O futebol não é justo, nem teria piada se assim fosse. O encontro entre Peru e Dinamarca foi mais um exemplo de como atacar muito e criar mais oportunidades de golo do que o adversário nem sempre é sinónimo de vitória. E a formação peruana que o diga: os sul-americanos dominaram todo o primeiro tempo, estiveram várias vezes perto de inaugurar o marcador e até dispuseram de uma grande penalidade para bater o guardião Schmeichel, mas, quando a bola não quer entrar, quem são os jogadores para a contrariar?
Com Carrillo e Advíncula no onze inicial do Peru, o corredor direito dos sul americanos era composto por duas caras bem conhecidas dos portugueses. O extremo peruano, que trocou o Sporting pelo Benfica, antes de ser emprestado aos ingleses do Watford, foi uma das figuras do encontro. Muito ativo no flanco direito (e esquerdo, quando as circunstâncias assim o exigiam), Carrillo foi sempre uma das principais armas da seleção do Peru, criando desequilíbrios ofensivos e oportunidades de golo para os seus companheiros. Para além de servir os outros, o extremo peruano teve nos pés duas boas oportunidades para bater Schmeichel, mas o guardião escandinavo levou a melhor, da primeira vez, e Carrillo atrapalhou-se no momento do remate, na segunda. No final do jogo, os peruanos viriam a chorar essas e outras oportunidades desperdiçadas…
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Advíncula, que passou pelo Vitória de Setúbal em 2014/15, partilhou com Carrillo algumas das despesas ofensivas do Peru, criando situações de superioridade numérica no flanco direito ofensivo dos sul americanos, numa espécie de “duo ex-Liga NOS”, que quase surtia os efeitos desejados pelo selecionador Ricardo Gareca. Quase porque a bola nunca entrou. Nem com a principal referência ofensiva do Peru em campo: Paolo Guerrero. O avançado do Flamengo foi suspenso em novembro do ano passado, depois de ter acusado o uso de doping no jogo contra a Argentina, em outubro, mas viu o Tribunal Federal da Suíça suspender a pena do TAS (14 meses) e ficou com as portas do Mundial abertas.
Guerrero entrou aos 62 minutos e, aos 79′, quase fez magia: remate de calcanhar do avançado peruano a passar a centímetros do poste esquerdo da baliza dinamarquesa. Pelo meio, já Cueva tinha desperdiçado uma grande penalidade em cima do intervalo e Flores tinha disparado longe do alvo, demasiadas vezes. A bola não queria entrar e o peruanos não a conseguiam contrariar.
????????Yussuf Poulsen estreia-se a marcar em fases finais (Mundial + Euro); foi o 5.º golo ao serviço da ????????Dinamarca, marca há 2 jogos consecutivos pela seleção nórdica (????????México e ????????Peru), o que acontece pela 1.ª vez pic.twitter.com/R6GTOKS6I7
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Do outro lado havia Eriksen e uma espécie de relação mágica com a bola. O criativo dinamarquês tratava o esférico como nenhum outro em campo e parecia ser o único a conseguir levar a melhor sobre a vontade do objeto inanimado que decide os destinos do jogo. Nos seus pés, a bola sorria. E, com ela, os dinamarqueses viriam a sorrir também. Poucas foram as oportunidades criadas pelos escandinavos, mas muita foi a eficácia. Poulsen, que se estreou em Mundiais, aproveitou um passe magistral de Eriksen para, na cara do guardião peruano, fazer o que o Peru nunca conseguira: abrir o ativo. E assim se escrevia uma história pouco justa, mas um tanto ou quanto poética. Isto porque, quantidade nem sempre é qualidade. E vale mais um mágico com a bola nos pés do que 11 malabaristas sem o discernimento no sítio.
A Dinamarca defendeu bem, suou e fez o necessário para ganhar – marcar mais golos do que o adversário. Um bastou e o 1-0 final garantiu aos dinamarqueses o primeiro lugar do grupo C, a par da França, que bateu a Austrália por 2-1, no jogo inaugural do grupo. Na próxima jornada, a França defronta o Peru e a Dinamarca mede forças com a Austrália.