Se acha o BMW 507 Roadster, produzido entre 1956 e 1959, é um veículo apaixonante, então considere-se em perfeita harmonia com o rei do rock and roll. Sim, porque também Elvis Presley morreu de amores pelo elegante descapotável de dois lugares. A diferença é que se o rei continua desaparecido – isto para não ferir as susceptibilidades dos fãs que ainda têm dificuldade em aceitar que o popular cantor/actor morreu em 1977, aos 42 anos –, o seu 507 Roadster está de volta. Foi recuperado a 100% e será uma das peças mais cobiçadas no próximo Pebble Beach Concours d’Elegance, o reputado desfile de viaturas clássicas que tem lugar de 8 a 21 de Agosto em Monterey, na Califórnia, Estados Unidos da América.

A ligação de Elvis ao 507 Roadster, desenhado por Albert Graf Goertz para a BMW, foi de amor à primeira vista e teve lugar numa fase em que o cantor e actor norte-americano cumpria o serviço militar na Alemanha. Num saltinho a França, Elvis terá aproveitado para ver uma corrida no autódromo de Linas Montlhéry, onde viu o BMW 507 exibir a sua eficácia (graças a uma carroçaria mais ligeira, em alumínio) e o potencial do seu motor V8 com 3,2 litros e 150 cv, também ele construído em alumínio, sendo o primeiro do género.

Com o mesmo empenho com que as fãs o seguiam, o rei passou a perseguir o roadster. E, como foram apenas produzidas 254 unidades da primeira série deste modelo, não foi fácil ao soldado Presley encontrar um que pudesse adquirir. Tal só aconteceu uns meses depois, em Dezembro de 1958, quando “tropeçou” num 507 usado, que chegou a correr nas mãos de Hans Stuck, e que lhe foi entregue já com um motor novo.

Findo o serviço militar, Elvis regressou a Graceland, a sua mansão em Memphis, no Tenessee. Na bagagem, da Europa trouxe – entre os muitos corações partidos – o seu 507 Roadster. Não necessariamente mais discreto na paisagem americana do que o seu enorme Cadillac cor-de-rosa. Lamentavelmente para o rei do rock, e sobretudo para quem tinha de lavar o carro, o BMW era branco, ou seja, a cor ideal para as fãs deixarem marcas de lábios, para além de nomes e números de telefone, espalhados pela sua carroçaria, tudo em batom. O que acontecia sempre que a vedeta americana estacionava o modelo em qualquer lugar.

Elvis ainda tentou resolver o problema pintando o BMW de vermelho, aproximando-o da tonalidade preferida para os lábios à época, mas acabaria por vendê-lo em 1960. Não antes de o bólide alemão aparecer num dos seus filmes, o que fez disparar a apetência pelo desportivo de dois lugares, capaz de atingir 203 km/h.

Do famoso músico, o 507 Roadster com o número de chassi 70079 passou para a posse de um concessionário Chrysler em Nova Iorque, que depois o vendeu a Tommy Charles, um homem da rádio que também gostava de corridas e que achava que o motor V8 da BMW não lhe chegava. No seu lugar montou uma mecânica completa e mais possante da Chevrolet, do motor ao eixo traseiro, passando pela caixa de velocidades.

Uns anos mais tarde, o 507, então em muito mau estado, foi comprado pelo engenheiro espacial Jack Castor, que tinha o objectivo, nunca realizado, de o restaurar. Um jornalista descobriu entretanto a origem do carro e colocou Castor em contacto com o departamento de veículos clássicos da BMW, que trataram de transportar o automóvel para a Alemanha e expô-lo no museu da marca. Curiosamente, com o mesmo aspecto degradado com que chegou às mãos do engenheiro americano. Posteriormente, a marca bávara decidiu adquiri-lo e recuperá-lo, mas não a tempo de Castor – que faleceu em 2014, com 77 anos – ver o seu brinquedo em perfeito estado de conservação.

O restauro do carro de Elvis Presley tardou cerca de dois anos e, se lhe foi devolvida a original cor branca, peças como as pegas das portas e as manivelas dos vidros tiveram de ser impressas em 3D. A mecânica BMW voltou ao seu lugar, bem como tudo o resto, com o resultado final a revelar um 507 Roadster perfeito para regressar aos EUA, mais precisamente à Califórnia, a tempo de integrar, em Pebble Beach, a exposição comemorativa dos 100 anos da BMW, prevista para 18 de Agosto.

O carro de Elvis vai aí ser leiloado, sendo que um destes modelos, em perfeito estado de conservação, pode valer 2 milhões de dólares. Mas esta unidade, por ter pertencido ao rei do rock, ninguém sabe ao certo que valor poderá atingir. Quer arriscar um palpite? Envie-nos a sua estimativa e, entretanto, veja o vídeo e recorde as condições em que o 507 Roadster chegou a Munique, ao museu da BMW.

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