O futebol espanhol é característico e inconfundível: circulação de bola como ninguém, controlo do espaço e do ritmo de jogo exímio e uma noção quase perfeita de todos os momentos de uma partida. Tudo isto alicerçado em onze jogadores donos de uma técnica irrepreensível. Perante um teoricamente frágil Irão, esperava-se que isso chegasse e sobrasse para uma vitória folgada, mas não foi bem assim. Chegar, até chegou, mas o futebol espanhol demorou a fazer efeito e quase não bastava para derrubar a muralha defensiva iraniana.
O primeiro tempo começou como todo o jogo viria a ser, na realidade — posse de bola espanhola, largura a todo o campo e aproximações à baliza adversária. Mas, na primeira parte, foi só isso que aconteceu: aproximações. Passe para a direita, passe para a esquerda, toque em habilidade para a frente e… nada. Geralmente, era este o resultado dos ataques espanhóis. No total, foram 399 passes ao longo dos 45 minutos iniciais, traduzidos na espetacular quantia de um remate à baliza. Ao intervalo, 71% de posse de bola e um muro de betão pela frente.
Key stats:
???? #ESP have had 71% of possession
???? #IRN can qualify with a win#IRNESP pic.twitter.com/qvNMIHzlvQ— FIFA World Cup (@FIFAWorldCup) June 20, 2018
Com o apito para o início do segundo tempo, começou a mudança de atitude espanhola. La Roja, que até equipava de branco, cedo perdeu a inocência revelada no primeiro tempo e começou a abrir espaços na defesa iraniana. Estava percebido o segredo: para entrar na muralha do Irão, bastava tirar um adversário da frente antes de soltar o esférico. Parece óbvio, mas não foi para a Espanha, durante metade do jogo. Os iranianos defendiam com dez homens dentro da área (ou nas suas imediações) e, frequentemente, os remates espanhóis tinham como destino as pernas adversárias.
No segundo tempo, a história era diferente e a Espanha começava a fazer buracos num muro que nunca se desmoronou, mas que não se livrou de uma grande nódoa negra: ironia das ironias, depois de os espanhóis verem os remates bloqueados pelas pernas opositoras, foi a vez da defesa iraniana tentar cortar a bola e ver o esférico embater nas pernas de Diego Costa, terminando no fundo das redes iranianas.
⏰ 44' | ???????? Irão 0-0 Espanha ????????
Guess the tactics#IRNESP #IRN #TeamMelli #ESP #HagamosQueOcurra #Mundial2018 #WorldCup #Copa2018 pic.twitter.com/D73nxsqQqp
— GoalPoint (@_Goalpoint) June 20, 2018
Estava desfeita uma igualdade que parecia poder durar até ao fim, tamanha era a consistência defensiva do conjunto de Carlos Queiroz (e, se nem sempre quantidade é sinónimo de qualidade, neste caso, o elevado número de iranianos perto da sua baliza quase funcionou na perfeição) e carimbada a primeira vitória espanhola no Mundial.
No total, 825 passes foram trocados pela seleção espanhola, com 90% de eficácia nos mesmos. O número de remates à baliza aumentou no segundo tempo e a Espanha juntou-se a Portugal na liderança do grupo B. O segredo esteve sempre lá; bastava aos espanhóis perderem a inocência.
⚽ ???????? Irão 0 – 1 Espanha ????????
Comandados de Hierro acompanham Portugal no resultado
Segue-se uma luta a 3 (com Irão)
Ratings em https://t.co/QZuwKyufuG#IRNESP #TeamMelli #HagamosQueOcurra #WorldCup #Mundial2018 pic.twitter.com/MjwlL6nqSC— GoalPoint (@_Goalpoint) June 20, 2018