Com Michel Platini suspenso por quatro anos de qualquer cargo no futebol, a UEFA reuniu-se em Atenas num Congresso Extraordinário para eleger o sucessor, que começa agora um mandato mais curto do que o habitual. Quarenta e duas das 55 federações votaram no esloveno Aleksander Ceferin, que sobe agora ao cargo mais alto do futebol europeu por dois anos e meio — o tempo que faltava a Platini para terminar o mandato.
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— UEFA (@UEFA) 14 de setembro de 2016
Aleksander Čeferin 4⃣2⃣ votes
Michael van Praag 1⃣3⃣ votes#UEFAPresidenthttps://t.co/ISbaVWzcU2 pic.twitter.com/llhPbQM8yu
Advogado de profissão, Ceferin especializou-se em defender pro bono as vítimas de violações dos direitos humanos. Nasceu em 1967, na cidade de Grosuplje, perto da capital da Eslovénia, Ljubliana. Estudou Direito, e começou por trabalhar na empresa do pai, onde tratou essencialmente assuntos desportivos, representando clubes e atletas. O interesse pela gestão desportiva surgiu em 2005, quando trabalhou no FC Litija, um clube de futsal esloveno. Mudou-se depois para um clube de futebol amador, os Ljubljana Lawyers, na capital, e em 2006 chegou à direção do Olimpija Ljubljana, um clube da primeira divisão eslovena. Em 2011, foi eleito presidente da Federação Eslovena de Futebol, cargo que mantinha até hoje, a par da sua profissão de advogado pelos direitos humanos.
A candidatura de Ceferin à presidência da UEFA começou a desenhar-se em março, altura em que mais de uma dezena de países mais pequenos da UEFA se reuniram para escolher um candidato que pudesse representar os seus interesses. O esloveno recebeu depois o apoio de vários membros da organização, incluindo de Portugal e de alguns dos mais relevantes, como Itália, França ou Alemanha.
Ainda antes de ser eleito, já tinha o seu nome envolvido numa polémica. Ceferin, que aos 48 anos se torna o presidente mais novo de sempre da UEFA, foi acusado de ser uma marioneta de Gianni Infantino, o presidente da FIFA, e viu-se obrigado a negar o apoio do líder do futebol mundial, que seria contra as regras do organismo. O esloveno também se viu confrontado com acusações de que teria prometido incentivos às federações que votassem em si. Mas o apoio mais polémico que recebeu foi o da Rússia. Depois de se reunir com o ministro dos Desportos de Vladimir Putin, Vitaly Mutko, Ceferin recebeu o suporte russo, país que acolhe o próximo Mundial, em 2018.

Aleksander Ceferin já ocupou o lugar de presidente da UEFA, durante uma conferência de imprensa após a eleição, esta manhã, em Atenas. (ARIS MESSINIS/AFP/Getty Images)
Esta manhã, quando discursou no congresso, em Atenas, dedicou-se a defender os interesses dos países mais pequenos. “Algumas pessoas podem ter dito que eu não sou um líder. Podem dizer que sou jovem e inexperiente, mas honestamente penso que isso é uma falta de respeito para todos os presidentes das federações pequenas e médias, que todos os anos têm de fazer mais com menos”, defendeu Ceferin perante os representantes de todo o futebol europeu. “Temos de parar com a política, com os enredos, com a falta de transparência, com os interesses próprios. Primeiro o futebol”, rematou. Ceferin tem pela frente o trabalho duro de devolver a credibilidade aos dirigentes desportivos, tão abalada ao longo dos últimos anos depois do escândalo da FIFA.
Ceferin, que se torna agora no sétimo presidente da história do organismo que gere o futebol europeu, quer levar a UEFA a um tempo de “estabilidade, esperança, equilíbrio e amizade”, classificando-se como “um jogador de equipa” com uma “visão nova e clara”. Depois de conhecer o resultado da votação, sublinhou a “grande responsabilidade” que sentiu ao assumir o cargo. “Significa muito para mim. A minha pequena e bela Eslovénia está muito orgulhosa, e espero que um dia também vocês estejam orgulhosos de mim”, disse o novo presidente da UEFA aos presentes. Entre os projetos de futuro, encontra-se o combate à corrupção no futebol e a criação de programas antidopagem.