General garante à justiça que Azeredo Lopes sabia da farsa de Tancos

Martins Pereira disse durante inquirição no DCIAP ter informado o ministro da Defesa sobre memorando.

25 de outubro de 2018 às 01:30

O tenente-general Martins Pereira, chefe de gabinete de Azeredo Lopes, ministro da Defesa que se demitiu já este mês face ao escândalo da farsa montada pela PJ Militar quanto ao aparecimento das armas furtadas de Tancos, e ao encobrimento dos autores do crime, admitiu esta quarta-feira ter sido informado por dois dos envolvidos – major Brazão, investigador, e coronel Luís Vieira, diretor da PJM – sobre o esquema que aqueles tinham montado.

Não se remeteu ao silêncio, ao ser interrogado pelos procuradores do DCIAP, e contou que dera conhecimento ao ministro sobre o que lhe foi participado.

Martins Pereira, de resto, confirmou que os dois responsáveis da PJM – que acabaram detidos e um deles, o diretor, está em prisão preventiva – lhe entregaram um memorando no qual está descrita toda a atuação da PJM, em conluio com militares da GNR, para que as armas fossem devolvidas de forma anónima e protegendo os autores do crime.

Esse memorando já está nas mãos dos procuradores. Mas, acima de tudo, Martins Pereira confirmou que informou disso mesmo o ministro da Defesa Azeredo Lopes.

Comissão de inquérito será aprovada

Marcelo Rebelo de Sousa não quis pronunciar-se quarta-feira sobre a criação de uma comissão parlamentar de inquérito ao furto de Tancos.

A votação da proposta de inquérito está agendada para amanhã e terá a aprovação garantida com os votos do CDS, PS e PSD e a abstenção do PCP, BE e PEV, que já disseram que não vão inviabilizar o inquérito.

A proposta foi apresentada pelo CDS/PP, para quem o Governo "desvalorizou o sucedido ao tentar encerrar o problema sem retirar consequências".

PJM dá cobertura a ladrão e tenta enganar a PJ civil

O furto de material militar dos paióis de Tancos – entretanto desativados – foi revelado no final de junho de 2017. Entre o material furtado estavam granadas, explosivos de plástico e uma grande quantidade de munições.

As armas foram recuperadas pela PJM em outubro de 2017, após uma chamada anónima para o piquete. Mas tratava-se de uma farsa. Elementos da PJM e da GNR de Loulé tinham montado um esquema para evitar que a PJ civil recuperasse as armas e identificasse o autor do furto.

PORMENORES 

General de 3 estrelas

Dois anos com Azeredo

O tenente-general Martins Pereira foi chefe de gabinete de Azeredo Lopes durante dois anos, durante os quais acompanhou vários casos que comprometeram o Exército, como as mortes no curso de Comandos.

Arguidos e demissões

A ‘Operação Húbris’ já levou à constituição de nove arguidos, entre eles o ex-diretor da PJM, coronel Luís Vieira, atualmente preso em Tomar, e à demissão do ministro da Defesa e do Chefe de Estado Maior do Exército.

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