Falta ouvir o selecionador. A palavra a Fernando Santos: “Tinha dores de cabeça antes e tenho-as agora. Se estou confiante é por causa do trabalho deles. Mas temos que ter calminha. Os primeiros 20/25 minutos não foram bons. Estava calor. Mas isso não explica tudo. A equipa precisava de subir mais as linhas, o Danilo precisava de subir mais. Depois, dominámos o jogo. Mas também temos que ser mais rápidos com equipas como a Estónia, mais fechadas. Ainda falta muita coisa. Goleada? Os golos são sempre bons. Foram sete, mas se fossem dez ainda melhor. Mas temos que manter os pés no chão. Os adversários no Euro vão ser diferentes. Vamos ter calma.”

Agora é a vez de Danilo falar: “William ou eu? Vai ser uma dor de cabeça para o selecionador. Uma dor de cabeça boa. Quero ganhar o meu lugar, mas respeito muito o William. O jogo? Estávamos à espera de uma boa exibição, mas não com tantos golos assim.”

Fala Quaresma na flash interview: “Quero desfrutar do futebol. Quero ajudar a equipa. Quero agarrar o lugar, a oportunidade que o selecionador me deu, e quero ser campeão em França, ganhar o Euro. Vai ser o meu último Europeu? Vou desfrutar muito.”

E acabou!

Terminou! Golos de @Cristiano (2), @07RQuaresma (2), Danilo, Éder e Metz (na própria baliza) #EUro2016 #POR #PORxEST pic.twitter.com/DrQcCH13cP

— Portugal (@selecaoportugal) June 8, 2016

É isto:

#PORxEST: Há 6 anos que Portugal não marcava 7 golos num só jogo (V 7-0 Coreia do Norte) #playmaker #Friendly

— Playmaker (@playmaker_PT) June 8, 2016

Dá para tudo. Até dá para Éder molhar a sopa. André Gomes, vindo da direita, percorreu a área (por fora) até centro e, aí chegado, desmarcou Éder na área, nas costas do central Karol Mets. Éder dominou a bola (um tanto atabalhoadamente, a meias entre o pé direito e o peito), rematou de seguida e fez o 7-0. S-e-t-e. É muito. E é bom.

https://twitter.com/bola24pt/status/740640556846567424

O “pulmão” de Renato Sanches fez meio golo. O outro “meio” foi do homem da noite: Quaresma. O médio benfiquista (ou do Bayern) recuperou a bola a meio-campo, mesmo no centro do meio-campo, e desatou a correr em direção à área. Correu, correu, correu que se desalmou — e fartou-se de levar encontrões dos estónios. Nunca caiu, mas também não havia maneira de passar a bola — e tinha Nani à esquerda e Quaresma à direita –, até que, por fim, no último instante, desmarcou Quaresma na área. E Quaresma rematou. De primeira. Um remate rentinho à relva, rentinho ao poste. E golo. Um golo histórico: é a primeira vez que Quaresma bisa num jogo da Seleção — e já lá vão meia centena de jogos.

https://twitter.com/bola24pt/status/740639786336190464

Sai Danilo e entra William Carvalho. O que há de feliz nisto? É que nem se vai dar pela diferença, tal a qualidade de um e de outro. Feliz do selecionador que pode ter dois médios assim nos convocados.

O azarado é Karol Mets. Quaresma (como adjetivá-lo? Talvez monstruoso; e mesmo assim é redutor) cruzou tenso desde a direita, Éder fez-se à bola juntamente com o central Ragnar Klavan — mas nenhum chegou à bola –, Pavel Londak saiu a punhos da baliza, mas acertou em cheio em Mets. É a mão-cheia de golos.

https://twitter.com/bola24pt/status/740635610260602880

Não uma sem duas, nem duas sem três. Substituições. João Mário dá a vez a Éder; Moutinho a Renato Sanches; Pepe a Ricardo Carvalho. Muda a tática: 4-3-3, por fim com ponta-de-lança.

É Danilo, na área e de cabeça, a aumentar os números à goleada. Adivinhe lá quem foi à direita marcar o canto? Quaresma, pois claro. Quando o cruzamento é bom, tenso, ao primeiro poste, os defesas e os guarda-redes veem-se gregos para cortar a bola. Mas não chega. É preciso alguém fazer-se ao cruzamento e cabecear. Agora, fê-lo Danilo. Saltou mais alto que os centrais da Estónia, Ragnar Klavan e Karol Mets, cabeceou como as regras dizem que se deve cabecear, de cima para baixo, e não deu hipóteses de defesa a Pavel Londak. O pobre guarda-redes estónio ainda só fez uma defesa esta noite. Quando toca na bola, é para ir buscá-la ao fundo da baliza.

https://twitter.com/bola24pt/status/740634043209912320

Que perigo! Quaresma (está com a corda toda!) avançou pela direita, cruzou para a área, mas o central Karol Mets cortou, a custo, para longe. E lá longe, fora da área, surgiu Vieirinha, embalado, a rematar cruzado. Tão cruzado, que rematou para fora. Mas só por um palmo é que falhou o golo.

Quase, quase que Patrício borrava a pintura. Nikita Baranov bateu um livre à esquerda, muito longe da área — mas foi mesmo lá, na área, que colocou a bola. A redondinha ia na direção do guarda-redes português, mas este escolheu socá-la ao invés de a agarrar. Socou, mas socou contra Aleksandr Dmitrijev. Em cheio na cara de Dmitrijev. Sorte ou não, a verdade é o que o ressalto acabou na canhota de Sander Puri dentro da área, o avançado estónio rematou de pronto, mas acertou com estrondo na barra. Aqui sim, foi sorte. Ou aselhice. Primeiro de Patrício, depois de Puri.

Ronaldo chegou, treinou e jogou. Ah, e marcou. É altura de lhe dar descanso. Entrou Nani para o lugar do capitão. Na defesa também há trocas. Cédric saiu e entrou Vieirinha. Esse será uma das dúvidas do selecionador: qual deles será o titular. No outro lado, na esquerda da defesa, não há dúvidas. É de Guerreiro o lugar.

E recomeça o jogo. Com algumas mexidas de Fernando Santos ao intervalo. Já lhe conto tudo.

Juntando os jogos em casa, fora e neutro, esta foi a 18.ª vez, que Portugal chegou ao intervalo c/ 3 ou + golos de vantagem (100% Vit.)

— Playmaker (@playmaker_PT) June 8, 2016

E acabou a primeira parte!

Intervalo. #EUro2016 #POR #PORxEST pic.twitter.com/nmQsNT1ym2

— Portugal (@selecaoportugal) June 8, 2016

João Mário e Cristiano Ronaldo entenderam-se. E quando assim é, o resultado só pode ser golo. Mas os estónios foram “passarinhos”. Sobretudo o lateral esquerdo Kallaste e o médio Antonov. Quiseram jogar ao “meinho” com João Mário. E deram-se mal, claro. O médio do Sporting pressionou-os, recuperou a bola, passou-a a Ronaldo, este devolveu-lha de pronto (e com nota artística: de calcanhar), João Mário avançou pelo flanco, cruzou para a área, ligeiramente para trás, e Ronadlo, entregando chegado ao destino, rematou de primeira. Voltou — tal como no primeiro golo, tal como no segundo de Quaresma — a acertar com o ângulo. Ou seja: nem com asas Londak lá chegava.

https://twitter.com/bola24pt/status/740627013191503872

Foi na “gaveta”. Como só Quaresma sabe. Pouco antes, do mesmo local, Quaresma cruzou de trivela para o segundo poste, para Ronaldo. O lateral Teniste, espertalhão, não voltou a dar a linha de fundo a Quaresma — não vá ele voltar a cruzar de trivela –, deixando-lhe, isso sim, o centro. E Quaresma foi para o centro. Lá longe, Ronaldo voltava a encaminhar-se para o segundo poste, à espera de novo cruzamento. O guarda-redes Londak topou-o (a Ronaldo), e deu dois passos à frente, prontinho a segurar qualquer cruzamento. Teve azar. É que Quaresma não cruzou. Rematou. Ao ângulo, fazendo um chapéu ao guarda-redes estónio. Que golo. Que golão!

https://twitter.com/bola24pt/status/740625588986253313