Um jovem de 22 anos foi detido esta tarde depois de organizar um pequeno protesto contra as propinas. Uma dúzia de estudantes esperavam a chegada de Marcelo Rebelo de Sousa para a sua última aula com o objetivo de entregar uma carta ao Presidente da República.
A PSP justifica a identificação do jovem, que se chama António Azevedo, como uma questão “normal”. “As manifestações têm de ser informadas à Câmara Municipal de Lisboa e à PSP, o que não aconteceu neste caso. Mesmo assim, a manifestação pode realizar-se na mesma, desde que o organizador esteja devidamente identificado por “incorrer na prática de um crime de Desobediência Qualificada nos termos da Lei da Reunião e Manifestação“, explicou fonte oficial do PSP ao Observador.
Contudo o jovem recusou-se identificar-se e por isso teve de ser encaminhado para a esquadra mais próxima a fim de ser identificado. “Nos termos da Lei, nestas situações, o sujeito nunca poderá passar mais de seis horas na esquadra. Neste caso, passou 20 minutos”, explicou a mesma fonte, esclarecendo assim que o jovem já foi libertado.
O grupo de jovens manifestantes conseguiram mesmo entregar ao Presidente da República, tendo o jovem que acabou por ser detido trocado umas palavras com Marcelo. “A educação supostamente é um direito, mas pagamos 1.068 [euros], não é?”, atirou o jovem. “Quando fui líder do PSD, eu inclusive contribuí para o chumbo de uma proposta do Governo porque as propinas eram muito elevadas”, respondeu o Presidente que voltou a ser provisoriamente professor para a sua última aula.
Mas o aluno não se ficou: “[As propinas] continuam a existir e os orçamentos do Estado a passar, não é?”. “Eu estou atento a isso”, afirmou o Chefe de Estado, sugerindo aos jovens que “têm de ir ao Parlamento conseguir com que os partidos lutem por isso também”. Há que “fazer cumprir a Constituição também, senhor Presidente”, defendeu António Azevedo, perguntando ainda “porque é que o Presidente não apela a um consenso para o fim das propinas”. “O Presidente apela, mas é preciso que os partidos todos votem”, disse Marcelo.
Questionado pela agência Lusa sobre se era filiado em algum partido político, o jovem de 22 anos não quis responder, alegando que isso era “irrelevante”.
Erguendo cartazes de protesto, os alunos entregaram ainda ao Presidente da República um documento no qual consideram que “as políticas públicas de cortes no financiamento do ensino superior geraram por todo o país, e aqui em Lisboa, uma situação catastrófica para estudantes, famílias e instituições do ensino superior público”.
Realizou-se esta tarde a última aula — aula de sapiência — de Marcelo Rebelo de Sousa na Aula Magna assinalando também a abertura do ano letivo da Universidade de Lisboa.