É uma vitória importante para as tropas de Adolfo Mesquita Nunes: a votação da moção de confiança que vai medir a solidez da direção de Francisco Rodrigues dos Santos será por voto secreto.

A decisão foi tomada pelo Conselho de Jurisdição Nacional do partido, depois de a distrital de Lisboa, liderada por João Gonçalves Pereira, um dos apoiantes de Adolfo Mesquita Nunes, ter exigido que a votação fosse secreta e não nominal, como tem sido a prática nos Conselhos Nacionais.

“A decisão prova que fizemos bem em perguntar ao tribunal do partido. Claro que num partido democrático este tipo de votações só pode ser por voto secreto. Isso garante a plena liberdade de cada conselheiro. O CDS não é o PCP. A decisão terá de ser cumprida porque entra em vigor imediatamente”, diz ao Observador Gonçalves Pereira.

O voto secreto foi aprovado pelo Conselho de Jurisdição por cinco votos a favor e dois votos contra num órgão onde Francisco Rodrigues dos Santos tinha maioria. De acordo com os estatutos do partido, este voto é vinculativo e tem de ser acatado pelo Conselho Nacional.

De acordo com a deliberação do Conselho de Jurisdição Nacional, a que o Observador teve acesso, a votação nominal “não assegura plena liberdade” aos conselheiros e “não respeita o princípio democrático, constitucionalmente consagrada”.

Na deliberação pode ler-se ainda que o tribunal do partido considera esta decisão vinculativa. “O disposto no número anterior aplica-se de forma imediata a todas as reuniões do Conselho Nacional realizadas após a emissão do presente parecer.”

Na convicção dos apoiantes de Adolfo Mesquita Nunes há muitos conselheiros que estão dispostos a votar contra Francisco Rodrigues dos Santos mas que não o farão se a votação for nominal.

Adolfo Mesquita Nunes tenta forçar voto secreto para travar vantagem de Rodrigues dos Santos

Mais três demissões na direção de Rodrigues dos Santos

Entretanto, ao longo de sexta-feira houve mais três baixas a registar na direção alargada de Francisco Rodrigues dos Santos. Fracisco Kreye, Altino Bessa e João Medeiros, vogais da comissão política nacional do CDS, apresentaram a demissão em rutura com o atual presidente do partido.

Kreye, secretário-geral da Juventude Popular (mandato que começou ainda com Rodrigues dos Santos), presidente da concelhia do CDS/Cascais e autarca na Assembleia de Freguesia Cascais-Estoril, bate assim com a porta na véspera do Conselho Nacional onde se vai começar a discutir o futuro do partido.

Altino Bessa, antigo deputado e atual vereador do CDS em Braga, também decidiu apresentar a demissão na véspera do Conselho Nacional.

João Medeiros, líder da bancada do CDS na Assembleia Municipal do Braga, seguiu o mesmo caminho. Os dois tinham estado com Filipe Lobo d’Ávilla na última disputa interna do CDS.