Enquanto dormia…

… Kiev, a capital ucraniana, ia resistindo à incursão russa, mas a toma da cidade parecia cada vez mais uma certeza. As tropas de Moscovo entraram na Ucrânia por norte (através da Bielorrússia), pela fronteira leste (com a própria Rússia) e por sul (através da Crimeia, território que em 2014 foi anexado) — e foram avançando até às portas da capital, Kiev (estavam a 10km do centro, esta manhã). O secretário de Defesa dos EUA chegou a anunciar a perda da capital dentro de “poucas horas” e os militares russos foram chegando cada vez mais próximo da cidade, mas Kiev resistiu à segunda noite de bombardeamentos. O registo mais negro de qualquer conflito militar — o da perda de vidas humanas — aponta para 137 mortes do lado ucraniano. O Observador continua a acompanhar em permanência o evoluir do conflito, neste segundo dia da invasão em que acordou debaixo de intensos bombardeamentos. Mas muito, mesmo muito, aconteceu nas últimas horas do primeiro dia de guerra na Ucrânia.

• Ao início da noite, com uma tshirt verde-tropa, Volodymyr Zelensky mostrou-se ao país para acusar o mundo ocidental de deixar a Ucrânia “sozinha” na luta contra a invasão da Rússia. “Quem está pronto para lutar connosco? Eu não vejo ninguém. Quem está pronto para garantir a adesão da Ucrânia à NATO? Todos estão com medo.”
• Antes, também em parte incerta, o presidente da Ucrânia participou à distância na reunião de emergência do Conselho Europeu que serviu para alinhar a imposição de mais sanções à Rússia.
• Para acudir à situação difícil na Ucrânia, as Nações Unidas anunciaram o envio de 20 milhões de euros em ajuda humanitária de emergência para o país. E, para tranquilizar os aliados da NATO, os EUA destacaram mais sete mil homens para a Alemanha.
• E Portugal? A medida é preventiva, mas o Conselho de Defesa Nacional já deu luz verde ao destacamento de até 1049 militares portugueses para missões NATO. Um contingente que não deverá ser destacado em bloco, mas por setores, em função das necessidades da Aliança Atlântica e que comporta, além das botas no terreno,  seis caças F-16, um navio de guerra e mais de 160 viaturas táticas. A situação em Kiev não será alheia às ações da NATO no futuro próximo.
• A Ucrânia pede consequências para este ataque à sua soberania e o Ocidente eleva o nível de sanções aplicadas a Moscovo — EUA, Reino Unido, Canadá e União Europeia apertam o cerco a Vladimir Putin. Mas continua sem excluir a Rússia do sistema de transações e comunicação bancária SWIFT — até porque isso teria um certo efeito ricochete.
• Em Lisboa, centenas de ucranianos concentraram-se em frente à embaixada da Rússia para protestar contra a agressão russa. E, ao início da noite, a Câmara de Lisboa iluminou-se com as cores da bandeira ucraniana, numa mensagem de apoio ao país. Outras cidades fizeram o mesmo.

Ainda no contexto da situação que se vive na Ucrânia, como se explica às crianças o que é a guerra? Antes de mais, deve preparar essa conversa; depois, desligar a televisão e — fundamental — evitar apresentar o mundo numa dicotomia entre os “bons” e os “maus”. Mas há mais conselhos úteis.

Na política nacional, o Miguel Santos Carrapatoso olha para o interior do PSD e faz o ponto de situação sobre as figuras que se alinham (e as que vão estando cada vez mais distantes) na paulatina caminhada para a sucessão de Rui Rio.

Porto e Braga subiram ao relvado — um na Pedreira, o outro em Roma. Geografias bem diferentes, destinos iguais: as duas equipas portuguesas somam e seguem na Liga Europa, ao conseguirem o apuramento para os oitavos de final.

O Ocidente voltou a trair a Ucrânia? É esta a pergunta de partida para o Contra-Corrente da Rádio Observador, com José Manuel Fernandes e Helena Matos. Já sabe que a sua participação é bem-vinda, para que ligue para o número 910024185.

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Bom dia e um bom fim de semana.