A explicação encontra-se no aumento de infeções entre os mais velhos. A mortalidade por Covid-19 está a crescer em Portugal e a previsão é de que assim se mantenha, consequência de haver mais pessoas acima dos 80 anos infetadas com o SARS-Cov-2. Os indicadores, revelados no relatório de monitorização das linhas vermelhas da pandemia, mostram que a 14 dias houve um número acumulado de 16,4 óbitos por milhão de habitantes — valor acima do estipulado pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças( ECDC) de 10 óbitos por milhão.
A tendência, alerta a DGS e o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge através do relatório, é crescente. E, muito embora, a pressão sobre os cuidados de saúde dê “indicação de estabilização ou início de diminuição”, a mortalidade manter-se-á provavelmente elevada nas próximas semanas, dado o aumento de casos de infeção acima dos 80 anos.
Apesar de terem das taxas de incidência mais baixas do país (mais baixa só a da faixa etária dos 70 aos 79 anos), é entre os mais idosos, acima dos 80 anos, que se encontra a única tendência crescente de novas infeções no país e que mais facilmente poderão resultar em mortes e internamentos por se tratar de uma população mais frágil.
Entre os maiores de 80 anos, a taxa de incidência foi de 168 novos casos por mil habitantes, enquanto entre a faixa imediatamente abaixo (70 – 79) foi de 116 novos casos por cem mil. Os piores valores são no grupo dos 20 aos 29 anos (791 casos por 100 mi habitantes), apesar de a tendência já ser decrescente.
Atividade da pandemia está a cair, mas a intensidade é elevada
De uma forma geral, há uma queda nos indicadores, mas não o suficiente para se poder falar em alívio da pandemia. Pelo contrário, a sua intensidade mantém-se elevada, segundo a análise do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge.
O número de novas infeções por 100 mil habitantes, acumulado nos últimos 14 dias, foi de 357 casos, com tendência decrescente a nível nacional. A exceção é o Algarve, com 869 casos por 100 mil habitantes, a única região que continua a subir.
Para além da intensidade, o relatório fala de uma atividade epidémica elevada, embora com tendência decrescente a nível nacional. Só nas regiões Centro e Alentejo é que continua em crescendo.
O R(t) — a taxa de transmissibilidade do vírus — apresenta valores inferiores a 1, indicando uma tendência decrescente da incidência a nível nacional (0,92) e na maioria das regiões do continente. Exceção, de novo, para as regiões Centro e Alentejo onde se mantém acima de 1 e com tendência crescente.
Cuidados intensivos. Tendência estável a decrescente
O número de doentes internados em Unidades de Cuidados Intensivos mostra “tendência estável a decrescente”, segundo o relatório de monitorização das linhas vermelhas.
Na mais recente análise, as hospitalizações no continente correspondiam a 77% do valor crítico definido de 255 camas ocupadas quando, na semana anterior, o valor era de 82%. A região de Lisboa e Vale do Tejo concentra o maior número de internados e ali foi ultrapassado o limiar crítico regional definido.
“Com 106 doentes internados em UCI, representa 54% do total de casos em UCI, e corresponde a 103% do limite regional de 103 camas”, alerta o relatório. Olhando para as faixas etárias, o grupo com maior número de internamentos em cuidados intensivos é o dos 60 aos 79 anos. “Salienta-se o aumento mantido deste grupo etário, tendo ultrapassado o número de internados no grupo etário dos 40-59 anos”, acrescenta-se no relatório.
Delta representa quase 100% de todas as infeções
Praticamente só a variante Delta do vírus tem expressão no país e representa já 98,3% das novas infeções. “A sua frequência tem aumentado em todas as regiões durante as últimas semanas, tendo-se registado valores acima de 95% em todas as regiões”, desde a semana que teve início a 12 de julho, lê-se no relatório.
Até à data, registaram-se também 62 casos da Delta Plus em Portugal, com três novos casos de infeção detetados nas semanas 28 e 29 de 2021 (12 de julho a 25 de julho).