A noite estava escura em Cabo Canaveral à hora do lançamento da Sonda Solar Parker. Eram 3h31, mais cinco horas em Lisboa, quando o foguetão Delta IV Heavy descolou.
Faltavam 10 segundos para o lançamento, mas o som e vibração dos propulsores mal deixaram ouvir a contagem decrescente. Pouco depois o clarão da explosão — de força para a descolagem, não de falhanço — e o foguetão afastava-se da estrutura que o tinha suportado até aqui.
3-2-1… and we have liftoff of Parker #SolarProbe atop @ULAlaunch’s #DeltaIV Heavy rocket. Tune in as we broadcast our mission to “touch” the Sun: https://t.co/T3F4bqeATB pic.twitter.com/Ah4023Vfvn
— NASA (@NASA) August 12, 2018
O som dos propulsores manteve-se bem audível durante os primeiros minutos — mesmo para quem só estava a ver o lançamento à distância — até o foguetão não ser mais do que um ponto brilhante no céu.
As 24 horas que os técnicos ganharam com o adiamento do lançamento da sonda permitiu resolver os problemas técnicos detetados. O foguetão e a sonda continuam a ser vigiados ao minuto para garantir que tudo está a correr conforme planeado.
A cada minuto o funcionamento dos três propulsores ia sendo vigiado. Sem a força deste foguetão, seria impossível colocar a sonda no caminho certo até ao Sol. É preciso 55 vezes mais energia para lançar a sonda para o Sol do que para Marte.
Delta IV Heavy seguiu o trajeto esperado e ao fim de pouco mais de um minuto, o foguetão tinha atingido a velocidade do som. Graças à força de propulsão, pouco depois dos dois minutos e meio o foguetão pesava metade do que se estivesse na Terra.
A United Launch Alliance, responsável pelo foguetão Delta IV Heavy, preparou uma animação com o que vai acontecer em cada momento do lançamento e na viagem da sonda pelo espaço:
Ainda antes dos quatro minutos, o foguetão desligou e libertou dos dois motores laterais, colocou o motor central na potência máxima e seguiu viagem. Neste momento, o foguetão estava a gastar cerca de 1.190 litros de combustível por segundo, viajava a 24.750 quilómetros por hora e atingia os 138 quilómetros de altitude.
Depois dos cinco minutos, o combustível do motor esgotou-se e a primeira etapa da viagem completa-se com a libertação do motor que deixou de funcionar. Mas o foguetão e a sonda ainda têm outros recursos.
O motor da segunda ligou-se e, poucos segundos depois, a cápsula que envolvia a sonda libertou-se. Cada vez mais leve — com menos de 5% do peso aquando a descolagem — a viagem continua.
The @NorthropGrumman third stage has ignited! #ParkerSolarProbe pic.twitter.com/gDdhbaxR2A
— NASA's Launch Services Program (@NASA_LSP) August 12, 2018
Pouco antes dos 40 minutos, a sonda libertou-se de todas as estruturas que a ajudaram na viagem exceto do motor da terceira etapa, a peça que faltava para que possa realmente contrariar o movimento da Terra em torno do Sol e dirigir-se para a estrela. Uma propulsão potente de um minuto e a missão deste motor chegou ao fim, libertou-se da sonda.
A Sonda Solar Parker segue a viagem de seis semanas em direção a Vénus que a vai ajudar a abrandar a velocidade e ajustar a rota em direção ao Sol. Por agora está garantido que consegue abrir os painéis solares que lhe vão fornecer parte da energia que precisa.
We have confirmation that the #ParkerSolarProbe solar panels have been deployed. pic.twitter.com/c0n2FfaVKH
— NASA's Launch Services Program (@NASA_LSP) August 12, 2018
“Tenho de deixar de roer as unhas por causa do lançamento e começar a pensar em tudo o que se vai descobrir que eu ainda não sei”, disse Eugene Parker, o físico que descreveu os ventos solares pela primeira vez e que deu o nome à sonda. “Tudo o que posso dizer é: Uau!”
Aos 91 anos, é o primeiro lançamento que Eugene Parker tem oportunidade de assistir ao vivo. “É como o Taj Mahal. Toda a gente já o viu em fotografias. Mas quando estamos lá é que percebemos que as fotografias e vídeos não captam tudo.”
Para saber mais sobre o objetivo da missão da Sonda Solar Parker e sobre a tecnologia que teve de ser desenvolvida:
(Artigo atualizado às 9h45 com mais informação)