Cristiano Ronaldo tinha acabado de marcar dois golos em Old Trafford, empurrando o Manchester United para a goleada que impôs ao Newcastle e que catapultou a equipa de Solskjaer para a liderança da Premier League. Enquanto o avançado português ainda sorria para os exultantes adeptos ingleses no relvado do Teatro dos Sonhos, já a Juventus estava no túnel de acesso ao Estádio Diego Armando Maradona para tentar conquistar a primeira vitória da época perante o Nápoles.
Depois do empate contra a Udinese e a derrota contra o Empoli nas primeiras duas jornadas da Serie A, a equipa de Massimiliano Allegri estava no 13.º lugar da classificação, com apenas um ponto. Mas o treinador italiano, que foi dos primeiros a confirmar que Ronaldo não iria ficar em Turim, não acredita que a saída do português tenha assim um efeito tão transcendente no futuro da Juventus, continuando a desvalorizar a transferência. “Ele não queria jogar mais na Juventus, por isso, voltou para o United. Teria sido a sua última temporada na Juventus por isso antecipámos o que teríamos de fazer no próximo verão. O Cristiano passou três anos fantásticos na Juventus e desejamos-lhe o melhor mas a vida continua. Não gosto de pensar no que poderia ter acontecido, na vida é preciso ser prático. Aqui na Juventus o coletivo sempre conquistou troféus, não foi apenas um único jogador de futebol. Temos essa característica no nosso ADN, feito de amor próprio e sacrifício”, explicou o técnico.
E a ideia de Allegri, de que a Juventus antecipou o plano pós-Ronaldo que estava preparado para daqui a um ano, foi também confirmada pelo diretor desportivo Federico Cherubini. “O clube é mais importante do que tudo e estará sempre além dos jogadores. Por isso, foi justo focarmo-nos no futuro e não reter o Cristiano. A escolha que enfrentámos não foi ‘como é que vamos substituí-lo?’ mas sim ‘Ronaldo sai, vamos pensar em antecipar uma parte do futuro’. A três dias do fim do mercado, corremos o risco de que um jogador como [Moise] Kean não estivesse disponível. Acusam-nos de não estarmos preparados para substituir o Cristiano mas há momentos que não podemos controlar. Nem todos os jogadores esperam até 31 de agosto para saber se o Ronaldo sai ou fica. A gestão do caso Ronaldo, a 28 de agosto, não foi agradável. Se tivesse acontecido um mês antes teria sido melhor para todos”, disse Cherubini em entrevista ao Tuttosport, sublinhando a ideia de que Moise Kean não é um “substituto” do português porque Ronaldo “não é um jogador substituível”.
Este sábado, contra o Nápoles, Massimiliano Allegri abdicou de vários jogadores habitualmente titulares que estiveram ao serviço das respetivas seleções e Danilo, Alex Sandro, Bentancur, Cuadrado e Dybala não faziam parte da convocatória, tal como o lesionado Chiesa. Assim, no onze, a Juventus lançava Morata, Kulusevski e Bernardeschi no ataque, Rabiot, Locatelli e McKennie no meio-campo e a experiente dupla Bonucci/Chiellini no centro da defesa, com o reforço Moise Kean já a marcar presença no banco de suplentes. Do outro lado, o português Mário Rui era titular na esquerda da defesa da equipa de Luciano Spalletti.
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O Nápoles teve a primeira oportunidade da partida, com Politano a cabecear por cima da trave depois de um cruzamento de Insigne (1′). O conjunto napolitano começou claramente melhor, com muita presença no meio-campo adversário e sem permitir grandes espaços à Juventus, mas a equipa de Allegri só precisou de uma oportunidade para abrir o marcador. Manolas cometeu um erro enorme numa zona muito recuada, Morata aproveitou e conduziu em direção à baliza, acabando por conseguir bater Ospina (10′).
A equipa da casa sentiu o golo sofrido contra a corrente do jogo mas voltou a recuperar a superioridade, empurrando a Juventus para o próprio meio-campo e dominando por completo em relação à posse de bola e à presença em zonas adiantadas. Politano teve uma dupla oportunidade num lance em que rematou duas vezes, primeiro contra Locatelli e depois para fora (22′), mas a verdade é que os bianconeri iam conseguindo evitar verdadeiras ameaças de empate e eram a equipa mais perigosa junto da baliza adversária. Numa jogada algo isolada, Kulusevski apareceu na esquerda da grande área a responder a um cruzamento de Morata e obrigou Ospina a uma defesa apertada (43′), com a defesa do Nápoles a mostrar-se muito tremida e desorganizada sempre que era chamada a bloquear as investidas rápidas de Morata, Kulusevski e Bernardeschi.
No arranque da segunda parte, Luciano Spalletti tirou Elmas, que já tinha um cartão amarelo, e lançou Adam Ounas. A lógica do primeiro tempo manteve-se e a Juventus oferecia toda a iniciativa ao Nápoles, que continuava a controlar o jogo dentro do meio-campo adversário mas também prolongava a dificuldade para criar oportunidades de golo. Se era claro que a ideia da equipa de Massimiliano Allegri era defender bem e resguardar a vantagem magra até ao apito final, também era claro que essa ideia poderia cair por terra e tornar-se venenosa se os napolitanos chegassem ao empate. Algo que, ainda antes da hora de jogo, acabou por acontecer.
Insigne tirou o pontapé perfeito no vértice esquerdo da grande área, em jeito e para o poste mais distante, e Szczęsny falhou por completo a abordagem ao lance ao tentar agarrar a bola — soltou-a e permitiu a recarga de Politano, que quase sem ângulo conseguiu atirar para dentro da baliza e empatar a partida (57′). Allegri reagiu ao golo sofrido com uma substituição, tirando Luca Pellegrini para colocar De Ligt, e McKennie ficou desde logo muito perto de restaurar a vantagem bianconeri com um remate rasteiro e ao lado (59′). No mesmo minuto, Insigne apareceu na grande área e forçou Szczęsny a uma defesa apertada, deixando a prova de que a partida estava finalmente aberta.
Spalletti tirou Politano a menos de 20 minutos do fim, para lançar Lozano, e ainda foi forçado a retirar Insigne — que estava claramente a ser o melhor elemento da equipa –, já que o internacional italiano ficou magoado a bater um pontapé de canto e teve de ser substituído por Zielinski. Allegri respondeu com Aaron Ramsey, que rendeu McKennie, ofereceu a estreia a Kean por troca com Morata e viu o jovem italiano ser mais do que responsável pelo golo da vitória do Nápoles: canto batido na esquerda, Kean cabeceou para a própria baliza, Szczęsny ainda evitou o autogolo mas não conseguiu responder à recarga de Koulibaly (85′), que colocou a equipa napolitana finalmente a vencer depois de ter estado por cima da partida durante todo o tempo.
O Nápoles somou a terceira vitória em três jornadas na Serie A e conseguiu, graças a um erro de Moise Kean e ao oportunismo de Koulibaly, carimbar três pontos totalmente merecidos por ter sido sempre superior e manter a liderança. Já a Juventus voltou a perder, continua sem ganhar na Serie A e leva apenas um ponto em três partidas no Campeonato. Allegri, Cherubini e companhia querem antecipar um pós-Ronaldo que tinha sido planeado para 2022 — mas continuam sem sequer saber o que é o pós-Ronaldo.
0 – #Juventus have failed to win each of their first three Serie A seasonal matches only for the second time in their last 52 campaigns (also in 2015/16). Brake.#NapoliJuve #NapoliJuventus #SerieA pic.twitter.com/5fkdXmajVg
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