Foram apenas quatro dias de 2021 mas valeram mais do que os últimos quatro meses de 2020. Com empates atrás de empates e uma surpreendente derrota com a Fiorentina que expôs todas as fragilidades da equipa, a Juventus perdeu qualquer tipo de margem de manobra na Serie A para tentar revalidar mais uma vez o título e não falhou em dois jogos fundamentais no atual contexto e que podiam marcar o resto da temporada. No entanto, e até pelos resultados entretanto conhecidos, as vitórias frente a Udinese e AC Milan (que perdeu aí pela primeira vez em jogos do Campeonato) só teriam algum significado se conseguissem continuidade nos encontros que se seguiam e agora era a revelação Sassuolo a deslocar-se a Turim para colocar à prova Cristiano Ronaldo e companhia.
O português, que teve a melhor primeira metade de temporada desde que chegou a Itália, teve influência direta na primeira goleada, no dia 3, com dois golos e uma assistência que o colocaram não só como melhor marcador da Serie A isolado mas também com mais golos do que Pelé em jogos oficiais por clubes e seleção, e foi totalista sem marcar no triunfo em San Siro no dia 6, com Federico Chiesa a bisar e a assumir-se como principal figura de uma equipa que foi feliz nos momentos chave mas que procurou como poucas vezes essa felicidade no jogo. Figura durante a partida, figura depois da partida mas com um discurso onde preferiu apontar para outras duas figuras.
Mesmo que não marcasse, sei que tenho de jogar bem e dar tudo. Os golos são o resultado do que fiz. O treinador pediu-me para procurar os espaços porque jogadores como Dybala e Cristiano Ronaldo conseguem ver coisas que outros não”, explicou o avançado, em declarações à Sky Itália.
???????? Cristiano Ronaldo:
118 Goals for Manchester United.
450 Goals for Real Madrid.
84 Goals for Juventus.
102 Goals for National Team.The KING of Football ???? pic.twitter.com/LL3PaNYxnP
— TCR. (@TeamCRonaldo) January 10, 2021
“Desde o início que temos tentado tirar partido das capacidades de Cristiano Ronaldo, das suas características e queríamos que estivesse perto da baliza. Ele é decisivo em todo o lado mas isso é normal quando temos um campeão como ele. É alguém de quem dependemos”, frisou Andrea Pirlo antes do último encontro em San Siro, destacando os números goleadores de Ronaldo sobretudo numa fase que foi marcada pela ausência de Morata. E mais uma vez as atenções recaíam no capitão da Seleção Nacional e em Dybala, até pelas baixas na equipa por lesão ou por Covid-19, que depois de Juan Cuadrado e Alex Sandro chegou também ao central De Ligt. O argentino saiu lesionado ainda na primeira parte, o português esteve mais perdulário do que é normal mas acabou por confirmar a vitória já em período de descontos após uma corrida do meio-campo até ao remate certeiro na área (3-1), passando a ter 15 golos e reforçando a liderança de capocannoniere depois do segundo lugar atrás de Immobile em 2019/20.
Ramsey and Ronaldo score in the 82nd and 92nd minutes to give Juventus three vital points in the Serie A title race ???? pic.twitter.com/NQMG9jsoAC
— B/R Football (@brfootball) January 10, 2021
O Sassuolo entrou a acelerar com Ferrari a ter a primeira boa oportunidade logo aos dois minutos (a bola seria desviada depois para canto) mas a Juventus conseguiu nos minutos seguintes agarrar no jogo e criar duas chances de perigo com Ronaldo a saltar mais alto do que Consigli após cruzamento de Dybala mas a desviar um pouco por cima da trave e Frabotta, depois de uma fantástica assistência de McKennie de calcanhar, a obrigar o guardião a grande intervenção para canto. Os visitados tinham melhorado mas a substituição do americano por Ramsey antes dos 20 minutos iniciais em nada ajudou a continuar esse crescendo num jogo que não voltaria a ter lances de golo a não ser uma bola em que Ronaldo chegou ligeiramente atrasado na área após desvio de Betancur mas com dois dados importantes para o resto do encontro: a entrada de Kulusevski, por lesão de Dybala, e o vermelho direto a Pedro Obiang, numa entrada dura sobre Chiesa a meio-campo que foi sancionada pelo VAR (45+1′).
Ronaldo floated ???? pic.twitter.com/6EzhuaB259
— ESPN FC (@ESPNFC) January 10, 2021
Com mais uma unidade, Pirlo trocou o amarelado Betancur por Rabiot mas nem por isso a dinâmica da equipa foi explorando de forma eficaz a vantagem numérica, apesar do grande golo de Danilo de fora da área que inaugurou o marcador aos 50′. Pior: se na frente a equipa tinha dificuldades em criar oportunidades, no setor defensivo também facilitou e Grégoire Defrel, numa transição onde surgiu a receber na frente de Bonucci após diagonal, fez o empate com pouco mais de meia hora para jogar (59′). E enquanto o Sassuolo aguentou em termos físicos era assim que o jogo ia andando, antes de Chiesa acertar no poste (65′) e Ronaldo ter um “penálti em andamento” para grande defesa de Consigli (74′). A Juventus preparava o último assalto à baliza contrária, tinha Morata e Bernardeschi para entrarem, e acabou por chegar ao 2-1 a oito minutos do final por Ramsey, num lance onde Ronaldo saiu da zona da grande área, Frabotta colocou a bola rasteira na área e o galês apareceu a partir de trás para encostar. O encontro parecia ter chegado ao fim mas, no segundo e último minuto de descontos, o português deixou ainda a sua marca com uma correria de 50 metros desde o meio-campo até ao remate cruzado na área que fez o 3-1.
[Clique nas imagens para ver os golos do Juventus-Sassuolo em vídeo]