Nathan Blecharczyk, Joe Gebbia e Brian Chesky — referiram que “o governo dos Estados Unidos precisa de parar com esta injustiça e voltar a reunir estas famílias”.

Do lado da Apple, Tim Cook disse ao The Irish Times que as separações das famílias são “desumanas e precisam de parar”. O presidente da multinacional acrescentou que a Apple está a trabalhar com o governo americano para tentar ser “uma voz construtiva” na temática.

As fotografias e os vídeos das crianças separadas dos pais na fronteira EUA-México

Nas várias reações que chegam do mundo tecnológico sobre o que se passa na fronteira dos Estados Unidos, são muitos os que utilizam a hashtag de apoio #keepfamiliestogether (em português “mantenham as famílias juntas”). É o caso do presidente da Google, Sundar Pichai, que enviou  uma mensagem de apelo ao governo americano para “trabalhar em conjunto para arranjar uma forma melhor, mais humana e que reflita” os valores americanos como nação.

Da Uber chegou uma mensagem de Dara Khosrowshahi, que também conta a sua experiência pessoal para abordar o assunto: “Como pai, cidadão e imigrante, as histórias que chegam da fronteira partem o meu coração. A família é a espinha dorsal da sociedade. Uma política que a separa em vez de a juntar é imoral e muito errada”, disse o diretor da multinacional americana, também no twitter.

Segundo a Bloomberg, por detrás destas reações e donativos, não há sinal de as empresas de tecnologia estarem a planear alguma ação em concreto, como por exemplo o fim de contratos com agências de imigração dos Estados Unidos ou outras agências do governo.

O debate poderá deixar transparecer um paradoxo nas empresas: como manter a sua força de trabalho satisfeita, sem entrar em lutas políticas que possam prejudicar as vendas ou ameaçar a reputação junto dos clientes mais conservadores.

“Isto é inacreditável”. Jornalista emociona-se a ler notícia sobre separação de famílias na fronteira