O jovem de 15 anos de Ponte de Sor poderá ter sido agredido por um terceiro elemento. O padrasto de Rúben Cavaco admitiu esta terça-feira à agência Lusa que pode haver uma “terceira pessoa” envolvida na agressão — que já terá sido interrogada pelas autoridades –, além dos filhos do embaixador do Iraque em Portugal, que gozam de imunidade diplomática.

“Há quem diga que estava um a gravar tudo [a agressão], porque eles são três. Sei que já foi interrogado e ouvi dizer que já esteve na Polícia Judiciária (PJ), agora quem é não sei”, disse Marco Silva.

Rúben Cavaco foi agredido na última quarta-feira em Ponte de Sor e as suspeitas recaem sobre os filhos do embaixador, gémeos de 17 anos, que numa entrevista à SIC afirmaram que também eles foram agredidos e vítimas de comentários preconceituosos. A vítima da agressão acabaria por sofrer múltiplas fraturas e, no mesmo dia da agressão, foi transferido do centro de saúde local para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde permanece.

O padrasto disse, ainda, à Lusa que espera que “o Estado intervenha” e mostra-se “confiante” de que vá ser feita justiça. “Eu espero que o Estado intervenha, porque desde que tenham imunidade parece que se pode andar por aí a matar pessoas. Eu estou confiante que isto vai avante e eles têm de ser punidos pelo crime que cometeram”, defendeu. Sobre isso, os gémeos iraquianos afirmaram à SIC que colaboraram com a polícia e não invocaram imunidade diplomática.

Considerando a entrevista dada ao canal de televisão, Marco Silva afirmou que os dois irmãos “não estão arrependidos” e que as suas declarações são uma forma de prepararem a sua defesa. “Eles, ao não ligarem para a família [do Rúben], é porque não estão arrependidos do que fizeram. Eles [na entrevista] estão é a defender-se, a preparar a defesa deles, que é absurda. Ninguém por levar quatro ou cinco murros vai saltar a pés juntos para a cabeça de outro, com intenção de o matar”, afirmou.

Marco Silva lamentou ainda que os supostos agressores (ou qualquer membro do Governo) não tenham ligado para a família a inquirir sobre o estado de saúde do jovem de 15 anos, adiantando que o Presidente da República foi o único que o fez, ao ligar para o hospital.

Ainda esta terça-feira foi notícia que o embaixador do Iraque em Lisboa foi chamado de urgência a Bagdade, na sequência do caso de agressão. A embaixada do Iraque em Lisboa, por sua vez, não quer voltar a comentar enquanto o processo estiver em desenvolvimento.