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Fernando Medina perdeu a Câmara de Lisboa e ouviu o líder do PS lembrar que tinha sido uma reconquista sua em 2007.
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Fernando Medina perdeu a Câmara de Lisboa e ouviu o líder do PS lembrar que tinha sido uma reconquista sua em 2007.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Fernando Medina perdeu a Câmara de Lisboa e ouviu o líder do PS lembrar que tinha sido uma reconquista sua em 2007.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Costa a braços com fuga de votos e com um tiro na jóia da sua coroa: Lisboa

Lisboa foi inesperadamente para o PSD e houve mais perdas para esse lado no país, ainda que o líder socialista insista que quem reforçou com as perdas do PS foi o parceiro orçamental, o PCP.

Pela uma da manhã, quando António Costa falou na sede do PS os socialistas já tinham praticamente certa a derrota na Câmara de Lisboa para Carlos Moedas. O líder do PS sabia também que tinha saído derrotado em Coimbra e no Funchal, ou seja, três capitais de distrito perdidas diretamente para o PSD. Aguardava certezas sobre Sintra, onde o PS perdeu a maioria absoluta, e Loures, que conseguiu roubar ao PCP. Ainda assim, Costa reclamava “vitória” para o seu partido, que tinha (e manteve) o maior número de câmaras e freguesias, evitou a metade do copo que mostra o país a alaranjar (com algumas diferenças que o PS tinha a encurtarem) e preferiu focar nas perdas sofridas diretamente para o PCP, o parceiro na frente negocial que se segue, a orçamental. Garante ter saído “sem dor de cabeça”, mas teve de recorrer a este analgésico mais à mão.

Ao seu lado, enquanto falava, António Costa tinha um quadro com o mapa do país pintalgado entre o rosa e o laranja, mas recusava essa comparação. Quando foi diretamente questionado sobre a recuperação social-democrata nestas autárquicas, o socialista assinalou que, naquela altura, o PS tinha “ganho mais câmaras ao PSD do que à CDU” e tinha ganho “cinco câmaras à CDU”. Conclusão, ditava: “Ganhámos mais ao PSD do que a CDU”. As perdas do PS, à hora da publicação deste artigo, ascendiam a mais de 200 mil votos ao nível nacional.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Nas próximas duas semanas, no seu outro papel, o de primeiro-ministro, António Costa terá reuniões ao mais alto nível com PCP e Bloco de Esquerda para negociar o Orçamento do Estado para 2021 e a tese que montou esta noite foi que, mesmo em Lisboa, foi “manifesta a transferência de voto do PS para a CDU”. E que, no país todo, não vê “a alternativa política que a direita representa com estes resultados eleitorais”, mas sim  que “o país deseja a continuidade da mudança política que se iniciou em 2015, com PCP, BE, PEV e PAN”. E para este capítulo repetia o que já dissera em campanha, que não espera que possa trazer “perturbações para as negociações” do Orçamento.

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Lisboa foi “tristeza pessoal” para Costa. Mas não só

Em Lisboa o PS foi apanhado de surpresa, com todas as contas que se faziam na candidatura de Fernando Medina ainda na sexta-feira passada, último dia de campanha, a apontarem perdas mínimas nas freguesias. Talvez Avenidas Novas, contabilizava-se então. Mas a realidade revelou-se bem mais agreste para o PS que viu fugir-lhe a Câmara que Costa fez questão de afirmar que tinha sido ela a reconquistar em 2007. “Uma tristeza pessoal”, assumiu ainda no Largo do Rato, antes de se juntar a um desolado Fernando Medina, no Pátio da Galé, na Praça do Comércio.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Os socialistas não arriscavam explicações, ali a quente à volta do presidente de câmara derrotado, mas sublinhavam o que Costa já tinha dito: os quase 23 mil votos perdidos pela coligação PS e Livre, em Lisboa, não foram diretamente para o PSD que, nestas eleições coligado com o CDS, teve apenas mais 500 votos do que as duas forças somadas em 2017. Já o PCP conseguiu mais 1.400 votos do que há quatro anos. As contas, em vereadores, ditaram um empate em número (7) entre o PSD e o PS, dois para o PCP e um para o Bloco de Esquerda.

Mas aqui não há geometrias variáveis para formar governos como acontece nas legislativas — e Medina tinha sentado na primeira fila o líder do partido que sem uma vitória eleitoral em 2015, conseguiu formar Governo. “Aqui é presidente o mais votado”, disse logo Medina assumindo a derrota “pessoal e intransmissível” e, com esta frase, tentando colocar uma cerca sanitária à sua volta para não contaminar o PS.

No Largo do Rato, pouco antes, António Costa tinha tentado fazer o mesmo, ao dizer que “o país não é só Lisboa” e apontando os (naquela altura) 150 presidentes de câmara eleitos pelo partido. À entrada tinha fixado como fasquia a manutenção da maioria das presidências de câmara e de junta de freguesia no país e essas eram dadas com certas, quando falou (e assim se mantiveram). Mas mesmo neste pano a nódoa caiu, com o PS a perder Coimbra e com ela não só o concelho que tinha desde 2013 entregue nas mãos de Manuel Machado, mas também o homem que liderava desde então a Associação Nacional dos Municípios.

E o mesmo o presidente da ANAFRE, o socialista Jorge Manuel Lebre da Costa Veloso, da União das Freguesias de São Martinho do Bispo e Ribeira de Frades, estava com o lugar de presidente ainda em risco à hora a que este artigo foi publicado. Ou seja, o PS mantém as duas presidências mas os homens que tinha escolhido para as lideraram estavam ambos na linha da derrota. Mais uma chicotada política para o líder socialista.

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Na parte meio cheia do copo, Costa tinha pouco para apontar. Mais câmaras do que o PSD, é certo, mas menos do que em 2017. Três capitais de distrito perdidas, sendo uma delas a maior do país, que passa diretamente para as mãos sociais-democratas Lisboa. Uma, Castelo Branco, em que a maioria absoluta fugiu ao partido. Outra, Amadora, em que Suzana Garcia, “uma grande estrela de televisão” do PSD — como lhe chamou ironicamente Costa — não venceu, mas ganhou terreno ao PS (que manteve a maioria absoluta). Viseu, onde Costa investiu até um comício de encerramento de campanha na esperança de ver a capital do distrito que já foi conhecido por cavaquistão mudar de cor, mas onde acabou por ficar a reclamar “o melhor resultado” que o PS já teve no concelho.

Além disso, na Madeira, Costa ainda teve de lidar com a saída da estrela socialista na Região Autónoma, Paulo Cafôfo, que não resistiu à derrota socialista no Funchal e pediu a demissão do PS-Madeira.

No final das contas — que se mantinham em aberto à hora que este artigo foi publicado — o PS não só tinha perdido 11 presidências, em relação a 2017, como tinha perdido 16 das 141 maiorias absolutas que tinha pelo país. E a conta ainda não estava fechada.

Filipe Amorim

Costa adiantou logo duas explicações possíveis: uma, a pandemia e o “difícil contexto económico” que o país atravessa; outra, “a multiplicação das coligações contra o PS. Pelo mero efeito matemático, se tivessem existido estas coligações há quatro anos, o PS tinha tido menos 10 câmaras do que teve”. As contas de Costa saldaram-se assim e com uma saída de cena, já na Praça do Comércio e depois de estar com Medina, a garantir que a liderança do PS não está em aberto — Pedro Nuno Santos está sempre preparado e agora ainda mais com Fernando Medina, outro potencial adversário para o futuro socialista, ‘ferido de morte’.

Também foi questionado sobre outra leitura, a do Presidente da República que pede, há algum tempo, uma alternativa forte ao Governo. “Não estou no íntimo do Presidente da República para saber com que alternativa ele sonha e muito menos sei que resultados são os do PSD”. A resposta de Costa não ficou por aqui, já que não só voltou a dizer que o PSD não saiu reforçado mas antes a CDU e de forma “muito significativa”. “Os votos que foram transferidos do PS destinaram-se a reforçar a CDU. Se é esta a alternativa com que o Presidente da República sonha, não sei”.

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