Os árbitros vão poder recorrer a imagens vídeo nas arbitragens dos jogos. A entidade que regula as leis no futebol desde 1886, o International Board (IFAB), aprovou a medida, este sábado, a título experimental. A importante decisão foi tomada no 130.º Annual General Meeting, em Cardiff, Gales.
O período experimental decorrerá durante os próximos dois anos, “o mais tardar na época 2017/2018”, para, segundo o comunicado do IFAB, “identificar as vantagens, desvantagens e os piores cenários”. Após o aval à tecnologia de linha de golo, em 2012, o ‘guardião’ das leis do futebol voltou a abrir as portas a outras tecnologias para auxílio do trabalho dos árbitros.
“A expectativa não é atingir 100% de eficiência nas decisões de cada lance de jogo, mas sim evitar com clareza decisões incorretas em situações que sejam game-changing [momentos-chave] — golos, decisões de penáltis, cartões vermelhos diretos e enganos na identificação do jogador”, pode ler-se no comunicado no site da FIFA. “O IFAB concordou em permitir um tipo de experiência, que terá um árbitro assistente com acesso a repetições durante o jogo, seja a pedido do árbitro ou comunicando proativamente sobre um evento que possa ter escapado ao árbitro.” Veja aqui os principais objetivos deste projeto e explicações mais detalhadas.
What will the video assistance experiments approved by The IFAB look like? Find out here – https://t.co/KigxzNI2gE pic.twitter.com/juLEVuDQK9
— FIFA Media (@fifamedia) March 5, 2016
Os novos desafios serão geridos pelo IFAB e terão o apoio da FIFA. Será também selecionada uma universidade para desenvolver um estudo, que terá em foco a arbitragem, naturalmente, mas também o impacto da mesma no futebol. O International Board vai reunir com várias federações, ligas e FIFA nas próximas semanas para ser definido um calendário para os próximos 24 meses. Haverá uma fase de pré-teste, que decorrerá num ambiente controlado (simulação de jogo) e workshops.
Em entrevista ao Guardian, na sexta-feira, o novo presidente da FIFA, Gianni Infantino, já antevia um desfecho destes e considerava o recurso ao vídeo como algo inevitável. “A tecnologia está na agenda, há experiências por fazer na agenda e é importante proteger as tradições. Futebol é um desporto tão bem-sucedido porque algumas pessoas sensatas protegeram a sua história, mas não se pode fechar os olhos ao progresso. (…) Temos de o discutir amanhã [este sábado]. Mais cedo ou mais tarde, será inevitável.”
As mudanças não ficarão por aqui. Em cima da mesa esteve também a possibilidade de haver uma quarta substituição em prolongamentos. Aqui os testes e estudos dirão se a quarta substituição será útil e para o bem dos jogadores, ou se haverá um aproveitamento por parte de treinadores e clubes (queimar tempo, por exemplo).
Foi também aprovado o teste para deixar de acontecer o que se chama “tripla punição”, que prevê a expulsão, penálti e suspensão do jogador quando este evita ou anula uma oportunidade de golo clara na grande área. Ou seja, o International Board decidiu rever a Lei 12, que quer ver acionada e testada globalmente durante dois anos.
“A FPF apoia todas as decisões que auxiliem o futebol, como é o caso”
A Federação Portuguesa de Futebol reagiu poucas horas depois à decisão do International Board. “A FPF aplaude e apoia sem reservas a decisão do International Board de permitir os testes para a introdução do vídeo-árbitro. É conhecido o trabalho da Federação Portuguesa de Futebol para que esta decisão pudesse ser tomada este sábado em Cardiff”, pode ler-se em mensagem do presidente da FPF, Fernado Gomes.
“A FPF apoia todas as decisões que auxiliem o futebol, como é o caso. No campo da arbitragem, é conhecido o nosso esforço no sentido de dotar as equipas de arbitragem dos melhores meios disponíveis. O árbitro é um elemento central do jogo e todos os mecanismos que o auxiliem na tomada de decisão devem ser testados e analisados, sem receios e sem conservadorismos”, apontou Fernando Gomes.