Um estudo internacional propõe criar zonas de circulação segura de maneira a acabar com o confinamento. A proposta de um grupo de matemáticos e economistas — citada pela edição espanhola da BBC e originalmente publicada no site The Conversation por dois dos autores — tem por base dois elementos fundamentais. Aposta, em primeiro lugar, na criação de “zonas verdes”, ou seja, áreas em que o sistema de saúde está operacional, a taxa de infeção é baixa e os “riscos futuros parecem ser administráveis”. Uma segunda etapa passa pela anexação progressiva destas áreas.

No estudo impulsionado pelo think tank EsadeEcPol, defende-se que o confinamento que divide a população em “sub-redes desconectadas”, entre as quais o movimento é limitado, tal como acontece em França, está “longe de ser completo”. Ao invés de se aplicar uma delimitação do movimento individual, a proposta é que as pessoas possam movimentar-se entre áreas desconectadas, como países, cidades ou municípios.

Defendendo que a criação de “zonas verdes” tornaria mais fácil a transição à vida normal, argumenta-se que para controlar o inevitável “ressurgimento parcial do vírus” devem ser abertas, em primeiro lugar, zonas que funcionam como “mercados de trabalho locais”. Isto é, zonas onde há um elevado nível de deslocações internas, mas não externas.

A proposta apresentada remete para que cada nação seja dividida em áreas geográficas, entre 5 mil a 100 mil habitantes, sendo que as divisões devem ter em conta, de maneira a mitigar o impacto financeiro, zonas com as quais se partilham “muitos laços económicos”.

Cada zona teria a etiqueta vermelha ou verde, tendo em conta os casos de infeção por Covid-19. Se nas áreas vermelhas viver-se-ia uma situação similar à do confinamento social, com as respetivas medidas sanitárias e restrições de comércio, nas verdes a vida regressaria progressivamente ao normal, embora viagens para fora dessas zonas fossem restritas.

A etiqueta verde significaria que não tinham sido detetadas novas infeções “durante vários dias consecutivos”. Assumindo um cenário em que, passado aproximadamente uma semana, o vírus está controlado em células verdes vizinhas, estas poderiam estender-se a uma só zona verde. “Desta forma, criar-se-iam zonas verdes cada vez maiores, com as pessoas a frequentarem as mesmas lojas, trabalhos, parques e escolas.” Caso determinada zona voltasse a registar casos de infeção, deixaria de ser considerada verde e regressar-se-ia ao confinamento. O estudo sugere que, seguindo esta proposta, um país como o Reino Unido poderia assistir à reunificação das zonas numa espaço de dois a quatro meses.

A definição das zonas, lê-se ainda no artigo, tem de ter em consideração os vínculos sociais e económicos, sendo que este “zoneamento verde” teria também de ter o apoio do público “dado o aumento significativo das medidas de vigilância envolvidas”.