Vladimir Putin anunciou numa reunião no Kremlin que deu ordem para a retirada da “maior parte” das tropas russas estacionadas na Síria desde pelo menos 30 de setembro de 2015. Nessa altura, Moscovo começou a bombardear alvos dos rivais do regime de Bashar Al-Assad, que foi condenado pela comunidade internacional por atingir civis e grupos da oposição moderada síria, acusações que a Rússia rejeitou sempre, referindo que se tratava de alvos “terroristas”.
“Considero que os objetivos que fixei para o ministério da Defesa foram cumpridos de forma geral. É por isso que ordeno a retirada da maior parte das nossas forças militares do território da República Árabe da Síria a partir de amanhã”, disse, citado pelo site da Russia Today, órgão de comunicação social detido pelo Kremlin. No entanto, não há uma data agendada para a retirada total de militares russos na Síria. Além disso, Putin informou que será mantida a presença russa no porto de Tartus e na base aérea de Latakia — ambas cidades costeiras e bastiões do Presidente sírio Bashar Al-Assad.
A Síria vive neste momento um “cessar de hostilidades”, acordado depois de o Grupo Internacional de Apoio à Síria (que junta 17 países, entre os quais a Rússia e os EUA) ter aberto caminho nesse sentido.
A retirada de tropas não significa que a Rússia vai deixar de intervir na Síria, conforme sublinhou Putin na mesma reunião. “Eu peço ao ministro dos negócios estrangeiros para intensificar a participação da Rússia no processo de elaboração de uma solução pacífica para a crise síria”, disse o Presidente russo.
A guerra civil na Síria começou em 2011. O Observatório Sírio para os Direitos Humanos registou a morte de 271 138 pessoas desde o início do conflito e estima que o número de vítimas mortais possa ir até 370 mil. Além disso, mais de 3 milhões de pessoas fugiram do país (causando a maior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial) e outros 6,5 milhões vivem internamente deslocados dentro da Síria.