No intervalo do encontro entre Inter e Nápoles, que terminou com o triunfo do conjunto de Milão por 1-0 com golo de Lautaro Martínez nos descontos, alguns adeptos do clube visitante condenavam já os insultos racistas a Kalidou Koulibaly, senegalês de 27 anos que está nos napolitanos desde 2014 e faz parte do lote de capitães com Hamsik e Insigne. No decorrer da primeira parte, o speaker de San Siro tinha avisado por uma vez os adeptos nerazzurri para não terem essas manifestações; até ao final da partida, houve mais dois alertas através da instalação sonora. Sempre sem efeitos práticos.
Num encontro sempre muito intenso, o central acabaria por ser expulso a nove minutos do final por Paolo Silvio Mazzoleni numa situação onde o internacional carregou Politano num lance que poderia criar perigo pela direita do ataque do Inter, viu amarelo, bateu palmas ao árbitro pela decisão e acabou por ser expulso. No final, o jogador lamentou ter prejudicado a equipa, que viria a perder reduzida a dez (e depois de ter falhado uma oportunidade clamorosa em cima do minuto 90 por Zielinski), mas defendeu-se, à semelhança do que já tinha acontecido com o seu treinador, Carlo Ancelotti.
Tenho orgulho na cor da minha pele. Tenho orgulho de ser francês, senegalês, napolitano: homem. Sinto muito pela derrota e por ter deixado os meus irmãos”, escreveu na sua conta oficial do Twitter.
“Pedimos a suspensão do jogo três vezes devido a cânticos racistas, ouviram-se três avisos no estádio e nada foi feito. A expulsão dele, a nove minutos do final, foi determinante para o resultado. Ele não estava calmo por causa de tudo o que estava a acontecer porque houve sons racistas durante todo o jogo. Queremos saber quando é que isto vai acabar. Um dia que isto aconteça vamos abandonar o relvado e depois que nos atribuam a derrota”, ameaçou o experiente técnico.
Mi dispiace la sconfitta e sopratutto avere lasciato i miei fratelli!
Però sono orgoglioso del colore della mia pelle. Di essere francese, senegalese, napoletano: uomo.⚽ #InterNapoli 1-0
???????? #KK26 #famiglia
???? #ForzaNapoliSempre
???????? #DifendoLaCittà pic.twitter.com/f9q0KYggcw— Koulibaly Kalidou (@kkoulibaly26) December 26, 2018
O episódio está a motivar uma série de reações, de condenação pelos insultos e de apoio ao internacional senegalês nascido em França e também Cristiano Ronaldo já fez questão de juntar-se à onda de solidariedade com Koulibaly. “No Mundo e no futebol desejo sempre educação e respeito. Não ao racismo ou a qualquer ofensa e discriminação”, escreveu na sua conta do Instagram, numa mensagem em italiano acompanhada de uma foto com o central no último Juventus-Nápoles.
Recorde-se que este não é o primeiro episódio que acontece com o defesa do Nápoles. Esta temporada, por exemplo, o central foi alvo de insultos racistas no Allianz Stadium, aos 51 minutos de um jogo em que a Juventus venceu o Nápoles por 3-1, e a Vecchia Signora teve de jogar com o Génova com parte de uma bancada fechada. Posteriormente, houve um acordo com a Federação Italiana de Futebol para que esses dois setores do recinto fossem ocupado por crianças das escolinhas dos dois clubes, num dia que teve antes ações de sensibilização contra o racismo e a discriminação. Antes, Kalidou Koulibaly tinha sido também visado no Olímpico de Roma, num encontro frente à Lazio, e… em San Siro.
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