Novo modelo de financiamento do ensino superior impõe limite de alunos
Governo defende que fórmula apresentada às universidades e politécnicos pode corrigir assimetrias no sector. Instituições ainda à espera de perceber impactos reais da proposta.
O pressuposto de que parte esta proposta é o de que existe, neste momento, um desequilíbrio na rede de ensino superior, com instituições demasiado grandes e outras que têm alunos a menos face ao dinheiro do Estado que recebem em cada ano. O MEC defende uma estabilização da rede, estabelecendo alguns mecanismos de desincentivo ao crescimento das universidades e politécnicos, introduzindo, por exemplo, um limite máximo de alunos admitidos. Deste modo, acredita a tutela que poderia canalizar estudantes para instituições com menor procura, ajudando a reduzir a assimetria actualmente existente.
Estes efeitos apenas se sentirão nas instituições no médio prazo. No imediato, o Governo antevê um período de adaptação, em que as universidades e politécnicos que recebem mais dinheiro do que o número de alunos inscritos vão perder algum do seu financiamento, sendo depois compensadas.
“Temos que perceber quais são os impactos desta proposta. O modelo apresentado pode parecer positivo, mas temos que conhecer os seus efeitos concretos”, defende o presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Politécnicos, Joaquim Mourato, que classifica como "complexo" o modelo que foi posto em cima da mesa esta terça-feira. Essa foi também uma das palavras usadas pelo presidente do Conselho de Reitores, António Cunha, para classificar a proposta da tutela, reputando-a também como “séria” e “consistente”. “É bastante mais do que uma fórmula de financiamento”, ilustrou o também reitor da Universidade do Minho.
Além do número de alunos, factor que actualmente define quase integralmente o financiamento estatal a cada instituição de ensino superior, a tutela quer também introduzir no modelo de cálculo os compromissos futuros assumidos por cada instituição – numa recuperação de uma ideia próximo da dos contratos de confiança previstos pelo ex-ministro Mariano Gago –, bem como de factores de qualidade, incluindo mudanças positivas na gestão das instituições e os resultados da sua interacção com o tecido económico e cultural de cada região. Essa lista de indicadores não está, porém, fechada: a proposta do MEC elenca um conjunto de hipóteses, sobre as quais as instituições têm agora que se pronunciar.
De resto, o documento de mais de 100 páginas que foi apresentado pelo secretário de Estado do Ensino Superior, José Ferreira Gomes, aos reitores das universidades e presidentes dos institutos politécnicos, foi descrito como uma primeira versão. Dentro de um mês, as instituições de ensino superior deverão voltar a reunir com a tutela para apresentar as sugestões de mudanças ao modelo agora apresentado, estando previsto um posterior momento de discussão pública da proposta.
A intenção de apresentar uma nova fórmula para o financiamento das instituições de ensino superior foi anunciada pelo Governo em Maio do ano passado e pretendia mesmo que ela estivesse definida a tempo de ser usada para calcular a dotação de cada instituição de ensino superior no Orçamento de Estado de 2015. No entanto, face ao atraso na sua definição, a data de entrada em vigor dos novos critérios foi atrasada por um ano.
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