Para Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, a convivência entre avós e netos “depende dos avós”. Questionada sobre o assunto na conferência de imprensa diária sobre a situação pandémica em Portugal, Graça Freitas defendeu que “temos de pensar de que tipo de avós estamos a falar” para ponderar da melhor maneira o regresso à convivência.
“Há avós jovens, sem fatores de risco, e aí a convivência não envolve nenhum risco acrescido para uma população mais vulnerável”, começou por explicar a diretora-geral da Saúde. Em caso de “idade mais avançada [acima dos 70 anos]” e/ou “patologia associada”, Graça Freitas sublinha que “têm de ser observadas precauções”. “Se os avós forem vulneráveis devem ser protegidos” e o convívio familiar “deve ser mantido com todas as recomendações que temos feito”, como a distância social, a etiqueta respiratória, a lavagem frequente das mãos, etc. Sobre o reinício das visitas a lares, a diretora-geral da Saúde garantiu que estão a ser estudadas “formas de retomar a visita segura a pessoas que estão em lares”, assim como a frequência de centros de dia.
Outros dos tópicos abordados na conferência de imprensa foi a exclusão dos diabéticos e hipertensos do regime excecional de proteção relativo à Covid-19: ou seja, estes doentes já não poderão justificar faltas ao trabalho com estas condições médicas durante o estado de calamidade atualmente em vigor.
“Os diabéticos e hipertensos de Portugal podem ficar tranquilos e confiantes. Na sua grande maioria, quer diabéticos, quer hipertensos, são de facto fatores de risco para doença cardiovascular e também doença renal. Estes doentes são, portanto, essencialmente compensados. O facto de estarem compensados, porém, não significa que a qualquer momento não possam vir a descompensar. Sempre que isso puder vir a acontecer, essa situação estará com certeza coberta pelo chapéu das doenças crónicas”, clarificou o secretário de Estado da Saúde. António Sales ressalvou ainda que o objetivo desta declaração de retificação, na mudança do estado de emergência para o estado de calamidade, tem “apenas um caráter exemplificativo”.
O secretário de Estado garantiu ainda que os hospitais vão manter circuitos Covid e não-Covid, “porque o surto não acabou”, numa medida que serve ainda para acautelar a possibilidade de uma “eventual segunda onda”.
Sobre o regresso às aulas do 11.º e do 12.º ano, e sobre o consequente receio dos pais em enviar os filhos para as escolas, Graça Freitas garantiu a “toda a comunidade escolar” que este retorno às escolas “está a ser ponderado para garantir a segurança de todos”.
“Obviamente que não há risco zero em nada na nossa vida social, de relação, laboral. O que estamos a fazer é aplicar um conjunto de regras para minimizar o risco. Regras dependentes de várias coisas, como as condições em que vão ser retomadas as aulas, os equipamentos, a organização das aulas, o tipo de contacto entre alunos nos espaços, a organização do espaço escolar, a limpeza”, explicou a diretora-geral da Saúde, que acrescentou mais à frente que outro fator fulcral será “os comportamentos”.
“Um jovem pode ter um comportamento seguro fora do ambiente escolar como pode ter um comportamento seguro dentro da escola. Devemos voltar às aulas com toda a confiança, desde que se garanta que toda a comunidade escolar vai contribuir para este esforço. Através do distanciamento, da higiene nas mãos, da etiqueta respiratória e do uso de máscara. Mas o uso de máscara não leva a que as pessoas possam conviver frente a frente e de perto”, concluiu Graça Freitas.
No que diz respeito à capacidade de testagem do país, o secretário de Estado da Saúde revelou que, desde o dia 1 de março, foram feitos mais de 471 mil testes. “De 1 a 4 de maio, tivemos uma média de 10.700 testes realizados por dia”, acrescentou António Sales, referindo depois que a maioria foi feita em laboratórios públicos.
Quanto à falta de Equipamentos de Proteção Individual que ainda é relatada em alguns pontos do país, como é o caso da região Centro, o secretário de Estado assegurou que estão a ser feitos “reajustes a cada semana”. “Temos feito esforços para que tal não aconteça”, explicou, garantindo que já foram entregues mais de 6 milhões de EPI em todo o país. “Sempre que houve o caso de algum défice, o que pedimos é que as Administrações Regionais de Saúde nos possam reportar, para que possamos fornecer”, terminou.
Por fim, Graça Freitas revelou que está marcada para esta quarta-feira uma reunião para preparar o regresso da Primeira Liga de futebol e remeteu todas as respostas relativas ao papel do ar condicionado na possível propagação do vírus para o último manual da DGS, que será publicado também esta quarta-feira.