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Tímido, criativo e conservador no comportamento mas não nas ideias, aprecia o polimento da palavra e a elegância do gesto e por isso faz televisão com delicadeza. Assim se descreve Júlio Isidro, o rosto da televisão com mais anos de trabalho ainda em atividade.
Comunicador de referência, provavelmente antivedeta, dobrou os 75 anos a 5 de janeiro e entende que o público sempre o admirou mas que “os poderes” só agora o reconhecem, porque nunca alinhou em “almocinhos e jantarinhos”. “A coerência venceu, sou quase consensual”, analisa.
Estreou-se aos 15 anos no “Programa Juvenil” da televisão pública (que tem apenas mais três anos de existência do que ele tem de carreira), liderou audiências com “O Passeio dos Alegres” no início da década de 80 e foi um dos locutores mais populares da rádio. Continua a tratar espectadores e ouvintes por “amigos” e a fazer programas na fronteira do jornalismo e do entretenimento. Com guião, mas sem teleponto. “Não escrevo uma linha do que digo”, garante.
Na RTP Memória produz e apresenta há nove anos o talk show “Inesquecível” e integra a tertúlia de “Traz P’rá Frente”. Aos sábados de manhã está aos microfones da Rádio Renascença com Paulino Coelho em “Hotel Califórnia”. Há dias, num hotel de Lisboa, sentou-se à conversa com o Observador.
Algum dia imaginou que estaria a comemorar 60 anos como apresentador?
Jamais. Quando era jovem – miúdo não, já jovem, por volta dos 30 anos –, interrogava-me sobre se iria chegar ao ano 2000, uma data tão redonda e simbólica. Isto em termos de vida, quanto mais pensar em anos de carreira. Só a partir de determinada altura, por causa deste meu espírito um bocado geométrico, é que comecei a achar que valia a pena chegar à data redonda.
E como é?
Olhe, é ter a certeza absoluta de que aquilo que estou a fazer neste momento vale a pena. As datas redondas são uma abstração, uma coisa para nós, para as emoções e para os nossos sentimentos, não têm nada a ver com a realidade objetiva. Mas a realidade objetiva é a de que, com 60 anos de carreira, considero que profissionalmente não estou nem um bocadinho pior do que estava há 30. Sob o ponto de vista daquilo que considero ser o serviço público de televisão, que é onde trabalho, estou no apogeu da minha forma intelectual e física e consequentemente da minha maneira de fazer televisão.
Como é que se faz essa avaliação?
Para já, com a própria experiência. Não vale a pena sair de um programa de televisão com a ideia de que fui brilhante tendo feito uma porcaria. Em qualquer atividade, qualquer profissional a sério sabe perfeitamente quando faz bem e quando faz mal. Pode maquilhar um bocadinho a sua performance, mas tem consciência de quando fez mal ou só assim-assim. Não olho para o meu umbigo, olho para o resultado do meu trabalho e ouço-o, sem ser preciso sequer – os meus programas são gravados “live on tape” – chegar ao sábado à noite e sentar-me no sofá a ver-me a mim próprio, o que é raro.


▲ É o mais antigo rosto da televisão no ativo mas acha que só agora lhe dão valor.
JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR
Não gosta de se ver?
Não é isso. O trabalho está feito e estou sempre a pensar no que vem a seguir, no que está dentro da minha cabeça, nos meus sonhos. Normalmente, aos sábados estou a escrever os guiões dos programas seguintes. Às vezes, é a minha mulher que rebobina e vai ver um bocadinho. Quando há um entrevistado que acho que deu uma entrevista peculiar, vou ver esse bocadinho, mas não me vou ver a mim, vou ver o programa e sobretudo aquilo que penso, e felizmente não ando longe da realidade, aquilo que penso que está a chegar com qualidade. O agrado do público é uma outra discussão.
O agrado do público mede-se, por exemplo, pelas audiências.
Começa nas audiências, mas não se extingue aí, muito pelo contrário. Nunca trabalhei para aquilo a que se chama o gosto médio do público; trabalhei e continuo a trabalhar não na perspetiva do que os estudos de audiência dizem ser o que o público quer. Gosto de ir um pouco mais longe: é aquilo que perceciono que o público quer, mas em alguns casos não sabe que quer. Pode parecer uma perspetiva metafísica, mas não, é muito fácil lá chegar. Costumo dizer: não desço até ao povo, subo até ao povo. É a primeira postura que um profissional de comunicação social, seja ele qual for, deve ter: não se imaginar num pedestal com a populaça lá em baixo. A populaça, para mim, está lá em cima, portanto, tenho de ir procurar o que há de melhor nas pessoas. Procurar o que há de pior, de mais elementar ou até de verdadeiramente medíocre, não. Todos temos na nossa personalidade o diabinho num ombro e o anjinho no outro, ou o bom gosto de um lado e o mau gosto do outro. Não me venham dizer que o bom gosto e o mau gosto não se distinguem, distinguem-se mesmo e as pessoas sabem o que é uma coisa e outra. Sobretudo, o meu trabalho em televisão é delicado, faço televisão delicada: na terminologia que uso, na forma como me aproximo dos meus convidados, como me aproximo do público. Existem regras para isso, algumas delas aprendem-se em casa, não é preciso um curso de comunicação social. Às vezes, penso que uma das falhas dos cursos é não ensinarem o polimento da palavra, a elegância do gesto, essas coisas. Pode parecer uma teoria passadista, mas é a minha.
Alguma vez resvalou para o mau gosto, para o gratuito?
Resvalar para o mau gosto é uma coisa, resvalar para o gratuito é outra. Para o gratuito, ou seja, a mensagem pela mensagem, o comprimido Melhoral que não faz bem nem mal, resvalei com certeza muitas vezes e farei até com muito gosto. Agora, o mau gosto, os maus costumes, a falha ou a anulação de valores, isso tenho a certeza de que não. Nunca fui acusado – também seria o primeiro a acusar-me, mesmo quando era mais novo – de estar a fazer coisas que soubesse que exploravam os sentimentos das pessoas, os instintos mais básicos, a agressividade, a ordinarice, o exibicionismo, por aí fora. Ao fim destes 60 anos, nesse julgamento estou inocente. Quero ressalvar que isto que digo colhe tanto numa televisão privada como na televisão estatal.
Esteve escassos anos na TVI, foi o único momento em que saiu da RTP.
Nem chegou a escassos anos, mas fiz o que faço, com os mesmos princípios.
Porque é que nunca transitou para a TV privada? Fica a ideia de que não se identificava com os princípios.
Foi por uma outra questão. Tenho refletido muito, olhado para trás, e penso que agora é que as pessoas realmente reconheceram aquilo que valho em valor absoluto. Claro, houve sempre muita gente a demonstrar-me muito respeito profissional e sempre tive o público. Fazer programas de televisão com 90 e tal por cento de “share” foi obra. Posso dizer que nesta altura há um reconhecimento. Nunca chega tarde, ainda bem que chegou.
Reconhecimento pelos pares?
Pelos poderes que estão na minha área. E talvez também fora da área. Uma vez, fui convidado de um programa onde se debatia um problema qualquer social ou comportamental. Estavam várias pessoas, várias cabeças que pensam, e eu também botei palavra, dei a minha opinião. No dia seguinte, entro na televisão, vou para o elevador, isto ainda na 5 de Outubro [primeira sede da RTP em Lisboa], e cruzo-me com uma pessoa que me diz assim sobre a minha prestação: “Tu, afinal…”. Nem precisou de dizer mais nada. Eu, afinal, penso, leio, era isso que a pessoa queria dizer.
Mas como é que explica a consagração tardia?
O tempo ajuda, essencialmente é isso. Foi só deixar passar o tempo, continuar a fazer a mesma coisa. A coerência, sem ser teimosia, como é o meu caso, felizmente venceu. Até poderia só ter uma consagração póstuma, o que seria muito chato, porque não poderia agradecer. Nesta altura, tenho todas as condições para dizer a toda a gente “muito obrigado”. Tenho a perceção de que ser consensual é muito desagradável, mas sou quase consensual e ainda bem.
Sente-se confortável com esse quase consenso?
Sim, porque acho que é justo. Há consensos feitos de bajular o auditório. Não passo lustro ao auditório, não faço de propósito para parecer querido, generoso, militante da bondade e do amor ao próximo. Faço como sou e as pessoas curiosamente vão-me adivinhando.
A pessoa que vemos no ecrã não tem nada de personagem?
Remeto para si a pergunta.
Mas gostaríamos de ouvir a sua opinião.
Acho que sou muito próximo, muito embora haja a componente profissional que me obriga a que, esteja ou não “in the mood”, tenha de estar muito bem disposto. Mas isso é a profissão. Não vou é representar o papel do apresentador. Aquilo a que chamo partir o vidro da televisão, passar para o lado de lá, só resulta quando não somos de plástico.
[Na semana passada foi ao “Você na TV”, da TVI:]
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Disse em 1982, numa entrevista ao semanário “Se7e”: “Não consegui chegar a determinados programas em certa altura da minha vida por ser um indivíduo fora de todos os circuitos: políticos, intelectuais, económicos e dos jantarinhos e almocinhos.”
Tudo certo, mantenho. O ser um não-alinhado, um corredor sozinho, deu-me muitos problemas e a necessidade de me esforçar muito, mas também o prazer de fazer rigorosamente aquilo que pensava e em que acreditava. Não sou nada de especial, sou só aquilo que sou.
Como é que exerce o poder que a televisão lhe dá?
Sei que o meu trabalho produz influência, mas não poder. Sempre valorizei duas coisas: qualidade e oportunidade. Sempre levei aos meus programas artistas – estou a falar da música, mas em muitas outras áreas fui inovador, ou, se quiser, lançador – que tinha a certeza de que eram muito bons e toda a gente deve ter uma porta aberta.
Nunca se deixou deslumbrar por esse poder?
Os beneficiários desse poder dizem que não. Agradecem-me por se terem estreado comigo, embora também haja outros que apagam isso da biografia. Não posso garantir que tivesse a maior empatia pessoal por todas as pessoas que tenha lançado nos meus programas. Felizmente, acontece que dessa experiência, dessa estreia, é que muitas vezes podia nascer a proximidade. Ainda hoje, ao “Inesquecível”, costumo levar gente nova e muitos deles depois continuam a escrever-me e simpatizam comigo. Faço força pessoal para simpatizar com toda a gente. São todos boas pessoas até várias provas em contrário.
Quem é que admira na televisão ou na rádio de hoje?
A lista é enorme e não vou poder citar um nome ou dois, porque ficam 10 por citar. Posso dizer que há gente nova com grande criatividade, com uma linguagem muito solta e com graça. Se me permite uma crítica, e é só, acho que a obrigatoriedade de ter gracinha é uma das situações menos positivas da comunicação social atual. Não podemos ser todos humoristas. Há humoristas e até há humoristas que não têm humor, mas isso é uma questão de gosto. Penso que o único pecadilho que existe hoje é a necessidade de se ser muito engraçadinho. Cito o meu amigo Mário Viegas, que tinha uma perceção finíssima destas coisas. Dizia-me assim: “Julinho, tu acertas sempre, porque graça em cima de graça dá desgraça.”
“Disseram-me que era o melhor, mas não entrava porque era feio”
Começou no início da década de 60 quando a RTP foi ao Liceu Camões escolher apresentadores para um programa juvenil que estava para nascer.
Aquilo foi por eliminatórias, não foi só no Liceu Camões, em vários liceus da área de Lisboa. De 300 ou 400 jovens, fui parar a uma seleção final de 16. Não sei como é que lá estava. Não fui eu que me ofereci, fui nomeado pelo padre Ávila, que era o maestro do orfeão do Liceu Camões. Quando havia atuações, ele chamava-me para ir à frente anunciar a próxima canção. Como eu também fazia aeromodelismo, encaixava-me, porque o programa da RTP queria ter uma rubrica de modelismo. Fiz as provas e disseram-me que era o melhor dos 16, mas não entrava porque era o mais feio. Fui para casa chorar. Há 60 anos, um jovem de 15 anos chorava, era mais miúdo do que os jovens de 15 anos de hoje. Fiquei muito triste, mas finalmente fui chamado. Fui cantar no orfeão do Liceu Camões no dia 16 de janeiro de 1960 e isso coincidiu com o lançamento do Programa Juvenil. Éramos três coapresentadores: eu, João Lobo Antunes e Lídia Franco.
Como foi ser famoso aos 15 anos?
Olhe, depois de me ter estreado naquele sábado, voltei ao liceu na segunda-feira e não me lembro de ter tido qualquer impacto. Havia muito menos televisores, não havia forma de divulgar os programas, o programa era das seis às oito da noite. No âmbito do liceu e das minhas amizades, não tive um eco especial, mesmo durante muito tempo, o que me fez de imediato comportar como acho que devemos comportar-nos: como as outras pessoas. Nunca fui a vedeta nem da turma, nem do ano, nem do liceu. Isso foi bom. Se tivesse sido tratado como tal, a minha timidez e uma grande racionalidade que tenho a esse nível, iram dizer-me para não fazer figura de urso.
Sempre foi antivedeta?
Acho que as pessoas perceberam isso desde sempre. Note que ser antivedeta não é a mesma coisa que não ser vedeta. Ser antivedeta já subentende, do meu ponto de vista, uma forma de vedetismo. Somos todos iguais, ninguém é especial. O cantor que pede um camarim todo forrado com papel às bolinhas e exige uma bebida exótica, é um idiota, ou talvez o empresário dele é que seja.
Apesar de muito racional, consegue partilhar uma memória afetiva destes 60 anos?
Para isso, falava da carreira inteira, porque faço mesmo televisão e rádio com o coração. Há uma semana, quando entrei na Renascença para ir fazer o meu programa, cruzei-me com um administrador. Penso que é administrador, veja lá, nem sei bem, sei que o senhor é padre e manda lá dentro. Disse-me uma coisa: “Júlio, que bom vê-lo e ouvi-lo, porque a voz do Júlio tem luz.” Nunca ninguém me tinha dito isto. Tenho tido tantos e tantos momentos de afeto nas mais variadas circunstâncias. Uma vez, terminei uma temporada de “O Passeio dos Alegres” [1981], era um solteirão impenitente e tinha marcado um hotel no Algarve para ir passar uns dias de férias. Meto-me no carro, um Citroën Visa, e a meio da viagem paro numa bomba de gasolina que tinha uma casinha com janela. De fora via-se a luminosidade de um televisor. Vem o empregado, peço para atestar e ele olha muito para mim. Quando vou pagar, diz-me assim: “Então, senhor Júlio Isidro, vai-se embora o amigo dos pobres?” Aquilo bateu-me na cabeça de uma forma… Naquela casinha, no meio de um Alentejo árido, eu era uma companhia. “Não, não, vou de férias e depois volto.” Foi um momento de emoção.
Prefere televisão ou rádio?
Como não temo ser despedido de lado nenhum, vou dizer que gosto mais de rádio do que de televisão. Gosto muito de fazer o exercício da palavra e a televisão condiciona mais. Nem sempre uma imagem vale mais que mil palavras, mas em televisão talvez dê jeito sermos mais sintéticos, porque temos imagem. Em rádio, podemos ser menos sintéticos para sermos mais capazes de convencer e de dialogar, sem que o outro esteja ali perto de nós. O que faço em rádio é pensar que os outros me estão a ouvir e que até falam comigo. Faço o mesmo em televisão, porque para mim a câmara é uma abstração, a câmara são pessoas.
[célebre entrevista com António Variações em 1984:]
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“Vivo nas catacumbas da televisão, é ali que crio as peças do meu programa”
É verdade que nunca teve um vínculo laboral estável com a RTP?
É verdade, muito embora tenha tido agora, pela terceira vez consecutiva, uma renovação de contrato por mais de um ano. Até há seis anos, os meus contratos eram de 13 programas. Portanto, sou o precário mais antigo do país. Desde 1 de janeiro deste ano, tenho contrato por mais dois anos. Há dois anos, quando cheguei a casa e disse “renovaram com o papá por mais dois anos”, a minha filha mais nova, a Francisca, diz assim: “Papá, quer dizer que este Natal não vamos andar nervosos.” Poderia ter sido funcionário da RTP quando fui diretor de programas [por volta de 1984] em triunvirato: eu tinha a área do entretenimento, o Seixas Santos ficou com a ficção e o António Reis tinha a área da cultura. Entendíamo-nos muito bem, mas foi um formato estranho e estive pouco tempo. Poderia ter ficado funcionário, mas disse que não queria. A circunstância de não ter emprego e de procurar trabalho foi muito estimulante para mim.
Tornou-se mais criativo?
Mais criativo, mais produtivo, mais persistente. Nunca a pedir trabalho, porque nas vezes em que pedi trabalho correu-me sempre mal. Pedir trabalho é uma situação de inferioridade. Quem pede trabalho está imediatamente a criar um fosso entre quem pede e quem oferece.
Vai todos os dias à RTP?
Vou, mas enfio-me na edição e no arquivo. O que conheço bem é o piso zero e o piso menos um. Vivo nas catacumbas da televisão, é ali que crio as peças do meu programa.


▲ Começou aos 15, foi campeão de audiências e está certo de nunca ter abraçado o mau gosto. “Estou no apogeu.”
JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR
Parece-lhe mal que lhe perguntem até quando vai fazer televisão?
Também já me perguntei e parece-me mal eu próprio não ter uma resposta. Vou-me embora? Muitas vezes, o que não me apetece fazer é o trajeto para a televisão. Nunca me aconteceu pensar “lá vou fazer um programa chato”, mas já me aconteceu pensar ficar em casa, se calhar ir ler um livro ou fazer uma aula de ginástica e depois passar pela minha oficina para construir mais um bocado de um avião. Mas tenho muito medo do “day after” [dia seguinte], porque penso que estou vivo porque sou empurrado pelas circunstâncias. Creio que envelheceria muito se não tivesse força de vontade. Quando isso acontecer, espero que a minha mulher, que é bastante mais nova que eu, me tire do sofá e me empurre para fora de casa. Sou pouco de sofá, vejo pouca televisão, faço escolhas cirúrgicas para me aperceber do que está acontecer, para além da informação, que vejo sempre e de várias estações. Ainda não me dei essa resposta, mas é evidente que não estou a longo prazo.
Já disse que gostaria que o seu último programa na televisão fosse um “talk show” em direto, todos os dias à noite. Mantém?
Mantenho, mas é apenas uma ideia, porque não tenho qualquer esperança de que isso aconteça. Estou muito bem acolhido na RTP Memória, tenho tido alguns dos melhores momentos em termos de tranquilidade e obviamente na RTP Memória não há espaço para um programa diário meu. Já tive um, na RTP Internacional, com imenso sucesso, o “Entrada Livre”. Tenho a noção do tempo em relação ao meu próprio tempo de vida. A média dos homens está em 81 anos, a das mulheres está em 83. Os livros que se vão acumulando, os filmes que já saíram das salas, a peça de teatro a que não assisto porque estou cansado ao fim do dia, o mundo que ainda gostava de conhecer.
Que países quer visitar?
O Japão e a Austrália, nunca fui. Gostava muito de conhecer o Papa, tenho uma profundíssima admiração e respeito pelo atual. Imensas coisas. Nesse sentido, talvez seja bom gerir ainda melhor o meu tempo. Essa pressão é a única que me incomoda e me causa algum “stress”.