Mais de metade dos emigrantes lesados do BES, que têm as suas poupanças bloqueadas, já terá chegado a acordo com o Novo Banco sobre uma solução que lhes garante pelo menos 60% do capital investido, avançam a Rádio Renascença e o Jornal de Negócios. Foram mais de 3.500 (de um total de 7.000) os clientes residentes no estrangeiro que aderiram à proposta, o que deve ser o suficiente para garantir a sua aprovação, dizem os mesmos jornais.
A proposta apresentada pela equipa liderada por Eduardo Stock da Cunha prevê a recuperação, num prazo de seis anos, da totalidade do capital investido em veículos como o Poupança Plus, Top Renda e Euro Aforro. Se os clientes mantiverem o depósito durante seis anos poderão conseguir 90%, já que o Novo Banco vai acrescentando 5% todos os anos, explica a Renascença.
O Novo Banco compromete-se assim a aplicar num depósito a prazo (dois anos) um montante que totalize 60% do valor investido pelos emigrantes. Para além disto, o banco propõe-se ir reforçando, ao longo de seis anos, um outro depósito perfazendo, no final, 90% do montante inicialmente aplicado. A valorização das obrigações, bem como os juros a pagar pelos dois depósitos, deverão permitir que os clientes recuperem a totalidade dos seus investimentos.
Em causa está o facto de cerca de 7.000 emigrantes terem subscrito aplicações no valor total de 720 milhões de euros. Destes 7.000, mais de 3.500 já terão assinado os papéis de aceitação da proposta.
Esta não é, no entanto, a perceção do Movimento Emigrantes Lesados (MEL), que reagiu em comunicado às notícias hoje veiculadas pela comunicação social. Segundo o MEL, para desbloquear as poupanças é preciso que seja desbloqueado 50% do capital, “e não 50% dos lesados”. “E isto vale para cada um dos veículos, não pelo todo dos 720 milhões”, acrescenta, acusando o Novo Banco de estar a fazer “propaganda a cinco dias do fim do ultimato”.
A solução terá sido autorizada pelo Banco de Portugal, o que significa que terá que ser cumprida pelo vencedor da corrida à compra do Novo Banco, apesar da crescente contestação do Movimento de Emigrantes Lesados, que tem feito manifestações por todo o país.
*Artigo atualizado com o comunicado do Movimento Emigrantes Lesados.