Crítica de Livros
Outão: 50 anos do grande sanatório
Um documento sobre um edifício histórico que é também um retrato da medicina portuguesa e da evolução da tuberculose no nosso país, da autoria de Rogério Palma-Rodrigues.
Os Mistérios viveram felizes para sempre
Quase 30 anos depois do último Calvin & Hobbes, "Os Mistérios" junta Bill Watterson a John Kascht numa parábola sobre o desejo humano de domínio da natureza que diz mais com imagens do que com texto.
Os poemas de Adília Lopes trouxeram-nos até aqui
Com um título que demonstra desde logo o humor único de Adília Lopes, Dobra reúne a obra completa da autora e condensa 36 livros de poesia publicados ao longo de 40 anos.
Mario Benedetti e a derradeira oportunidade
Quando o trabalho do homem termina, o que lhe resta? A descoberta e a redenção, antes que seja tarde. É esta a narrativa do clássico do escritor uruguaio, agora reeditado.
Anunciada: um palácio reabilitado e premiado
Quem construiu o palácio da Rua das Portas de Santo Antão? Quem nele viveu? Que destinos lhe foram guardados e como se tornou no que é hoje? Respostas no livro de Carlos Franco.
Amizade & nazismo: o "Reencontro" de Fred Uhlman
Reedição da história da amizade entre um judeu e um alemão na ascensão nazi. O contraste entre a placidez do relato e a enormidade do flagelo gera um “tom menor” que levanta algumas dificuldades.
Variações além do cantor
A persona queer de um nome fundamental da cultura portuguesa está no centro do livro "Estar Além", um contributo valioso para o estudo do artista.
Werner Herzog: Deus, o diabo e a câmara de filmar
Herzog não é um dos mais importantes cineastas vivos; é um dos mais importantes artistas e pensadores do nosso tempo. Uma autobiografia que é uma viagem pelo sublime e como sobreviver a ele.
A arte grandiosa de Chimamanda
O papel de Chimamanda Ngozi Adichie na literatura é singular e o novo "Inventário dos Sonhos", publicado doze anos após "Americanah", é disso exemplo, pela amplitude que traz ao espaço do romance.
“Estar com um livro, é estar acompanhado”
Isabel Lucas admite que os livros melhoraram o seu estilo de vida. A jornalista e crítica literária diz que as redes sociais podem ter prejudicado o jornalismo.
Estoril: os anos dourados em fotografias
O Arquivo Histórico Municipal de Cascais construiu a exposição patente na Casa Sommer e este é o álbum que a acompanha, que constituirá por largos anos um portefólio inestimável.
A paixão de Sarah é a aflição de Pauline
Um encanto assolapado, intenso, viciado, viciante, que anula o mundo à volta, até se transformar em obsessão. Mais do que uma história, esta é uma sensação cristalizada, intensa. Resta-nos acreditar.
Palácio Ratton: uma história
O livro do historiador Helder Carita recupera a evolução não só do local onde está instalado o Tribunal Constitucional, mas também de toda uma zona muito particular da cidade de Lisboa.
"Pórtico": excelência portuguesa
Uma revista para nos dar a conhecer a quem chega, fazendo do alinhamento dos seus números bianuais um mosaico de temas escolhidos a bom dedo para isso.
Viseu: saudades da Garagem Lopes
Um livro para contar a história de um chofer de táxi que se tornou um grande empresário da cidade beirã, onde abriu um negócio que se tornou património histórico e social.
"Filho do Hamas": onde começa e acaba a ficção?
Quem lê o livro de Mosab Hassan Yousef deve ter em atenção que esta não é a verdade nem um texto jornalístico. Em vez disso, é a versão pública, limpa, calibrada, de alguém que viveu dois epicentros.
James Baldwin de olhos bem abertos
"Da próxima vez, o fogo" é um ensaio sobre racismo e integração, mas é também um retrato não só de uma América (nem por isso presa a um tempo) e de uma Nova Iorque que consegue conter multitudes.
Lygia Fagundes Telles ou a lupa poderosa
A apetência por frases curtas e enredos nítidos, o respeito pela economia que o conto requer, não limita de nenhum modo o alcance do discurso – a língua de Lygia F. T. é para todas as estações.
"A Parede": uma sossegada distopia
Original de 1963, recuperado pela Antígona, o livro de Marlen Haushofer dedica-se a revisitar a célebre história do náufrago, reconstruindo-a numa perspetiva mais condizente com os valores modernos.
Juan Gabriel Vásquez: qual o papel da literatura?
Entre textos nascidos das Conferências Weidenfeld, Vásquez foca-se no papel da escrita e na relação autor-texto. E cita Proust: “O dever e a tarefa de um escritor são os de um tradutor”.
Marie NDiaye: a função no lugar do deslumbre
"A vingança é minha" é um romance que procura duplo sentido, entre o thriller psicológico e o drama familiar. Mas, no final, ficam por completar em absoluto cada uma das duas dimensões.
Uma conversa é um passeio falado
Isabel Minhós Martins e Dina Mendonça vão deambulando sobre o valor e os modos de uma "boa conversa". Madalena Matoso transforma ideias em desenhos. Quem lê torna-se agente interativo da narrativa
Amor escondido com o remorso de fora
Os gatos adoram meter-se com a literatura. Derrubar livros na estante, deitar-se à frente do monitor, perseguir a caneta que desliza pelo papel. Mas nunca entraram mais fundo na cabeça de um escritor.
Manuel Jabois e "Mirafiori": amor de perdição
É uma narrativa viciada, viciante, impactante, impossível de largar. "Mirafiori" sobre a compulsão a que o amor obriga, é o quarto romance de Manuel Jabois e o primeiro publicado em Portugal.
Mário Lúcio Sousa amplia-se a cada frase
É das vozes mais originais e firmes da produção literária coetânea em língua portuguesa e "O livro que me escreveu", algo entre a novela e o romance, prima pela originalidade.
São Tomé e Príncipe: as pessoas são o lugar
"Mais Vida!" é o cumprimento sãotomense que dá título ao livro com as fotografias de Luís Godinho, feitas em dez estadas nos últimos mil dias.
Os Correios dão-nos o arroz
A longa história transcontinental do valioso ingrediente é recuperada por Fortunato da Câmara. Um acrescento importante a uma genealogia que é debatida há séculos.
Anne Carson e o desconforto do amor
Eis um ensaio que da poesia se faz prosa, que da Grécia antiga se faz coisa contemporânea. É o amor como coisa agridoce, uma procura constante que é ansiedade pura.
Os magníficos "Dias de Areia" de Aimée de Jongh
Numa dança rara entre traço e narrativa, a autora holandesa parte do Dust Bowl para uma história feita de humanidade sem limites geográficos ou temporais.
Barcelos: a arte popular e os arquitectos
Alves Costa e Fernandez, recusando hierarquizar erudito e popular, colocam o figurado de Barcelos no "território da História da Arte" — "uma autenticidade sem retoques".
Bolhão: história duma renovação exemplar
A maioria dos livros de Nuno Miguel Borges dedicam-se a obras de restauro e renovação. Neste caso, uma nova série de fotografias de André Cepeda exibe a mais decrépita degradação do Mercado.
Nacional, um exemplo contracorrente
Marques da Silva desenhou o prédio d'A Nacional cinco anos depois de ter concebido os Grandes Armazéns Nascimento (1914). O que está à nossa frente é um "livro de obra".
"Tananarive": beleza desenhada
Venceu o prémio de melhor obra estrangeira de banda desenhada editada em Portugal no Amadora BD. Olhando a narrativa surpreendente e um trabalho artístico de enorme fôlego, percebe-se o porquê.
"Canção do Profeta": vertigem claustrofóbica
Quase sem pausas, com descrições imagéticas e sensoriais, o romance cria uma República da Irlanda caída no totalitarismo após a ascensão da extrema-direita. Venceu o Booker Prize em 2023.
"Aqui": uma magistral visão do tempo
Num trabalho de fôlego, Richard McGuire rompe com a linearidade sequencial da arte, oferecendo a vida entre 80 milhões de anos para trás e o ano 2213. Não só não é coisa pouca, é mesmo quase tudo.
Mariana Salomão Carrara e um grande livro
Distinguido com o Prémio São Paulo de Literatura para Melhor Romance, “Não Fossem as Sílabas do Sábado” marca a auspiciosa estreia em Portugal da escritora brasileira.
Se eu me esquecer de ti, ó Jerusalém
Ao chegar a Jerusalém, Guy Delisle sabe muito pouco, quase nada, sobre o conflito israelo-árabe. Esta novela gráfica é o retrato de um quotidiano feito de incomunicabilidade cultural.
Manuel Mutimucuio e a tragicomédia moçambicana
Uma ficção que vai respirando como a vida, um romance que vai mostrando as diferenças de status num país que, tendo as suas línguas, viu ser imposta outra, como metáfora para uma realidade maior.
Braga: a cidade na fotografia
A obra de dois fotógrafos é apresentada em conjunto no livro "Na Sublimação do Tempo", uma abordagem mais estimulante e dinâmica do que qualquer exposição individual
A fantasia e a violência segundo p. feijó
"Episódios de Fantasia & Violência" mostra como, se insistirmos em fazer das questões de género uma história de índios e cowboys, não devemos esquecer quem procura apenas adiar a sua extinção.
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