O coordenador da task-force para a vacinação contra a Covid-19 em Portugal reagiu em declarações ao Observador à notícia avançada pelo Correio da Manhã, que diz que já foram detetados mais de 340 casos de vacinação irregular, isto é, de vacinas administradas em pessoas que não faziam parte da lista de prioritários. Francisco Ramos não confirma o número mas considera-o “lamentável”, se “se confirmar”.
Pode ouvir aqui as declarações de Francisco Ramos à Rádio Observador:
Francisco Ramos sobre desvio de vacinas: “Confiámos em quem cuida dos nossos pais e dos nossos avós”
Questionado sobre se são verificadas as listas que instituições de solidariedade enviam com os nomes das pessoas que devem ser vacinadas nesta primeira fase — numa altura em que há notícias de dirigentes de lares e IPSS a serem já (irregularmente) vacinados —, Francisco Ramos afirmou: “A opção que foi feita foi imprimir celeridade ao processo e sobretudo confiar nos dirigentes das instituições que nomeadamente nesses casos acolhem os nossos pais, os nossos avós. Se essas pessoas são consideradas confiáveis para essa tarefa, francamente, pelo menos ao coordenador do plano… pareceu-me que poderiam ser confiáveis para a tarefa da vacinação“.
É de facto naturalmente solicitado quais são as pessoas a vacinar mas não foi até aqui verificado, e espero que não seja incluída uma enorme tarefa de verificação”, apontou o coordenador da task-force.
Afirmando ser “lamentável” haver mais de 340 casos de vacinas administradas em pessoas não prioritárias, “se forem confirmados”, Francisco Ramos lembrou ainda assim que “estamos a falar de um por mil em termos relacionados”, dado que “já existem 300 mil pessoas vacinadas”.
Quanto à vacinação irregular, apontou: “Todas essas situações terão de ser averiguadas por quem de direito. À task-force compete organizar o plano, pô-lo em funcionamento, naturalmente prevenir essas situações — o que já foi feito com o pedido de intervenção da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde, promovendo inspeções. Quanto ao resto não tenho nenhum comentário a fazer”.