O socialista Sérgio Sousa Pinto leu a moção de estratégia global que António Costa leva ao congresso do PS de 3,4 e 5 de junho e não gostou. O ex-secretário nacional de Costa diz que o texto “perpassa um tom sectário, desafiador, que é impróprio do PS”. Um dos autores da moção, o socialista Paulo Pedroso, já reagiu às críticas: “A moção diverge felizmente do Sérgio. O país votou contra e não por Pedro Passos Coelho”.
Em declarações ao semanário Expresso, o membro da Comissão Política Nacional disse que o “tom sectário” se verifica nas parte da moção sobre quem à esquerda critica a solução governativa que junta no apoio ao Governo socialista o PCP, o BE e os Verdes. Uma dessas vozes críticas é precisamente a de Sérgio Sousa Pinto que saiu da direção do partido, logo em outubro, quando António Costa estava a negociar um acordo à esquerda.
Agora, em véspera do congresso do PS a que promete ir, o deputado socialista volta à carga para dizer que o texto que António Costa leva à reunião magna socialista é “obcecado pela defesa da legitimidade política do atual Governo”. “É um tom excessivamente satisfeito consigo próprio como se o passado anterior a esta experiência fosse a idade das trevas”, analisa Sousa Pinto que promete ir ao congresso socialista. Na sua página no facebook, Paulo Pedroso, um dos autores da moção, escreveu que o tom “é como o sal ou o açúcar. Cada um tem a sua “mão”.
A divergência maior refere-se à posição manifestada ao semanário por Sousa Pinto em questões mais sectoriais da moção. O socialista fala num “longo repositório de ideias da moda: obsessão pela integração supranacional e reforço da descentralização subestatal”e atira à estratégia do partido para as autárquicas do próximo ano: “O PS pretende transformar em sua a vitória de outros partidos mesmo que sejam derrotas do PS”.
Paulo Perdroso que resume assim as críticas de Sousa Pinto: “As alternativas que propõe são (a) das eleições deveria ter resultado um governo do PSD; (b) deveria procurar-se mais centralismo estatal para opor ao processo de descentralização preconizado”. E também diz que “o Sérgio não acreditou que fosse possível [a maioria de esquerda] e parece que ainda não aceita que esteja a acontecer, mas depois das legislativas derrubou-se um muro à esquerda que muda as possibilidades de futuro do país e esse derrube desafia todos a mudar. O PS fez bem em mudar”.
Os socialistas elegem este sábado o secretário-geral do partido, em eleições diretas onde concorreram dois candidatos. Além do atual líder, António Costa, também Daniel Adrião entrou na corrida.
Texto atualizado às 15h15 com a resposta de Paulo Pedroso