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Um pugilista com nome de escravo que tinha medo de voar e que queria ficar em terra, faltando aos Jogos Olímpicos de Roma, em 1960. Uma ginasta soviética que foi a primeira rainha da modalidade, que ganhou cinco das nove medalhas de ouro, que conquistou grávida de quatro meses. Um nadador de origem judia que venceu sete medalhas de ouro, estabeleceu sete recordes do mundo no JO-1972, em Munique, e fugiu do país depois do atentado à comitiva israelita. Um atleta completo que imitou o feito do seu ídolo, Jesse Owens (1936). Uma romena que ensinou ao desporto que a perfeição existe, trocando as voltas aos fabricantes dos placards eletrónicos…
Estas são as histórias de Cassius Clay (Muhammad Ali), Larissa Latynina, Mark Spitz, Carl Lewis e Nadia Comaneci. Na véspera da cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, o Observador lembra alguns dos melhores atletas olímpicos de sempre.

Cassius Clay (Muhammad Ali), Zbigniew Pietrzykowski (à direita do campeão olímpico), Giulio Saraudi e Anthony Madigan (esquerda) – Photo by Central Press/Getty Images
Cassius Clay, a borboleta que tinha medo de voar
Em 2016 morreu uma das grandes lendas do desporto mundial — para muitos, era o número um. O homem que voava como uma borboleta e que picava como uma abelha enfrentou tudo e todos, com aquela gabarolice do costume, vaidoso, cheio de si. E tudo com razão, porque era belo e uma máquina perfeita que desviava e socava como ninguém. Mas nem sempre foi assim, o craque também tinha os seus momentos para, hesitante, engolir em seco. Foi o que aconteceu em 1960, quando os Jogos Olímpicos de Roma chamaram por ele…
Cassius Clay, futuro Muhammad Ali aquando da conversão ao Islamismo em 1964 — “Cassius Clay é nome de escravo”, disse então –, era um garoto de 18 anos, já famoso na sua terra, Louisville. Aspirava ao ouro olímpico, ainda sem as suas causas e frases icónicas. Nem o peso: Clay competiu na categoria meio-pesado (até 81kg), uma abaixo dos pesos pesados. Mas foi complicado levá-lo até à capital italiana, porque tinha medo de voar. Queria ir de barco ou de outra forma qualquer. Esteve determinado a faltar aos JO, mas foi convencido de que, para ser o futuro número um do boxe mundial, teria de competir em Roma. E ele lá foi.
Tudo começou na segunda ronda do torneio, contra o belga Yvon Becaus. Cada combate tinha três rounds de três minutos. Becaus não chegou ao final do segundo — “o americano move-se com surpreendente ligeireza e também elegância, seguro de si”, era assim que um locutor da TV italiana ia descrevendo Cassius Clay. O árbitro decidiu colocar um ponto final na tareia do jovem norte-americano, que, segundo alguns relatos na imprensa, estaria insatisfeito com os apupos aos atletas do seu país. Nos quartos-de-final, Clay despachou facilmente o soviético Gennadiy Shatkov, que ganhara o ouro em 1956, com uma decisão unânime dos árbitros (5-0), após os três rounds. A Guerra Fria teve, nesse combate, mais um capítulo. A meia-final seguiu a mesma toada: 5-0 vs. Anthony Madigan, um atleta australiano.
A final seria contra Zbigniew Pietrzykowski, um pugilista que vencera a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos anteriores, em Melbourne. O polaco tinha 25 anos e três títulos europeus no bolso, com mais de 200 combates na carreira. O favoritismo costuma estar do lado do mais experiente e vitorioso…
Mas a lenda desta personagem, que aprendeu a voar como uma borboleta, perdendo o medo, começaria neste dia, 18 de agosto de 1960. Foi em Roma, qual gladiador, transformando aquele ringue no seu Coliseu. O polaco foi tentando aqui e ali impor a sua direita poderosa. Clay mostrou-se sempre fresco, rápido, a desviar-se das muitas investidas do rival. Ao fim dos primeiros dois rounds, era o norte-americano quem somava mais pontos, por isso o polaco teria de ser mais aventureiro no derradeiro.
Clay, tal como o combate, continuou igual e até esboçou algo pelo qual ficaria conhecido: o seu jogo de pés, a sua dança (ver minuto 8:54 no vídeo em cima). Clay venceu Pietrzykowski depois de mais uma decisão unânime dos árbitros. O treinador do polaco estava mais sorridente do que Clay, no final, como quem antevia o que ia acontecer no futuro daquele desporto. O norte-americano só sorriu, por poucos segundos, quando lhe colocaram a medalha de ouro ao pescoço.
Clay, com o ego saciado, voltou a casa como um herói, pelo menos na sua comunidade. Depois aterrou na realidade: era um negro em terra de brancos, por isso foi-lhe negada uma refeição num restaurante. O pugilista ainda alegou ser o campeão olímpico, que havia levado o nome do país ao céu, mas nem assim o vento mudou. E nasceu a revolta dentro de si: o jovem terá atirado a sua medalha ao Rio Ohio.
https://www.youtube.com/watch?v=lk3fAYpSVfk
O que aconteceu a seguir elevou-o a semideus. Esteve 11 anos invencível após esses Jogos de Roma, embora não tenha competido em três deles, porque rejeitou juntar-se às tropas norte-americanas na Guerra do Vietname. Antes, em 1964, converteu-se ao Islamismo e mudou o seu nome para Muhammad Ali.
A medalha de 1960 foi recuperada em 1996, em Atlanta, quando lhe entregaram uma réplica que traduzia o seu primeiro dia de glória. O rapaz que só se meteu no boxe aos 12 anos, porque lhe roubaram a bicicleta, foi o maior de todos os tempos naquele desporto. E tudo começou nuns Jogos Olímpicos…

Larisa Latynina nos Jogos Olímpicos de 1956 (AFP/Getty Images)
Larisa Latynina, a primeira rainha da ginástica
Foi preciso quase meio século para alguém roubar o trono (mais medalhas olímpicas) a esta soviética — foi Michael Phelps e o seu corpo perfeitamente desenhado para nadar, em 2012. Bom, no reino das mulheres é ela quem ainda manda: nove medalhas de ouro, cinco de prata, quatro de bronze entre 1956 e 1964. São 18.
O dia em que Phelps ultrapassou o recorde de Latynina, nos Jogos Olímpicos de Londres, a ex-ginasta estava presente, conta o New York Times. Latynina brincava que era altura de os homens conseguiram algo que as mulheres haviam conquistado há muito, muito tempo. “Phelps mereceu. É um desportista talentoso”, disse então, aos 77 anos.
Larisa Latynina nasceu em dezembro de 1934, em Kherson, na Ucrânia. A sua primeira paixão foi a dança. Em garota viveu o drama da Segunda Guerra Mundial, num país liderado por Estaline. Quando tudo acabou, Latynina entrou para o ballet, mas o estúdio onde as meninas de plasticina desafiavam a física fecharia. Larisa resolveu, então, apostar na ginástica e tornar-se atleta.
A sua epopeia começou nos Jogos Olímpicos de 1956, em Melbourne. Ganhou quatro medalhas de ouro, mais uma de bronze e outra de prata. Em Roma, nos tais Jogos Olímpicos que coroaram Muhammad Ali, a ginasta soviética meteu ao bolso mais três medalhas de ouro, duas de prata e uma de bronze.
Conta o mesmo artigo do NYT que a sua personalidade era digna de quem comandava, era uma líder. E determinada. É que em 1964, nos JO de Tóquio, Latynina escondeu de toda a gente, incluindo do seu treinador, que estava grávida de quatro meses. “Não podia dizer nada porque não me deixariam participar”, contaria depois. Faltavam dois meses para completar o 30º aniversário, algo que hoje em dia seria impensável, pois as atletas acabam as carreiras ainda muito jovens. Latynina venceu seis medalhas nesse JO, sendo que cinco delas foram de ouro. Cinco.
“Eu considero-as minhas. Ganhámo-las juntas”, disse ao NYT Tatyana Latynina, a filha, que viveu aquele capítulo histórico por dentro. Literalmente.
Na hora de trespassar o trono que parecia eterno, Latynina meteu batom nos lábios e foi para a bancada ver Phelps. Mas fez mais: sugeriu ao Comité Olímpico Internacional ser ela a dar a 19ª medalha ao norte-americano. “Acho que eles não querem. O COI tem muita gente digna e todos querem fazer isso”, contou ao Independent. Quanto à rivalidade com Nadia Comaneci, deixamos lá mais para baixo…

Mark Spitz nos Jogos Olímpicos de Munique, em 1972 (AFP/Getty Images)
Mark Spitz, o torpedo de ouro
Antes de um tal de Michael Phelps (nome recorrente nestas andanças dos grandes, é verdade…) aparecer, Mark Spitz foi a grande referência da natação. O norte-americano conquistou sete medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de Munique, em 1972, que ficaram marcados pelo atentado à comitiva israelita. Spitz era também a referência de Phelps…
“Sete medalhas de ouro, sete recordes mundiais nuns Jogos Olímpicos é absolutamente incrível. Ele tem sido o icone da natação, tem sido o número um. As pessoas nem sabem muito sobre natação, mas sabem quem é Mark Spitz”, disse Phelps na entrevista em cima, em 2003, um ano antes da sua estreia em JO. “O que ele fez ficou na cabeça das pessoas e ele mudou a natação. O que eu estou a tentar fazer também é mudar este desporto. (…) Toda a gente no mundo gostaria de ganhar sete ou mais medalhas de ouro nuns Jogos Olímpicos, mas, para mim, se ganhasse uma já era ótimo.” Mal ele sabia que venceria seis em Atenas, oito em Pequim (roubou o recorde a Spitz) e mais quatro em Londres…
Mark Spitz nasceu em Modesto, na California, em 1950. Foi na Universidade de Indiana que as coisas ficaram mais sérias para ele neste desporto, conta o Biography.com. Antes, mudou-se para o Havai aos dois anos, e foi aí que o pai o ensinou a dar as primeiras braçadas, na praia Waikiki. Quatro anos depois de aterrar em solo havaino, a família Spitz voltou à Califórnia. O nadador começou a treinar no Arden Hills Swim Club, em Sacramento. O rapaz tinha muita pedalada e, aos nove anos, foi nomeado o melhor nadador Sub-10 do mundo.
Spitz estreou-se nos Jogos Olímpicos em 1968, no México. Segundo o Biography.com, o nadador previa vencer seis medalhas de ouro, mas apenas ganharia duas por equipas. Individualmente, meteu ao bolso uma medalha de bronze e outra de prata.
Quatro anos depois, em 1972, voltou para cumprir o que havia previsto para as piscinas mexicanas. Em Munique, Spitz não deu hipótese: ganhou sete medalhas de ouro, estabelecendo assim o recorde olímpico, que duraria até 2008. Nota: as sete medalhas valeram também sete recordes do mundo.
https://www.youtube.com/watch?v=tXUMXy16L9k
O feito era inédito e especial, mas aqueles JO ficaram manchados de sangue pelo rapto e homícidio de 11 atletas israelitas. Pouco depois desse atentado, Spitz, que era oriundo de família judia, foi conduzido para fora da Alemanha Ocidental, ainda antes de os Jogos Olímpicos terminarem.
Spitz “pendurou as botas” pouco depois dos Jogos de Munique. Casou, montou uma empresa imobiliária, transformou-se também num orador motivacional e, mais recentemente, trabalhou com produtos de saúde e bem-estar. Pelo meio, em 1990, tentou regressar à ribalta, na sua praia: a natação. Mas não teve sucesso e falhou os minímos para se qualificar para a seleção olímpica norte-americana.
Mark Spitz, que reconheceu mais tarde que a angústia de perder era maior do que a alegria de ganhar, falou ao USA Today sobre Michael Phelps e o feito do seu sucessor. “Que melhor coisa poderia eu deixar ao desporto do que inspirar alguém a ter o desejo de fazer o que fiz ou a ultrapassar?”, questionou.
“No último ano da minha carreira, em 11 finais, ganhei 11 vezes e estabeleci dez recordes mundiais. (…) Por isso, quem ia competir contra mim já entrava na piscina a pensar ‘okay, quem é que vai ser o primeiro a acabar em segundo?’…”
Carl Lewis nos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992 (ERIC FEFERBERG/AFP/Getty Images)
Carl Lewis, o atleta que imitou o ídolo
Ouro, ouro, ouro, ouro, ouro, prata, ouro, ouro, ouro e ouro. É assim a caminhada olímpica deste monstro do atletismo, em quatro participações. É um conto de fadas. Apenas três homens na história dos Jogos conquistaram medalhas de ouro na mesma categoria em quatro edições diferentes. Mais: só Lewis e mais três atletas atingiram o patamar das nove medalhas de ouro.
Em 1984, em Los Angeles, Carl Lewis imitou Jesse Owens, o seu ídolo de infância, ao vencer os 100 metros, 200 metros, salto em comprimento e estafetas de 4×100 metros.
Em 1936, nos Jogos Olímpicos de Berlim, na Alemanha nazi, Owens garantiu as tais quatro medalhas de ouro. Mas conquistou muito mais do que isso: O mundo viu um homem negro esmagar, na sua própria casa, a “supremacia ariana” de Adolf Hitler.
Carl Lewis era elegante a correr. E potente, claro. Na peça em cima, da BBC, fica esclarecido no que o atleta norte-americano era realmente forte: os últimos 20 metros. Ele voavoa na recta final. E a questão é que ninguém acelera nos últimos metros, todos perdem velocidade. Ou seja, ele perdia muito menos do que os outros, era mais consistente.
Em 88, em Seoul, Lewis venceu os 100 metros, depois da desqualificação de Ben Johnson, e o salto em comprimento. Nos 200 metros ganhou a única medalha de prata da sua coleção. Em Barcelona, em 92, voltou a chegar mais longe do que a concorrência, vencendo o ouro em salto em comprimento — acabou três centímetros à frente de Mike Powell, o recordista mundial da categoria. E ainda fez parte do fantastic four, lado a lado com Mike Marsh, Leroy Burrell, Dennis Mitchell, que conquistou a estafeta 4×100 metros.
O conto de fadas começou em casa, em LA, e fechou em casa, em Atlanta, fechando um círculo perfeito. A carreira de Carl Lewis personificou o lema olímpico — “citius, altius, fortius” –, que em latim significa “mais rápido, mais alto, mais forte”. Em 1996, o seu último ouro olímpico foi arrancado a ferros: precisou de três saltos para qualificar-se para a final do salto em comprimento. Depois, fez história: voou 8.50m, celebrou com os braços no ar e deitou-se na pista — recordar aqui.
Nadia Comaneci (dorsal nº 73) nos Jogos Olímpicos de 1976, em Montreal (AFP/Getty Images)
Nadia Comaneci, a miss perfeição
Tornou-se na princesa da ginástica aos 14 anos e, uma década depois sensivelmente, fugiu da Roménia, antes de o Muro de Berlim ruir. Mais tarde seria considerada a melhor ginasta do século XX.
Nadia Comaneci nasceu em Onești, Roménia, em novembro de 1961. Entrou na ginástica aos seis anos — foi uma das primeiras alunas da escola fundada por Béla Károlyi — e aos 13 já brilhava nos Europeus. Um ano depois, nos Jogos Olímpicos de Montreal, no Canadá, trocou as voltas aos homens que fabricaram os relógios e expositores de notas das performances…
Os suíços da Omega questionaram a organização sobre os placards eletrónicos, que estavam limitados a três digitos, contou o The Guardian. Ou seja, questionaram a impossibilidade de ser exibida uma nota máxima. “Disseram-me: ‘10.00 não é possível'”, lembrou ao diário inglês Daniel Baumat, o diretor da marca suíça, em 2011. A perfeição não era possível. “Por isso fizemos com apenas três digitos.”
A ginástica não previa a perfeição, os Jogos Olímpicos não concebiam o céu. Era inalcançável. Os atletas limitavam-se a imaginar as nuvens. Mas organizadores, ginastas, Omega e todo o mundo não sabiam que uma menina da Roménia mudaria a história do desporto para sempre.
“O segredo… Tu tens um segredo para a tua motivação?”, questionou a jornalista da Euronews, em 2014 (entrevista colocada quase no final do artigo). “Quando eu tinha cinco anos e meio, ainda antes de começar na ginástica, estava no jardim-de-infância e havia uma competição de triciclos. E eu só queria ganhar, por isso ganhei.”
Thank you for the memories and keeping the history alive! https://t.co/QxpmkCrzFo
— Nadia Comaneci (@nadiacomaneci10) July 23, 2016
Dito isto, como um alfaiate da ambição satisfeito, viajemos até 1976. No segundo dia de Jogos de Montreal, Comaneci entrou em ação para a rotina nas paralelas assimétricas. Deu um show sem falhas, obrigando os quase 20 mil espectadores a aplaudir em euforia. “Uma juiza perguntou-me o que fazer”, revelou ao The Guardian o homem forte da Omega. “Eu disse-lhes que podiam meter 1.00 ou .100, mas que era impossível colocar 10.00.” É por isto que o primeiro 10 perfeito da história dos Jogos Olímpicos foi um 1.00…
A romena repetiria a cantiga do 10 perfeito mais seis vezes, mas nunca mais teria a mesma aura olímpica. Quatro anos depois, juntou ao seu museu mais duas medalhas de ouro, mas terminaria em segundo lugar no all-around, atrás de Yelena Davydova. A romena terminaria a carreira um ano depois, em 1981. Balanço: nove medalhas olímpicas (cinco de ouro).
“”O desporto é incrível para os miúdos. Dá-te uma estrutura, organiza-te, dá-te o sentido para criar objetivos”
Na entrevista à Euronews contou que, mesmo após o ouro olímpico, não estava autorizada a viajar para fora do país. A Roménia vivia nas amarras da União Soviética, que cairia em 1989. Ela queria mais, queria liberdade, desejava responder afirmativamente aos muitos convites que recebia, por isso, depois de casar em 1984 com o norte-americano Bart Conner (também atleta olímpico), a ginasta desertou para os Estados Unidos em 1989 (antes de o Muro cair). O primeiro passo para a fuga foi cruzar a fronteira para a Hungria; depois contactou a embaixada norte-americana na Áustria.
Nadia Comaneci seria considerada a ginasta do século XX, deixando para trás Larisa Latynina, a soviética que amealhou 18 medalhas. Latynina era treinadora das soviéticas em 1976 e seria despedida depois do momento assombroso de Comaneci. “Não sei porque devo ser culpada por a Nádia ter nascido na Roménia e não na Rússia”, contou ao NYT.
Mais difícil para Latynina foi engolir a nomeação de Comaneci para rainha da ginástica do século passado. A romena conquistou metade das medalhas olímpicas da soviética, mas assinou o tal perfect ten. Em 2012, a soviética deslocou-se aos Jogos de Londres e, triunfante, olhou para uma brochura da competição, que tinha a sua fotografia no topo da lista dos atletas que mais medalhas venceram, e disse: “Vês, não há Comaneci ali…”