De um lado, o Benfica. Uma derrota nas meias da Supertaça com o FC Porto, a passagem à fase de grupos da EHF, oito vitórias noutros tantos jogos da Liga, uma série de 11 triunfos seguidos que começou ainda no final de setembro. Do outro, o Sporting. Uma derrota na final da Supertaça com o FC Porto, a passagem à fase de grupos da EHF, oito vitórias noutros tantos jogos da Liga, uma série de 12 triunfos seguidos que começou ainda no final de setembro. Até por aquilo que tem sido o arranque de temporada, o dérbi no Pavilhão da Luz tinha todas as condições para ser mais um grande espectáculo de desfecho imprevisível. No entanto, foi de outras coisas que se falou na antecâmara de uma partida de andebol muito aguardada.

Sporting acusa Benfica de não ceder bilhetes para o dérbi de andebol na Luz

Através de um comunicado divulgado no site oficial do clube, o Sporting lamentou que o Benfica não tenha cedido a habitual percentagem de bilhetes para adeptos visitantes conforme está previsto. “O Benfica informou o Sporting que a emissão dos ingressos solicitados apenas seria possível mediante a comunicação prévia dos dados pessoais (nome, documento de identificação, data de nascimento e contacto) de todos os adeptos que pretendessem assistir ao jogo. Por entender que a exigência carece de fundamento, o Sporting informou a Federação de Andebol de Portugal acerca do sucedido, tendo a Federação notificado aquele clube para proceder à cedência dos bilhetes requeridos pelo Sporting de acordo com os termos regulamentares aplicáveis. Até ao momento, apesar das insistências do Sporting, o Benfica não facultou quaisquer bilhetes aos adeptos do Sporting”, defenderam os leões na mesma missiva.

Poucas horas depois, e também através de um comunicado, o Benfica comentou o sucedido e manifestou-se disponível para enviar os ingressos caso fossem cumpridos os requisitos pedidos. “Estes acessos foram disponibilizados exatamente nas mesmas condições oferecidas a todos os adversários que esta época vieram jogar à Luz. A saber, a identificação do adepto que adquire esse mesmo ingresso. É uma prática e um procedimento que o clube aplica aos próprios adeptos do Benfica, quer quando joga em casa, quer quando joga fora, não havendo por isso, e como bem se atesta, qualquer espaço para discriminação, seja de que natureza for. O Benfica sublinha total disponibilidade para enviar imediatamente os bilhetes que se encontram reservados aos adeptos da equipa adversária logo que o Sporting entenda enviar os dados solicitados, os quais serão tratados no estrito cumprimento da legislação, cujo espírito visa garantir a total segurança dos adeptos do Benfica e daqueles que nos visitam”, justificaram as águias na resposta.

O dérbi acabou mesmo por não ter adeptos visitantes mas nem por isso deixou de cumprir tudo o que se esperava em termos de equilíbrio e emoção (mesmo com a superioridade das defesas sobre os ataques, sobretudo na primeira parte), terminando com uma vitória do Sporting discutida pelo Benfica até ao último minuto num jogo onde os irmãos Martim e Kiko Costa tiveram uma entrada determinante em campo.

O encontro começou com domínio das defesas (e dos guarda-redes) face aos ataques, sendo preciso esperar mais de cinco minutos para Ole Rahmel inaugurar o marcador com um remate da ponta direita. Os leões demoraram a responder, Sergey Hernández manteve-se a brilhar na baliza e só mesmo com 8.20 surgiu o primeiro golo verde e branco por Jens Schongarth para um 2-1 que passaria de novo para dois golos de vantagens dos encarnados no ataque seguinte. No entanto, à passagem dos 12 minutos, o Sporting voltou de novo a alcançar o empate no marcador, deixando tudo empatado num dérbi equilibrado.

Só mesmo depois de meio da primeira parte o Sporting conseguiria pela primeira vez passar para a frente do marcador num livre de sete metros convertido por Francisco Tavares, dando o mote para aquele que seria o melhor momento dos leões que chegaram a uma vantagem de quatro golos beneficiando também das superioridades numéricas (9-5). No entanto, seria o Benfica a terminar da melhor forma, aproveitando as segundas exclusões de Schongarth e Salvador Salvador para reduzir esse fosso, empatar à entrada para o último minuto antes do intervalo e passar para a frente com um parcial de 5-1 nos derradeiros minutos carimbado com mais um golo de ponta de Ole Rahmel que fez o 11-10 com que se atingiu o descanso.

Sem grandes destaques a nível de concretização, também pelos poucos golos marcados nos 30 minutos iniciais, Rahmel e Francisco Tavares eram os dois melhores marcadores em campo com três golos cada num dérbi que iria recomeçar de forma diferente perante o maior número de ataques organizados com finalização concretizada. Ainda assim, os encarnados mantiveram a ligeira supremacia, conseguindo a sua maior vantagem até esse momento com um 16-13 feito com dois golos de meia distância de Grigoras, outra das caras novas para esta época que seria logo na jogada seguinte excluído por dois minutos. A 18 minutos do final, no seguimento de um parcial de 3-0 entre decisões contestadas pelos elementos da casa, o dérbi voltava a ficar empatado a 17 no seguimento de uma boa recuperação do conjunto verde e branco.

Com Martim Costa a aparecer em grande plano no ataque e o Benfica a somar vários erros ofensivos, o Sporting completou um parcial de 5-0 deixando em branco os encarnados durante largos minutos até um livre de sete metros transformado por Belone Moreira que fez o 20-18 pouco antes do vermelho direto a Schongarth que afastou o lateral leonino da parte final da partida e levou à entrada de Kiko Costa, filho do técnico leonino e irmão mais novo de Martim (16 anos). Foram os dois benjamins do conjunto de Alvalade que fizeram a diferença na parte final, dando contributo decisivo para o triunfo dos leões por 30-27.