A crueza dos materiais e os grandes vidros a permitir a entrada da luz (nas raras ocasiões em que o sol deu um sinal de sua graça na zona oriental de Lisboa) — ou como um cenário industrial encaixa a presença orgânica de forma não menos espontânea. E como não bastassem fundos perfeitos para inspirar as visitas e atualizar o feed quase em tempo real, o subterrâneo encheu-se de convites a selfies, à boleia da exposição Ego Selfie Hotel With Sound Bath, da Cabanamad, um parque de diversões para ilustres narcisos.
Nesse trânsito atarefado entre áreas sociais e as salas reservadas aos desfiles, nem a chuva nem o frio travaram o rebelde acesso de sandálias, umas costas a descoberto, ou qualquer outro vestígio de pele a postos para fazer subir o mercúrio — outros, aproveitaram o embalo para abusar dos gorros, luvas e balaclavas, destemidos na cor e na forma, para dar um pouco mais de conteúdo a cada jornada.
Entre quinta-feira e este domingo, chegada à sua 58ª edição, a ModaLisboa voltou a ser a montra mais próxima possível do estado físico, cresceu para ser ainda mais meta, e conseguiu instaurar um renovado regime de festa no Hub Criativo do Beato, qual streaming em permanência para arquivar nos destaques. O estilo, esse, saiu da rua, quase sempre molhada, para se abençoar escadas acima, em passo veloz, rumo ao espectáculo.
Na fotogaleria, veja alguns dos melhores momentos que marcaram os últimos quatro dias, com os criadores nacionais a apresentarem as coleções para o próximo outono-inverno. Até à próxima.