A primeira atleta norte-americana a usar hijab caiu, mas continua a levantar a voz pelas mulheres muçulmanas. “Tenho de desafiar esta ideia de que não encaixamos por causa da nossa raça ou religião”, disse Ibtihaj Muhammad, antes dos Jogos Olímpicos. A atleta perdeu nos oitavos-de-final contra a francesa Cecilia Berder (15-12), depois de ter vencido na primeira ronda do torneio olímpico de esgrima. Esta é daqueles histórias que engrandecem e ultrapassam o desporto.
Ibtihaj Muhammad, contou o Washington Post, tentou voleibol, softball e ténis quando era garota. Mas o facto de os outros meninos gozarem com ela por ser diferente, por usar o tal lenço na cabeça (hijab), que escondia o cabelo e algum segredo, fê-la parar. Ela procurou então um desporto em que pudesse estar escondida dos olhares indiscretos. E das (in)tolerâncias apertadas. “Quis um desporto em que pudesse estar toda coberta, para que não parecesse diferente”, admitiu.

Ibtihaj Muhammad (direita) contra a francesa Cecilia Berder (FABRICE COFFRINI/AFP/Getty Images)
Depois da derrota frente à francesa, Muhammad disse que queria quebrar as barreiras culturais e inspirar as muçulmanas. “Muita gente acredita que as mulheres muçulmanas não têm voz ou que não participamos no desporto. E não é só para desafiar as incompreensões fora da comunidade muçulmana, mas também na própria comunidade muçulmana”, pode ler-se no site oficial dos JO.
“Eu quero quebrar as normas culturais e mostrar às meninas que é importante ser ativo, é importante estar envolvido no desporto. Isto tem sido uma bonita experiência. Eu sei que isto foi escrito para mim”, explicou depois da derrota.
A atleta de 30 anos, natural de New Jersey, ainda voltará a competir por equipas, mas deixa muito claro uma coisa: “Eu sinto orgulho em representar a equipa dos Estados Unidos, mesmo na derrota…”
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— Ibtihaj Muhammad (@IbtihajMuhammad) August 4, 2016